Descrição de chapéu juros inflação

Inflação é temporária, diz Banco Central

Campos Neto, porém, diz que luz vermelha está acesa pedindo a volta da disciplina fiscal

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Brasília | Reuters

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira (4) que a alta recente da inflação é temporária, e minimizou a duração de todas as frentes de pressão sobre os preços. No entanto, frisou que a instituição "obviamente" monitora o movimento.

Em entrevista ao canal do YouTube Me Poupe, ele reiterou que a inflação é influenciada especialmente pela elevação do dólar frente ao real, mas ponderou que essa contaminação é pouco expressiva quando se exclui a influência exercida pelos combustíveis.

Campos também citou o aumento de gastos dos brasileiros com o uso da poupança com alimentação no domicílio, bem como a alta no consumo de alguns produtos que foi gerada pelo auxílio emergencial.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Isac Nóbrega/PR

Na avaliação de Campos, os três itens já estão cedendo. “O uso da poupança foi circunstancial, e tende a diminuir porque as pessoas estão voltando à mobilidade", disse.

A transferência de renda via auxílio emergencial, que já caiu de R$ 600 para R$ 300, tem prazo para acabar. "A parte do câmbio, como o grosso é combustível, ao longo do tempo tende a voltar também”, afirmou.

Campos Neto reconheceu que pesa também a alta no preço de matérias-primas alimentícias, como consequência uma demanda maior por alimentos na Ásia.

"Mas isso tende a normalizar. As nossas safras previstas para março são maiores, então, o preço de alimentos deve voltar”, afirmou. “Entendemos que a inflação é temporária. Estamos obviamente monitorando.”

Em relação ao crescente temo de descontrole fiscais, Campos Neto voltou a fazer alertas sobre o que poderia ocorrer caso o país seguisse no rumo de uma elevação desenfreada das despesas públicas, sem cuidado com a sustentabilidade das contas públicas.

"Hoje temos uma situação de endividamento alto e entendemos, olhando a reação do mercado, dos agentes financeiros, é que há uma luz vermelha acesa dizendo: 'Olha, você passou desse ponto de inflexão, precisa voltar para a disciplina fiscal'".

Campos Neto reforçou o otimismo em relação ao Pix. Avalia que o mercado de pagamentos é muito amplo e que ainda há grande bancarização a ser feita no país.

Na visão do presidente do BC, o Pix pode afetar em parte transações com cartão de débito, ao passo que o cartão de crédito seguirá com sua função, mas em outros termos, com o desenvolvimento de novas alternativas.
"Temos, por exemplo, o Whatsapp começando agora com o P2P, [peer to peer, no caso, de um celular a outro] que é uma coisa separada, que não está no Pix. Temos o Google, que quer entrar no Brasil e fazendo pagamento também", disse Campos Neto.

Campos Neto participou recentemente de reunião com executivos do WhatsApp. A gigante de tecnologia ainda aguarda aval formal do BC para operar com pagamento por meio do aplicativo.

Após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter feito associação em falas recentes entre o Pix e um eventual imposto sobre transações, nos moldes da extinta CPMF, o presidente do BC afirmou que o sistema de pagamentos instantâneos não tem nenhuma relação com o imposto.

"O Pix não vai ser a única forma de pagamento, e a CPMF, se vier a existir, vai ser um imposto sobre todas as transações financeiras. Ou seja, vai incidir sobre outras transações que não são Pix", disse. "Pix não facilita nem atrapalha a entrada de um imposto como esse."

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