Descrição de chapéu Financial Times

Reabertura do canal de Suez pode demorar semanas

Dragas chegaram nesta quinta para ajudar a desencalhar o Ever Given, navio que ficou atravessado no canal

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David Sheppard Heba Saleh
Londres e Cairo | Financial Times

As equipes de resgate alertaram que o Canal de Suez pode continuar bloqueado por um gigantesco navio porta-contêineres por “semanas”, o que gera temores de perturbações significativas no comércio mundial.

Dragas chegaram na quinta-feira (25) para ajudar a desencalhar o Ever Given, um navio com 220 mil toneladas de deslocamento, que ficou atravessado no canal durante uma tempestade de areia na terça-feira (23), e a Boskalis, uma empresa de salvamento marinho envolvida no resgate, comparou a operação a tentar libertar uma baleia encalhada na praia.

“Quanto mais firmemente o navio estiver preso, mais tempo a operação vai demorar”, disse Peter Berdowski, presidente-executivo da Boskalis, em uma entrevista ao “Nieuwsuur”, um programa de TV na Holanda. “Pode demorar dias ou semanas. Trazer todo o equipamento de que precisamos não acontecerá do dia para a noite."

O Ever Given, um dos maiores navios porta-contêineres do planeta, é operado pela Evergreen, uma companhia de Taiwan. O navio transporta centenas de milhares de toneladas de cargo, e a posição em que ele se encontra indica que a proa e a popa estão firmemente encalhadas nas margens mais rasas da ponta sul do canal.

Há cerca de 100 navios parados dos dois lados do bloqueio, esperando para passar.

John Glen, economista do Chartered Institute of Procurement & Supply, disse na quinta-feira (25) que uma paralisação prolongada do tráfego pelo canal pode causar desordenamento sério nas cadeias de suprimento do Reino Unido e de outros países.

“Se os bens tiverem de ser desviados pela rota ao redor da África em função do bloqueio, isso pode estender em até 10 dias o tempo para entrega às empresas britânicas”, disse Glen. “Caso isso aconteça, inevitavelmente surgirá escassez de certos bens e inflação nos preços ao consumidor."

Em períodos normais, o Canal de Suez recebe mais de 10% do tráfego mundial de comércio marítimo, e uma proporção semelhante dos embarques de petróleo, e representa a rota marítima mais rápida entre a Europa e a Ásia.

Os preços do petróleo foram ajudados pelo bloqueio, já que longas filas de petroleiros se formaram nas duas entradas do canal esperando pela remoção do navio porta-contêineres. O petróleo cru padrão Brent, a referência internacional para a commodity, subiu em quase 5%, para US$ 63 por barril, desde que o canal fechou.

A consultoria de energia Wood Mackenzie afirmou que., embora o maior impacto fosse sobre os navios porta-contêineres –que responderam por 50% das embarcações que atravessaram o canal em fevereiro–, pelo menos 16 navios carregados de petróleo cru e derivados estavam parados por conta do acidente.

A Suez Canal Authority indicou na quinta-feira que suas expectativas quanto ao desencalhe do navio também se alongaram.A organização afirmou que autorizou 13 navios a ingressar no canal pela ponta norte na quarta-feira, “de acordo com as projeções [iniciais] quanto ao tempo que seria necessário para remover o bloqueio”.

Mas esses navios agora terão de ancorar na área dos Bitter Lakes, no meio do canal, e toda navegação adicional pela via está suspensa, anunciaram as autoridades.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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