Com venda de ações da Vale, BNDES lucra R$ 8,7 bilhões no terceiro trimestre

Resultado é mais de três vezes superior ao registrado no mesmo período de 2019

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Rio de Janeiro

Com a venda de ações da Vale, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro de R$ 8,7 bilhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 222% em relação ao verificado no mesmo período do ano anterior.

A operação, que movimentou R$ 8,1 bilhões, gerou para o BNDES um luro líquido de R$ 4 bilhões, contribuindo para metade do resultado do banco no trimestre, que teve impacto positivo também dos resultados de empresas nas quais o banco tem participação e da reversão de provisões contra calote.

Desconsiderando efeitos extraordinários, o lucro teria sido de R$ 2,4 bilhões, queda de 5% em relação ao terceiro trimestre de 2019.

No ano, o BNDES acumula lucro de R$ 13,7 bilhões, também com forte impacto da venda de ações. Em fevereiro, o banco realizou a maior oferta pública na bolsa brasileira desde 2010, vendendo R$ 23 bilhões em ações da Petrobras. Além disso, já se desfez de fatias na Suzano, Fíbria e grupo Rede, entre outros.

O programa de venda de ações é parte de uma estratégia do banco para reduzir os impactos da volatilidade das bolsas de valores sobre seu resultado. Foi apontado como uma das prioridades pelo presidente da instituição, Gustavo Montezano, em sua posse.

Ao fim do terceiro trimestre, a carteira de participações do BNDES valia R$ 71 bilhões, valor 37,8% menor do que o verificado no fim de 2019. Além das vendas de ações, a queda reflete também a desvalorização dos papéis após o início da pandemia.

No terceiro trimestre, houve crescimento nas operações de empréstimos do banco, diante das mudanças no programa de oferta de crédito emergencial a pequenas e médias empresas, que passou a ter garantias do Tesouro.

A carteira de crédito chegou a R$ 452 bilhões, 2,4% a mais do que no fim de 2019. O banco diz que já liberou R$ 136 bilhões em créditos emergenciais, atingindo 267 mil empresas.

Em entrevista para detalhar o balanço, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, destacou a oferta de empréstimos para pequenas e médias empresas, que era um problema no início da pandemia, diante da maior aversão ao risco pelos bancos privados.

O estoque de crédito a pequenas e médias subiu de R$ 560 bilhões para R$ 674 bilhões entre junho e setembro. "Isso mostra que o governo atuou bem, proveu liquidez para empresas e pessoas físicas", disse Montezano.

O banco prepara uma nova rodada do programa de suspensão de pagamentos de empréstimos, desta vez para apoiar empresas dos setores de edição, audiovisual, microcrédito, aeroportos e transporte metroviário. Ao todo, o BNDES já renegociou R$ 188 bilhões em dívidas.

Com relação a grandes empresas, segmento em que a estratégia era oferecer pacotes setoriais de socorro, Montezano disse que atualmente só a companhia aérea Gol ainda negocia ajuda. Azul e Latam buscaram opções privadas de financiamento.

Com a retomada da economia, os indicadores de inadimplência melhoraram. A inadimplência acima de 90 dias caiu de 0,84% no fim de 2019 para 0,18% no fim de setembro, retornando ao patamar de 2015.

Com a entrada de recursos para programas emergenciais, o valor devido pelo BNDES ao Tesouro chegou a R$ 213 bilhões, alta de 6,7% em relação ao encerramento de 2019. Em 2020, o banco suspendeu os pagamentos antecipados que vinha fazendo para ajudar o governo a resolver a crise fiscal.

Na entrevista, a diretora de Finanças do banco Bianca Nasser, disse que a retomada dos pagamentos em 2021 vai depender da evolução do cenário. "Estamos aguardando novas premissas, o comportamento da carteira, para ter robustez suficiente para definir cronograma de pagamentos antecipados de 2021."

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