Dólar chega a operar abaixo de R$ 5, mas fecha em alta

Ibovespa também tem pregão volátil, com queda de 0,6%

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São Paulo

O dólar teve um pregão volátil ante o real nesta quarta-feira (16), marcada pelas decisões de políticas monetárias no Brasil e nos Estados Unidos.

A expectativa de uma Selic mais alta levou o dólar a cair para R$ 4,9930 na mínima do pregão. Esta é a primeira vez que a moeda é cotada abaixo de R$ 5 desde 10 de junho de 2020. O comunicado do Fed (banco central americano), porém, fortaleceu a moeda americana ante o real, terminando o pregão em alta de 0,35%, a R$ 5,06. O dólar turismo está a R$ 5,217.

Cédula de um dólar
Dólar sobe para R$ 5,06 nesta quarta (16) - Gabriel Cabral/Folhapress

A maioria dos membros do Fomc (comitê de política monetária do Fed) passaram a ver em 2023 a alta dos juros pós-pandemia nos EUA, contrariando a expectativa do mercado. Na última reunião, a expectativa era de alta em meados de 2024.

Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a fortalecer a moeda americana globalmente, pois enfraquece o carry trade, prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e dos juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país —no caso, os Estados Unidos— para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior, como o Brasil.

No exterior, o DXY, índice do dólar que acompanha a moeda contra as principais divisas subiu 0,65%, a 91,129 pontos, perto do fim do pregão, nível mais alto desde maio.

Rafael Ribeiro, analista da Clear, classifica a mudança ​da perspectiva da política monetária como brusca.

"Esse endurecimento no discurso pode ser explicado pela expectativa de inflação, que aumentou de 2,4% para 3,4% este ano, sempre lembrando que a meta de inflação nos EUA está em 2%. Vale destacar que sete membros do Fomc recomendam alta já no ano que vem para evitar um contágio maior na economia", diz Ribeiro.

Durante entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu pela primeira vez que a inflação pode acabar sendo mais intensa, em vista das commodities, e mais persistente frente ao que o Fed havia projetado.

Por agora, o Fed manteve sua principal taxa de juros inalterada, na faixa de zero a 0,25%, onde ela está desde o começo da pandemia, e suas aquisições de ativos em US$ 120 bilhões por mês.

Por outro lado, a estimativa dos dirigentes para o PIB (Produto Interno Bruto) aumentou com a vacinação no país para 7%, ante uma previsão de 6,5% em março, com o índice de desemprego caindo a 4,5%, em linha com as projeções anteriores. A inflação subjacente deve ser de 3% este ano, bem acima da previsão de 2,2% em março, antes de recuar a 2,1% em 2023.

Os três principais índices acionários de Wall Street fecharam em queda com a perspectiva de juros mais altos.

O Dow Jones recuou 0,77%, o S&P 500 perdeu 0,54%, e o Nasdaq desvalorizou-se 0,24%.

O Ibovespa acompanhou e fechou em queda de 0,63%, a 129.259,49 pontos.

Segundo analistas, também pesou no mercado informações de agências de notícias internacionais de que estatais chinesas receberam ordens para venderem seus estoques de matérias-primas e para informar suas posições em contratos futuros de commodities para evitar especulações, uma vez que poderiam segurar seus estoques para inflar os preços.

A Vale recuou 3%, com o setor de mineração e siderurgia como um todo fechando em queda, na esteira da baixa dos preços futuros do minério de ferro na China, também impactado pelo aumento nos embarques de grandes países fornecedores.

A Embraer teve baixa de 4,4%, numa correção, após fechar a terça na máxima desde janeiro de 2019. Os papéis acumulam elevação de 18,29% no mês e de 130,96% no ano.

Banco Inter avançou 5,49%, ensaiando uma recuperação, após recuar 8,75% no mês até a véspera. Na véspera, o banco digital anunciou detalhes para uma oferta de units, que deve ter seu resultado na próxima semana.


(Com Reuters)

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