Balanços corporativos garantem semana positiva na Bolsa

Alta do índice acontece mesmo com continuidade dos temores fiscais e tensões políticas no cenário doméstico

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São Paulo

Depois de uma semana recheada de balanços corporativos e com um noticiário político e fiscal intenso no cenário doméstico, a Bolsa de Valores brasileira encerrou em alta nesta sexta-feira (6), retornando aos 122 mil pontos.

O Ibovespa, principal índice acionário do país, fechou o dia em alta de 0,96%, aos 122.810 pontos.

Na semana, o índice acumula alta de 0,82%, apesar das sessões voláteis que teve durante a semana, refletindo o noticiário doméstico. O movimento foi principalmente impulsionado pelos resultados trimestrais.

A escalada das tensões políticas e dos temores fiscais também refletiu no câmbio. Nesta sexta (5) a moeda americana encerrou com alta de 0,36% ante o real, a R$ 5,2360. Na semana, a divisa acumula ganhos de 0,5%.

Funcionário trabalha na Bolsa de Valores de Nova York
Funcionário trabalha na Bolsa de Valores de Nova York - Michael Nagle - 7.mar.2020/Xinhua

O destaque entre os resultados corporativos que mais seguraram o Ibovespa ao longo desta semana ficou com Petrobras —depois dos fortes resultados divulgados pela companhia. Balanços de nomes como Itaú Unibanco, Gerdau, JHSF e Totvs também foram bem recebidos pelo mercado.

Mas nem todos agradaram. Bradesco terminou a semana com desempenho negativo, apesar da forte alta no lucro do segundo trimestre, com agentes financeiros focando as atenções no desempenho fraco da área de seguros do banco. Braskem também acumulou queda mesmo com lucro multibilionário.

A safra de ofertas de ações também continuou movimentada na B3, com destaque para Raízen, que realizou o maior IPO do ano no país, em operação que movimentou R$ 6,9 bilhões. Os papéis da companhia demonstraram um desempenho fraco, acumulando queda de 4% desde a estreia na quinta-feira.

Nesta semana, houve uma nova escalada nas desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Judiciário.

Nos últimos dias, Bolsonaro repetiu falas golpistas e falou na possibilidade de usar armas "fora das quatro linhas da Constituição", enquanto sofreu uma derrota na defesa do retorno do voto impresso e foi incluído como um dos investigados no inquérito das fake news.

O presidente também continuou a atacar ministros do STF e chegou a chamar Alexandre de Moraes de "ministro ditatorial" e disse que "a hora dele vai chegar".

Na quinta-feira (5), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, cancelou a reunião entre os chefes dos três Poderes que havia convocado e afirmou que Bolsonaro não cumpre a própria palavra.

Ainda nesta semana o Copom também subiu a taxa básica de juros na quarta (4), para 5,25%. O comitê do Banco Central também chegou a sinalizar pelo menos mais uma alta de 1 p.p. (ponto percentual) para a próxima reunião.

Em termos fiscais, ficou no radar do mercado a decisão do governo de parcelar o pagamento de precatórios (valores devidos por derrotas definitivas na Justiça). A medida vem como forma de garantir a reformulação de um novo Bolsa Família em 2022. Na quinta (5), Bolsonaro também confirmou um aumento de 50% para o benefício.

Os investidores ainda ficaram atentos aos avanços sobre a privatização dos Correios.

“O mercado continua atento às questões políticas e de risco fiscal, mas conseguiu ter uma recuperação positiva nesta sexta, focando um pouco mais nos dados corporativos e nos números de reaquecimento da economia nos Estados Unidos”, afirmou o diretor de renda variável da Veedha Investimentos.

No exterior, o relatório de emprego nos Estados Unidos mais forte do que o esperado, nesta sexta (6), influenciou a maioria dos índices internacionais. Dow Jones e S&P 500 encerraram em altas de 0,41% e 0,17%, respectivamente.

A Bolsa de Tecnologia Nasdaq, em Nova York, fechou em queda de 0,4%.

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