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Martin Wolf seleciona livros de economia para o segundo semestre

Pandemia e relação entre dinheiro e felicidade estão entre as indicações do colunista do Financial Times

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Martin Wolf
Financial Times

​Abordagens econômicas para a pandemia de Covid-19, inovação e a relação entre dinheiro e felicidade são alguns dos temas tratados nos livros indicados por Martin Wolf, comentarista-chefe de economia do jornal britânico Financial Times, para o segundo semestre.

Veja abaixo as obras sugeridas por Wolf, seguidas pelos comentários do colunista.

The Power of Creative Destruction: Economic Upheaval and the Wealth of Nations
[O poder da destruição criativa: revolução econômica e a riqueza das nações]
por Philippe Aghion, Céline Antonin e Simon Bunel, traduzido por Jodie Cohen-Tanugi, Belknap Press, ed. Belknap Press (400 págs), R$136,59 (ebook)
Neste importante livro, Aghion, do Collège de France e da London School of Economics, e dois colaboradores esclarecem a pesquisa sobre a ideia seminal de Joseph Schumpeter de "destruição criativa". Esta se apoia em três fundamentos: primeiro, "a inovação e a difusão do conhecimento estão no cerne do processo de crescimento"; segundo, "os inovadores são motivados pela possibilidade de monopólio lucrativo"; e, finalmente, a inovação ameaça os agentes atuais, que lutarão para impedi-la.

Imagem de 16 livros selecionados por Martin Wolf
Martin Wolf seleciona livros de economia para o segundo semestre - Divulgação

Economics in One Virus: An Introduction to Economic Reasoning through Covid-19
[A economia em um vírus: introdução ao raciocínio econômico por meio da Covid-19]
por Ryan Chuck Collins, ed. Polity (240 págs), R$ 96,67
Neste excelente livro, Bourne, do Cato Institute, defensor do livre mercado, aplica ideias econômicas às questões levantadas pela pandemia. Entre outros tópicos, ele esclarece externalidades, as relações entre comportamento privado e políticas públicas, análise de custo-benefício, pensamento marginal, tomada de decisões sob incerteza, compensações regulatórias, o valor do comércio, como a política determina quem é socorrido e por que estávamos despreparados para um perigo tão amplamente reconhecido.

Innovation in Real Places: Strategies for Prosperity in an Unforgiving World
[Inovação em lugares reais: estratégias para prosperidade em um mundo implacável]
por Dan Breznitz, Oxford University Press (288 pág.), R$ 147,79
Neste livro fascinante, Breznitz, professor da Escola Munk da Universidade de Toronto, afirma que a inovação é "a única maneira de garantir crescimento econômico e bem-estar humano sustentados, em longo prazo". Mas, crucialmente, "inovação não é invenção, tampouco a alta tecnologia e a criação de novas tecnologias e dispositivos". É "o processo completo de adotar novas ideias e conceber produtos e serviços novos ou aprimorados". Este catolicismo oferece percepções fascinantes.

Value(s): Building a Better World for All
[Valor(es): construindo um mundo melhor para todos]
por Mark Carney e William Collins, ed. PublicAffairs (608 págs.), R$ 154
Carney, ex-presidente do Banco da Inglaterra, escreveu um livro surpreendente. Ele começa enfatizando a distinção entre uma economia de mercado e uma sociedade de mercado. Em seguida, discute como três crises --a crise financeira global, a crise da Covid-19 e a crise climática-- nos desafiam. Por fim, é um apelo ao reconhecimento do valor dos valores, entre os quais estão "responsabilidade, justiça, integridade, dinamismo, solidariedade e resiliência".

The Wealth Hoarders: How Billionaires Pay Millions to Hide Trillions
[Os acumuladores de riqueza: como bilionários pagam milhões para esconder trilhões]
por Chuck Collins, ed. Polity (240 págs), R$ 96,67
Neste livro fascinante, Collins, um homem que doou uma fortuna herdada, descreve em detalhe a teia de proteções legais --paraísos fiscais, fundos, empresas de fachada e até fundações de caridade-- construída por membros inteligentes e sem princípios da indústria de defesa da riqueza, para proteger vastas fortunas, que são frequentemente o produto de fraude, corrupção e simples banditismo. Leia e chore.

An Economist’s Lessons on Happiness: Farewell Dismal Science!
[Lições de um economista sobre a felicidade: adeus, ciência tristonha]
por Richard A. Easterlin, ed. Springer (179 págs.), R$ 49,29 (ebook)
O dinheiro compra felicidade para você? Easterlin, o avô da "economia da felicidade", há muito argumenta que não. Ele também insiste que podemos medir a felicidade e, depois disso, é função do governo promovê-la, e não a renda nacional. Esta é uma ideia cada vez mais amplamente compartilhada. Mas é importante notar que, de acordo com o Relatório da Felicidade Mundial, os países mais felizes são todos democracias ocidentais prósperas.

Religion and the Rise of Capitalism
[Religião e a ascensão do capitalismo]
por Benjamin M. Friedman, ed. Knopf (589 págs.), R$ 125,14 (ebook)
Friedman, de Harvard, aborda a relação entre religião e a ascensão do capitalismo, sobre a qual escreveu o sociólogo alemão Max Weber no início do século 20. Friedman apresenta dois pontos particularmente importantes: primeiro, a crença religiosa do século 18 na possibilidade de aperfeiçoamento na terra impregnou a ciência econômica inicial; e, segundo, a ideia de que o socialismo (ou, pior, o comunismo) era simultaneamente hostil ao cristianismo e ao capitalismo criou a poderosa aliança ideológica vista no conservadorismo americano contemporâneo.

Rescue: From Global Crisis to a Better World
[Resgate: da crise global para um mundo melhor]
por Ian Goldin, ed. Sceptre (272 págs), R$ 46,7 (ebook)
Goldin, da Universidade de Oxford, argumenta que antes da pandemia o mundo estava indo para o inferno em um carrinho de mão: desigualdade crescente, populismo em ascensão e desastre ambiental. Mas a catástrofe compartilhada da pandemia pode nos resgatar. "A tarefa agora", diz ele, "é transformar as respostas reativas às emergências sanitária e econômica em um conjunto proativo de políticas e ações para criar um mundo inclusivo e sustentável de prosperidade compartilhada." É uma visão otimista. Vai acontecer?

#We Are Rent: Capitalism, Cannibalism and Why We Must Outlaw Free Riding
[#Nós Somos Renda: capitalismo, canibalismo e por que devemos proibir as viagens grátis]
por Fred Harrison, ed. Land Research Trust (238 págs) R$ 15,25 (ebook)
Como um dos principais devotos contemporâneos de Henry George, Harrison é, diferentemente de outros que assim se consideram, um pensador genuinamente heterodoxo. Um influente escritor do século 19, George enfatizou os terríveis resultados da privatização da terra, que criou uma classe de parasitas extratores de renda. Harrison tem a mesma ideia subjacente, mas a amplia. A busca de renda é o grande destruidor de civilizações, ele argumenta. E não está errado.

Noise: A Flaw in Human Judgment
[Ruído: uma falha no julgamento humano]
por Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein, ed. Little, Brown and Company (386 págs.), R$ 58,81 (ebook)
O ganhador do Nobel Kahneman é coautor com Sibony, da HEC Paris, e Sunstein, de Harvard, de um livro fascinante sobre "ruído", definido como "a indesejável variabilidade de opiniões, e há demais delas". Ruído é o que resta quando o preconceito foi eliminado. É "a variabilidade das opiniões que deveria ser idêntica". O ruído cria erros, às vezes de enorme magnitude. É difícil eliminá-lo. Mas podemos tentar. Primeiro, porém, devemos reconhecer sua importância.

Freedom from the Market: America’s Fight to Liberate Itself from the Grip of the Invisible Hand
[Liberdade do mercado: a luta da América para se libertar da mão invisível]
por Mike Konczal, ed. New Press (256 págs), R$ 94,90 (ebook)
Os Estados Unidos e, em grau muito menor, outras democracias de alta renda estão no meio de uma daquelas batalhas históricas sobre o papel e os limites dos mercados, como estiveram na década de 1930 e novamente na década de 1980. Konczal, do Instituto Roosevelt, é um dos guerreiros nessa luta, defendendo firmemente a necessidade de se definir limites muito mais estreitos para o que é deixado a cargo dos mercados do que vem acontecendo nas últimas décadas. Uma polêmica poderosa.

The Next Money Crash — And a Reconstruction Blueprint
[A próxima crise financeira – e um plano de reconstrução]
por Uli Kortsch (ed.), ed. Universe (432 págs), R$ 42,90 (ebook)
Esta coletânea de ensaios parte de um ponto simples e inquestionavelmente correto: nosso sistema monetário, construído sobre a dívida gerada por empresas privadas com fins lucrativos, é fundamentalmente frágil. Para remediar essa fragilidade, ele exigiu cada vez mais apoio e regulamentação por parte dos governos e bancos centrais. Isto gera um enorme risco moral e, portanto, incentiva a criação de cada vez mais dívida. Precisamos de um sistema melhor. Este livro explica por que e como isso pode finalmente acontecer.

Mission Economy: A Moonshot Guide to Changing Capitalism
[Missão economia: um guia inovador para mudar o capitalismo]
por Benjamin M. Friedman, ed. Knopf (589 págs.), R$ 125,14 (ebook)
Este livro, escrito por uma pensadora influente, trata de um tema importante em um momento em que a confiança na direção dos governos aumentou muito em relação à confiança na concorrência descentralizada nos mercados. Mazzucato recomenda a inovação orientada para objetivos como o caminho para o mundo seguir. Pessoalmente, sou muito cético. Mas outros precisam tomar suas próprias decisões sobre esses importantes argumentos.

Bettering Humanomics: A New, and Old, Approach to Economic Science
[Melhorando a humanomia: uma nova, e velha, abordagem para a ciência econômica]
por Deirdre Nansen McCloskey, ed. University of Chicago Press (144 págs), R$ 140,62 (ebook)
McCloskey é uma figura única na ciência econômica. Neste pequeno livro, ela resume seu credo: simplesmente, os seres humanos não são máquinas. Uma ciência social, a economia, deve abraçar as ciências humanas, que estudam o que os humanos pensam sobre si mesmos. Foram nossas ideias, e não as instituições ou a tecnologia, que criaram o mundo moderno. Em suma, "precisamos de uma economia melhor, uma humanomia aprimorada, uma economia com os humanos dentro dela".

What We Owe Each Other: A New Social Contract
[O que devemos uns aos outros: um novo contrato social]
por Minouche Shafik, ed. The Bodley Head (240 págs), R$ 74,33 (ebook)
Shafik é uma insider que se tornou radical. Ela é diretora da London School of Economics e anteriormente ocupou cargos importantes no Banco Mundial, no Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, no FMI e no Banco da Inglaterra. Neste livro inteligente e lúcido, ela pede um novo contrato social baseado em três princípios: segurança para todos; investimento em capacidade; e compartilhamento eficiente e justo de riscos.

How China Escaped Shock Therapy: The Market Reform Debate
[Como a China escapou da terapia de choque: o debate sobre a reforma do mercado]
por Isabella M. Weber, ed. Routledge (358 págs), R$ 194,89 (ebook)
O progresso da China foi a história econômica transformadora das últimas quatro décadas. Mas por que a China adotou sua estratégia incremental de "reforma e abertura"? A alemã Weber, hoje na Amherst, fornece uma resposta bem pesquisada: o Estado chinês "usa o mercado como uma ferramenta na busca de seus objetivos de desenvolvimento mais amplos". Sobretudo, ao evitar a "terapia de choque", procurou proteger "os picos do comando da economia" de mudanças desestabilizadoras.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

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