Morre aos 78 anos Raymundo Magliano Filho, presidente da Bolsa entre 2001 e 2008

Ele passou 50 dias internado por complicações causadas pela Covid-19

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São Paulo

Presidente da Bolsa de Valores entre 2001 e 2008, Raymundo Magliano Filho morreu nesta segunda-feira (11), aos 78 anos.

Ele sofria de asma e teve Covid-19. Magliano Filho ficou 50 dias internado no hospital Albert Einstein, na capital paulista.

Raymundo Magliano Filho, em foto tirada em 2004, quando ele era presidente da Bovespa - Eduardo Knapp-31.jul.04/Folhapress

Considerado um dos responsáveis pela popularização da Bolsa de Valores, Magliano foi presidente da Bovespa até 2008 –ano da fusão com a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), dando origem à B3.

Antes, de 1997 a 2000, ocupou o cargo de vice-presidente.

Magliano Filho também esteve à frente da Magliano Invest, a primeira corretora de valores registrada na Bovespa, fundada por seu pai no fim da década de 1920.

Nos anos 1970, sob a presidência de Magliano Filho, a corretora firmou sociedade com a montadora Fiat e abriu filiais em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG).

Nos anos 1980, a corretora chegou ao auge, com 468 funcionários.

Hoje, ela está sob o comando de Raymundo Magliano Neto, seu filho. Em julho de 2020, o banco Neon comprou as licenças da Magliano Invest, que já havia transferido seus clientes para a Guide Investimentos.

Magliano Filho foi um defensor da democratização da Bolsa de Valores e buscou desmistificar a ideia de que investir seria apenas para a elite.

Em sua última entrevista à Folha, em 2019, ele defendeu que a educação financeira dos brasileiros também é uma responsabilidade da B3.

“A imagem de casa de jogo, coisa de risco, ainda não se dissipou e isso depende do esforço da Bolsa de se aproximar da população. Mas isso não muda rápido, especialmente o valor cultural.”

Para Magliano Filho, a aplicação em ações na Bolsa de Valores teria que ser vista como uma forma de inclusão social, com a distribuição de dividendos —lucro das empresas repartido entre os acionistas.

Em nota, a B3 disse que a morte de Magliano Filho é motivo de luto profundo.

"Perdemos hoje um dos nossos fundadores, um dos pioneiros do mercado de capitais e uma das pessoas que mais incansavelmente nos ajudaram a transformar, inovar e nunca perder o espírito de quem aprende."

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, destacou o esforço de Magliano Filho na popularização do mercado de capitais.

O ex-presidente da Bolsa foi criador, no início dos anos 2000, do programa "Bovespa Vai até Você", que pretendia atrair pessoas físicas para esse mercado.

“Não há demonstração mais inequívoca do legado e do profundo reconhecimento que devemos ao dr. Magliano Filho do que o fato de a B3 ter hoje 3 milhões de investidores pessoas físicas no mercado de capitais. Ele plantou a semente da democratização e do acesso à Bolsa e não há orgulho maior para nós do que ajudar a colher esses frutos”, disse Finkelsztain, no comunicado.

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