Antecipação da vacinação eleva projeção do PIB em São Paulo, diz Meirelles

Secretário de Doria mantém expectativa sobre terceira via para eleição em 2022

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São Paulo

A antecipação da vacinação contra a Covid-19 em São Paulo, anunciada no domingo (13), levou o governo estadual a recalcular o crescimento da economia em 2021. A projeção da equipe de João Doria (PSDB) para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) do estado foi de 6% para mais de 7%. No cenário mais positivo, chegaria a 7,5% segundo as estimativas.

"Estávamos entre 6% e 7%, com a margem que dependia do ritmo da vacinação. Agora, entramos na linha acima de 7%. É confortável projetarmos crescimento ao redor de 7,5%", afirma Henrique Meirelles, secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo.

O estado contabilizava na sexta (17) 41,1% da população adulta vacinada com a primeira dose, ante 37,5% na média brasileira.

O governo do tucano anunciou a antecipação em 30 dias de todo o cronograma de imunização. O plano é que todos os residentes do estado recebam pelo menos a primeira dose da vacina até 15 de setembro.

Henrique Meirelles, secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo; ele acredita na possibilidade de terceira via para 2022
Henrique Meirelles, secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo; ele acredita na possibilidade de terceira via para 2022 - GOVSP

Meirelles não descarta que atrasos em outros estados possam prejudicar o crescimento de São Paulo, mas minimiza esse efeito. Segundo ele, a aceleração do cronograma local de vacinas influencia de forma direta e positiva a confiança, melhorando a expectativa em relação à economia. Isso tem efeito direto, diz, sobre a rotina das empresas, que passam a aumentar encomenda de produtos, fazer investimentos e até retomar contratações de pessoal.

"O primeiro setor que deve reagir é o comércio, e o setor de serviços já começa a demonstrar uma reação sólida. Demorou mais a subir, mas é o que reage mais fortemente à vacinação", afirma.

Além da onda de fechamento de pequenos negócios, de bares e restaurantes, um dos segmentos mais afetados pela crise, grandes fábricas instaladas no estado também demitiram em massa durante a pandemia. Foi o caso de LG e Ford, por exemplo, ambas situadas em Taubaté.

Para o secretário, o plano de investimento de outras montadoras tende a recuperar parte dos empregos perdidos. Ele aposta fichas na Volkswagen, que vai planejar um novo carro e exportá-lo a partir de São Bernardo do Campo. Também tem boas expectativas em relação a Toyota, Scania e, especialmente, na General Motors —que prevê investimento de R$ 10 bilhões em dois anos. "Vai gerar uma quantidade de emprego muito superior à da Ford."

Em outubro, o governo lançou um plano de retomada para este e o próximo ano com 19 concessões e parcerias público-privadas —que já haviam sido anunciadas— para atrair R$ 36 bilhões em investimentos no biênio e gerar 2 milhões de empregos em quatro anos.

Meirelles afirma que, paralelamente, o governo investe na qualificação de mão de obra nos chamados polos de desenvolvimento regionais —14 regiões do estado escolhidas para desenvolverem atividades econômicas específicas.

O trem São Paulo/Campinas, projeto que demanda o maior aporte dentro do plano de recuperação —US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 7 bilhões) em investimentos—, ainda está em fase de estudos técnicos e jurídicos. O edital de licitação internacional deve ser divulgado em setembro.

"Por enquanto, já temos projetos em andamento, como as licitações de estradas litorâneas, vicinais e de linhas do metrô, como a linha 2", diz.

As conversas com investidores internacionais continuaram mesmo durante a pandemia. Os encontros virtuais foram mantidos após viagens do secretariado e de Doria a países da Europa, China, Japão e Estados Unidos antes da crise de Covid. Segundo Meirelles, foi preciso dialogar com estrangeiros para que entendessem que as preocupações com o Brasil e a gestão de Jair Bolsonaro não se aplicam em São Paulo.

"Entenderam a grande autonomia federativa do Brasil, porque isso não é óbvio em outros países. A condução da vacinação é um exemplo concreto neste momento, a regulamentação de concessões, também estadual, as leis", diz. "Lá fora preocupa muito a questão da Amazônia, mostramos que em São Paulo a política é amplamente diferente."

Para as eleições do próximo ano, Meirelles, que foi presidente do Banco Central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministro da Fazenda durante a gestão de Michel Temer, mantém a aposta na terceira via, desacreditada por grande parte dos analistas políticos, que enxergam um único embate de força, entre o petista e Bolsonaro.

"Muitos fatores ainda não são levados em conta, como a vacina. Esse é um tema de alto impacto, e não há dúvida de que Doria é o homem das vacinas". O tucano concorre nas prévias do PSDB.

O secretário diz que tudo pode mudar à medida que o quadro eleitoral for definido e que Bolsonaro e Lula são candidatos com alto índice de rejeição, o que pode favorecer um nome alternativo.

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