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Fundador da BeeJobs montou negócio após sofrer racismo

Empresário Claudio Vinícius criou banco de talentos após perceber que teria carreira limitada em grupo global

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São Paulo

Para abrir o próprio negócio, Claudio Vinicius fez como muitos jovens empreendedores bem-sucedidos e largou uma potencial carreira de sucesso em uma grande empresa.

O motivo, no entanto, não se resumiu à ambição. Foi um episódio particular que o levou a pedir as contas: executivos da multinacional de software alemã SAP esqueceram o microfone ligado ao término de uma reunião virtual —anos antes de o meio ser a regra no trabalho. E assim Vinicius descobriu que não poderia ser negra a cara da empresa em uma conferência internacional.

“Entendi como se eu não tivesse beleza para esse negócio. Tinha o cabelo errado, a cor errada. Naquele momento ficou nítido que não importava o resultado, o quanto eu trabalhei, mas a cor da minha pele”, diz o empresário.

Cláudio Vinicius, fundador da BeeJobs, sentado em uma poltrona
Empresário Claudio Vinícius; sua plataforma tem hoje mais de 200 clientes - Divulgação

A percepção do que limitava seu crescimento levou Vinicius a pedir demissão e fundar em 2017 a BeeJobs, plataforma dedicada a promover transformação digital nos recursos humanos de pequenas e médias empresas.

O empreendimento consiste no uso de inteligência artificial para ajudar negócios a recrutar e selecionar candidatos.

“Nosso foco é 100% voltado para o empregador. O banco de talento não é exclusivo nosso, mas oferecemos o melhor software para ajudar no processo de recrutamento”, explica o presidente-
executivo da empresa.

A interface da BeeJobs dialoga com plataformas como o LinkedIn, a talent.com, e o empregos.com.br.

“Nosso grande diferencial está no nicho de atuação e em um software que trabalha com integração. O usuário deixa assim de perder tempo na busca e quem contrata tem um processo decisório facilitado.”

As vagas são, no geral, dedicadas à mão de obra das classes C, D e E. A startup tem hoje mais de 200 clientes em cinco países e soma 5 milhões de usuários. Ele mesmo se questiona se ainda merece o rótulo de startup, usado para empresas de base tecnológica com modelos de negócio inovadores.

Vinicius prefere se considerar a maior empresa de recursos humanos da América Latina voltada para a diversidade. “Levamos oportunidade de emprego para as pessoas, deixando essas vagas mais fortes e robustas”, diz.

Em julho, a startup captou R$ 20 milhões em sua primeira rodada de investimento série A, liderada pela Capital Indigo, uma venture capital mexicana.

O presidente-executivo diz ainda sentir, no entanto, diferença de tratamento em rodadas de investimentos.

“Já senti que tinha algo para além do meu CNPJ. Encontrei dificuldade para estabelecer relacionamentos, fazer com que investidores entendessem que eu era o cabeça, não tinha ninguém apadrinhando”, diz.

“Para muitos, não faz sentido você estar na posição em que está. Tive trajetória profissional como qualquer indivíduo, mas quando você não é dessa elite, você precisa explicar como chegou ali.”

Vinicius fez de sua experiência como empresário negro um valor da empresa. Inclusão e diversidade fazem parte da cultura organizacional.

“Meu objetivo é contribuir para que outros negros vençam. Já que esta questão está em pauta, que não seja modinha. O preconceito não pode ser barreira para limitar, mas combustivel para vencer.” ​

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