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EUA e China devem retomar negociações, pedem empresários americanos

Grupo pode que Casa Branca corte tarifas que continuam em vigor desde o início da dura guerra comercial

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Paul Mozur David McCabe
Nova York | The New York Times

Grupos empresariais influentes dos Estados Unidos pedem que o governo Joe Biden reinicie as negociações comerciais com a China e corte tarifas sobre produtos do país que continuam em vigor desde o início da dura guerra comercial entre os dois países.

Os grupos, que representam interesses tão diversos quanto produtores de batatas, companhias de microchips e a indústria farmacêutica, disseram em uma carta na última quinta-feira (5) que o governo americano deveria tomar "medidas rápidas" para abortar as tarifas "onerosas".

Eles também pediram que a Casa Branca trabalhe para que o governo chinês cumpra compromissos feitos em sua trégua comercial com o governo Trump, selada no início de 2020.

A carta, dirigida ao Departamento do Tesouro, surge quando a relação entre as duas maiores economias do mundo continua em clima de disputa. Uma visita à China no mês passado da vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, começou com comentários ácidos do lado chinês e terminou com pouco sinal de progresso.

Montagem com fotos do líder chinês, Xi Jinping (esq.), e do presidente dos EUA, Joe Biden, ambos de terno
O líder chinês, Xi Jinping (esq.), e o presidente dos EUA, Joe Biden - Nicholas Kamm - 8.jun.21/AFP

As discussões incluíram direitos humanos, ataques cibernéticos e as operações militares chinesas no mar do Sul da China.

Já são mais de sete meses de revisão do acordo comercial que o ex- presidente Donald Trump assinou com Pequim em janeiro de 2020, juntamente com outras medidas de segurança nacional. As autoridades ainda não anunciaram os resultados dessa revisão.

A trégua comercial basicamente congelou tarifas americanas sobre US$ 360 bilhões (R$ 1,9 trilhão) de importações chinesas. Esse acordo nada fez para conter os subsídios do governo de Pequim ao setor industrial estratégico, como de chips de computador e carros elétricos, o que preocupa os concorrentes americanos.

Enquanto alguns dispositivos do acordo comercial deverão expirar no fim do ano, a maior parte deles continuará em vigor.

A carta do grupo de indústrias parece uma tentativa de estimular o governo Biden a agir. "Devido às tarifas, as indústrias americanas enfrentam custos crescentes para fabricar produtos e fornecer serviços no plano doméstico, tornando suas exportações desses produtos e serviços menos competitivas no exterior", diz o documento.

A carta diz que a China cumpriu parte de seus compromissos no acordo comercial, incluindo novas medidas para abrir seu mercado para instituições financeiras dos EUA. Ela acrescenta que novas negociações serão a única maneira de garantir que a China cumpra os compromissos restantes, como o de proteção à propriedade intelectual.

Embora a China tenha feito grandes aquisições de produtos americanos desde a guerra comercial, a quantidade e a composição ficaram aquém de seus compromissos de comprar US$ 200 bilhões (R$ 1,05 trilhão) em bens e serviços americanos em 2020 e 2021.

Segundo análise do Instituto Peterson para Economia Internacional, a China ficou aquém dessas aquisições em 40% no ano passado e está 30% abaixo neste ano.

"Nós pedimos enfaticamente que o governo trabalhe com os chineses para aumentar as compras de bens americanos durante o resto de 2021, e implemente os compromissos estruturais do acordo", acrescenta a carta.

Enquanto o governo Biden questiona se o acordo comercial com a China foi bem elaborado, ele também indicou que continuará pressionando o país sobre o que percebe como práticas comerciais desleais.

Em junho, o presidente Joe Biden expandiu uma lista de boicotes do governo Trump que impedia os americanos de investir em companhias chinesas que ajudam os militares do país ou a repressão a minorias religiosas. Biden incluiu a Huawei, gigante das telecomunicações, na lista de banidos.

A Casa Branca também anunciou a formação de um conselho de comércio e tecnologia com autoridades americanas e europeias, um esforço para conter a influência da China ao coordenar políticas entre Bruxelas e Washington.

"Não hesitaremos em denunciar as práticas comerciais coercitivas e desleais da China que prejudicam os trabalhadores americanos, minam o sistema multilateral ou violam os direitos humanos básicos", disse Katherine Tai, a representante comercial dos EUA, em um depoimento preparado para uma audiência no Senado em maio.

"Estamos trabalhando no sentido de uma abordagem forte e estratégica de nossa relação comercial e econômica com a China."

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