Descrição de chapéu Financial Times

Amazon lança farmácia online nos EUA

Amazon Pharmacy vai oferecer descontos de até 80% em remédios genéricos para os assinantes do Prime

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Londres | Financial Times

A Amazon lançou um serviço online de entregas que oferece grandes descontos na compra de medicamentos vendidos com receita nos Estados Unidos.

A Amazon Pharmacy, que oferecerá descontos de até 80% em remédios genéricos para os assinantes do programa Prime que paguem compras sem recorrer aos seus planos de saúde, tanto em seu site quanto em mais de 50 mil drogarias físicas em todo o território americano, vai desafiar diretamente cadeias de varejo como a Walgreens e a CVS Health. O maior grupo de varejo online do planeta também está oferecendo descontos de até 40% sobre remédios de marca, anunciou a companhia em comunicado na terça-feira (17).

Logo da Amazon em uma loja física da Amazon em Nova York - Brendan McDermid/Reuters

A Amazon se aventurou no mercado de produtos farmacêuticos em 2018, ao pagar cerca de US$ 1 bilhão pela aquisição da PillPack, uma farmácia que vendia por reembolso postal. Mas sua mais recente jogada expande significativamente esses esforços.

“É extremamente desordenador”, disse Brent Thill, analista do banco Jefferies. “Não foi inesperado que eles comprassem a PillPack. Esse mercado é imenso. A Amazon já fez isso antes —identificar um mercado gigantesco cujos processos são absolutamente péssimos para o consumidor, e tornar as compras mais fáceis”.

O banco Morgan Stanley afirmou que entrar no setor de medicamentos abre um mercado que movimenta mais de US$ 300 bilhões ao ano, para a Amazon. “A natureza recorrente das compras de produtos farmacêuticos e o tamanho relativamente pequeno dos pacotes também podem se integrar bem às ordens logísticas existentes da Amazon e elevar o lucro bruto por embarque”, disse a instituição.

As ações de empresas concorrentes sofreram com a notícia. A Walgreens Boots Alliance registrou queda de mais de 9%, nas operações da tarde da terça-feira, e a CVS Health, maior operadora de drogarias dos Estados Unidos, caiu em 9%; a Rite Aid registrou queda de mais de 16%. As ações da GoodRx, uma empresa sediada na Califórnia que oferece parcerias para descontos em 75 mil farmácias americanas, registraram queda de 20%.

Estabelecer uma presença no mercado durante a pandemia ajudaria a Amazon, porque as vendas online de outros produtos, como mantimentos, cresceram rapidamente no período em que as pessoas estavam presas em casa. Ainda que remédios vendidos sob receita tenham ficado abaixo de outros produtos em termos de vendas online, os consumidores podem ser tentados pela conveniência de pedi-los na Amazon e desfrutar dos descontos disponíveis.

“Compreendemos a importância do acesso a medicamentos de preço acessível, e acreditamos que os membros do programa Prime encontrarão imenso valor no novo benefício de descontos em remédios vendidos sob receita pela Amazon”, disse Jamil Ghani, vice-presidente da Amazon Prime.

O serviço será lançado esta semana para os consumidores com idade superior a 18 anos em 45 estados americanos. Analistas advertem que o cumprimento das regras de fiscalização —especialmente sobre a armazenagem e transporte dos medicamentos— representará um grande obstáculo para a Amazon. A loja não está autorizada a entregar medicamentos da chamada “Schedule 2”, uma lista de restrições que inclui muitos opioides.

Charlie O’Shea, analista sênior de varejo da agência de classificação de crédito Moody’s, disse que a despeito de seu sucesso em desordenar diversos setores de bens de consumo, a Amazon enfrentaria desafios consideráveis em sua tentativa de desordenar o mercado das drogarias convencionais.

Os clientes que buscam remédios vendido sob receita tendem a ser leais às farmácias locais, em parte por conta da natureza delicada dos medicamentos. Eles também tendem a ser mais velhos, o que reduz a probabilidade de que façam compras online.

“Será muito mais difícil [para a Amazon] do que, por exemplo, vender bananas”, ele disse. “Há complicações nesse subsegmento que podem ser mais difíceis de resolver, do ponto de vista de relacionamento, do que em qualquer outro segmento do varejo”.

Mas ele acrescentou que “eu jamais desconsideraria a ameaça da Amazon. Eles podem gastar muito dinheiro e absorver uma perda pesada de margem de lucro”.

Tradução de Paulo Migliacci

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