Descrição de chapéu Camex

Governo reduz em 10% imposto de importação sobre eletroeletrônicos e máquinas

Medida adotada pela Camex alcança 1.495 produtos, incluindo celulares e computadores

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Brasília

O governo anunciou nesta quarta-feira (17) uma redução de 10% no imposto de importação sobre produtos de informática, telecomunicações e bens de capital (máquinas e equipamentos).

De acordo com o Ministério da Economia, a medida, que inclui celulares e computadores, vai reduzir o custo de equipamentos usados pelo setor produtivo, além de baratear itens de consumo em geral.

A decisão, tomada em reunião do Comitê-Executivo de Gestão da Camex (Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia), alcança 1.495 produtos que não dependem de negociação com os demais membros do Mercosul.

Cinco iPhones, da Apple, expostos em bancada
Telefones celulares expostos em loja de Shangai, na China - Aly Song - 23.out.20/Reuters

De acordo com o Ministério da Economia, a medida deve gerar uma renúncia anual de arrecadação de US$ 250 milhões (aproximadamente R$ 1,4 bilhão).

O corte nas alíquotas começa a valer sete dias após a publicação da resolução, o que deve ser feito nesta quinta-feira (18).

Atualmente, essas taxas variam de zero a 16%. Com a redução, uma máquina que hoje paga 10% de imposto, por exemplo, passará a pagar 9%.

Um produto com imposto de 16%, como é o caso de celulares e notebooks, passará a ser cobrado com alíquota de 14,4%.

Além disso, todos os itens que possuem alíquota de 2% terão a cobrança zerada.

Também serão reduzidas as tarifas de produtos como guindastes, escavadeiras, empilhadeiras, locomotivas, contêineres e máquinas para panificação e para fabricação de cerveja.

O secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Roberto Fendt, afirmou que o governo não vai "repetir erros do passado" e não avalia conceder benefícios para setores específicos, mas sim promover uma abertura linear da economia.

“A abertura deve abordar todos os setores e deve ser gradual. Não há nenhuma razão para que haja um choque na economia. Ela deve ser lenta, segura e previsível”, disse.

Pelas projeções da pasta, a medida tem potencial para adicionar R$ 150 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro ao longo de 15 anos. No mesmo período, o ministério acredita que a medida pode estimular a criação de 20 mil empregos.

José Velloso Dias Cardoso, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), afirma que faltou previsibilidade na medida. O mercado do setor pode ser afetado porque a redução de tarifa dos importados reduz a competitividade relativa de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil.

Segundo ele, o governo não comunicou o setor com antecedência, tendo apenas aventado o assunto em uma reunião com a Coalizão da Indústria (grupo que reúne representantes de vários setores) no mês passado.

Ele afirma que não reclama da abertura comercial, mas do fato de a medida ter sido direcionada ao setor em um momento em que a indústria está sob pressão de custos, com preços de insumos subindo até 35% em 12 meses (por fatores como o patamar do câmbio), e sem que as tarifas sobre esses bens tenham sido alteradas.

"Eles nos pegam em uma situação muito difícil de aumento de custo de matéria-prima. E não foi transversal, porque não mexeu [em tarifas dos] nossos insumos. A redução da alíquota sem reduzir nossos insumos é escolha de perdedores", afirma.

Para Velloso, a decisão poderia esperar a próxima reunião do Mercosul para verificar se há disposição dos outros países do bloco para baixar a TEC (Tarifa Externa Comum) como um todo, tema em discussão. Segundo ele, empresas do setor estão com margens apertadas e operando até no vermelho.

"Não podemos repassar os custos em função da maior concorrência externa, sobretudo da China. Nossos principais concorrentes são máquinas chinesas e americanas", afirma.

​Questionado sobre as reclamações do setor, o secretário especial de comércio exterior disse que a equipe econômica vem dialogando com empresários e que o plano de redução tarifária estava inclusive no plano de governo do presidente Jair Bolsonaro.

Fendt afirma que a redução da tarifa de importação anunciada nesta quarta é pequena e não coloca em risco a indústria nacional.

"Não posso crer que uma redução tão pequena possa ameaçar a solidez das empresas. Além disso, as recentes desvalorizações cambiais criaram um colchão de proteção para toda a atividade econômica do país", disse.

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