Descrição de chapéu Financial Times

Credit Suisse luta para conter êxodo, depois da saída de executivo importante nos EUA

Após crises, banco enfrenta onda de demissões em diversas áreas

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James Fontanella-Khan Stephen Morris Arash Massoudi
Nova York e Londres | Financial Times

O principal executivo da área de fusões e aquisições do Credit Suisse nos Estados Unidos deixou o cargo, na mais recente deserção de um empregado sênior do banco suíço, depois de uma série de escândalos que destruíram o moral dos funcionários.

Greg Weinberger, que comandava as operações de fusão e aquisição do Credit Suisse desde 2019, vai trabalhar para o Morgan Stanley, dentro de alguns meses, disseram pessoas diretamente informadas sobre o assunto. Ele estava no Credit Suisse há mais de 25 anos.

O Credit Suisse e o Morgan Stanley se recusaram a comentar sobre a situação, que foi noticiada inicialmente pelo The Wall Street Journal.

Sede do Credit Suisse em Zurique, na Suiça - Arnd Wiegmann - 18.abr.2021/Reuters/File Photo

Depois que surgiu a notícia da saída de Weinberger, nesta quarta-feira (16), o Credit Suisse anunciou a nomeação de Steven Geller, de seu escritório em Nova York, e Cathal Deasy, de seu escritório em Londres, como copresidentes mundiais de suas operações de fusão e aquisição, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto. David Wah, que ocupava um posto importante na área de tecnologia do banco, vai se tornar presidente mundial de assessoria.

A saída de Weinberger, que assessorou em transações de diversas grandes empresas americanas, como a Chevron, se segue a uma onda de demissões em diversas áreas do banco, depois de um par de crises envolvendo a Archegos Capital e a Greensill Capital.

No começo do ano, a principal unidade de corretagem do banco, que atende fundos de hedge, sofreu prejuízos de pelo menos US$ 5,5 bilhões com o colapso da administradora familiar de investimentos de Bill Hwang, a Archegos. Financistas que não estavam envolvidos na situação ficaram furiosos porque, se não fosse por isso, o Credit Suisse teria reportado seu melhor trimestre em pelo menos uma década, empurrado pelos mercados de capitais e pelas atividades de assessoria a fusões e aquisições.

Essa perda operacional se seguiu ao fechamento pelo Credit Suisse de fundos de financiamento a cadeias de suprimento em valor de US$ 10 bilhões. Os fundos estavam ligados à Greensill Capital, um grupo financeiro insolvente. Isso pode ter custado até US$ 3 bilhões e está sendo investigado por autoridades regulatórias do mundo inteiro.

Como resultado, Brian Chin, que comandava o banco de investimento do Credit Suisse, deixou o banco, assim como Lara Warner, vice-presidente de risco e de fiscalização. Os líderes da principal unidade de corretagem do banco também foram demitidos.

O novo presidente do conselho do banco, António Horta-Osório, prometeu reduzir o tamanho do banco de investimento, reformar sua cultura e moderar as atividades de risco. A perspectiva de novos cortes e de uma mudança de estratégia levou muitos executivos a saírem à procura de empregos, disseram diversas pessoas que trabalham na instituição suíça.

Diversos bancos de investimento de Wall Street, tanto grandes empresas quanto companhias especializadas, disseram ao Financial Times que contrataram financistas do Credit Suisse, ou foram sondados por eles. Um executivo que deixou o banco recentemente disse que “ninguém quer ficar lá para apagar a luz”.

Entre as saídas de profissionais importantes desde que estouraram os dois escândalos está a do principal assessor ao setor de serviços financeiros do Credit Suisse, Alejandro Przygoda, que foi contratado pelo Jefferies e levou diversos integrantes de sua equipe. Dois executivos importantes da divisão de varejo do banco, Andrew Conway e Charles Hadid, saíram na semana passada, para o Bank of America e Morgan Stanley, respectivamente.

O Barclays contratou Ihsan Essaid, que assessorava transações nas áreas de tecnologia e mídia, e assumirá o comando da área de fusões e aquisições do banco britânico nas Américas.

Ao longo dos últimos 10 anos, o Credit Suisse construiu um negócio volumoso no setor de fusões e aquisições, assessorando os participantes de diversas grandes transações, entre as quais a aquisição do grupo de energia americano Noble pela Chevron, por US$ 13 bilhões, e a aquisição da corretora online americana TD Ameritrade pela Charles Schwab, por US$ 26 bilhões.

Para tentar manter profissionais importantes, o Credit Suisse está oferecendo bonificações de retenção, de acordo com diversas pessoas informadas sobre os detalhes.

Mas isso provocou ainda mais inquietação dentro do banco porque as ofertas não foram generosas o bastante e foram apresentadas a poucas pessoas; diretores executivos e líderes de equipe foram priorizados, em detrimento de pessoal de escalões mais baixos, disseram as fontes.

As ações do Credit Suisse caíram em 16% este ano, ante altas de 32% no Morgan Stanley e de 15% no rival suíço UBS —o que representa um novo abalo para o pessoal, que viu queda no valor de seus pagamentos de incentivo vinculados a ações.

Tradução de Paulo Migliacci

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