Empresas poluidoras não estão considerando riscos climáticos, diz estudo; veja mais sobre ESG

Maioria dos grandes emissores de carbono não trazia todos os riscos climáticos em seus relatórios financeiros de 2020

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Belo Horizonte

Os maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta não estão divulgando todos os riscos associados às mudanças climáticas. A conclusão é de um estudo divulgado na quinta-feira (16) pelo Carbon Tracker, think thank de mudanças climáticas, e pelo CAP (projeto de contabilidade climática, na sigla em inglês).

Das 107 companhias avaliadas —como Chevron, Exxon Mobil, BMW, entre outras representantes de setores industriais, bens de consumo e transportes— mais de 70% não traziam todos os riscos resultantes das mudanças climáticas em seus relatórios financeiros de 2020.

Segundo o trabalho, a falta de detalhes reduz as chances dessas empresas cumprirem com as metas de emissões globais e com o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, estabelecido no Acordo de Paris.

“Sem essas informações, há poucas maneiras de saber a extensão do capital em risco, ou se os fundos estão sendo alocados em negócios não-sustentáveis, o que reduz ainda mais nossas chances de descarbonizar no curto tempo que resta para atingir os objetivos de Paris”, afirmou Barbara Davidson, analista sênior da Carbon Tracker.

Outro achado preocupante, de acordo com o relatório, foi a falta de consistência entre as promessas climáticas assumidas pelas companhias e o tratamento dado a elas nos relatórios.

Segundo os pesquisadores, nenhuma das demonstrações financeiras refletia objetivos definidos pelo Acordo de Paris.

Com Reuters


DÁ TRILHÃO

Um grupo de 60 diretores financeiros (CFOs) de companhias globais se comprometeu com um investimento coletivo de US$ 500 bilhões (R$ 2,6 trilhões) para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O acordo foi anunciado no último dia 20 de setembro pelos membros da Força-Tarefa de CFOs, uma iniciativa do Pacto Global da ONU para aumentar a proporção de recursos corporativos alinhados a metas sustentáveis.

A ideia é que, nos próximos cinco anos, o grupo invista meio trilhão de dólares para integrar os ODS dentro das organizações.

Além disso, os diretores financeiros também prometeram vincular 50% do financiamento corporativo de suas empresas ao desempenho em questões de sustentabilidade.

Entre os membros da força-tarefa, estão seis brasileiros: Fernando Tennenbaum, da Ambev; João Dantas, do BTG Pactual; Marcelo Bacci, da Suzano; Marcos Paulo Conde Ivo, da Klabin; Pedro Christ, da CCRR; e Pedro Freitas, da Braskem.


AUTOSSUFICIENTE

A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, anunciou que vai construir uma usina solar no Ceará para atender a demanda de energia da companhia. O projeto será desenvolvido em conjunto com a Pontoon, empresa brasileira focada na transição energética.

Serão instalados 600 mil painéis solares numa área de 1.170 hectares, nos municípios de Mauriti e Milagres. O começo das obras está previsto para 2022, com o início das operações em 2024.

Segundo Lorival Luz, presidente global da BRF, o projeto deve garantir cerca de um terço de toda a demanda de energia da companhia.

Em agosto deste ano, a BRF havia anunciado a formação de uma joint venture com a AES Brasil para a construção de um parque eólico no Rio Grande do Norte.

Considerando todos os projetos relacionados à autogeração de energia, a companhia espera ter 90% de sua demanda atendida por fontes próprias a partir de 2024. Além disso, a BRF estima uma economia de R$ 1,7 bilhão com eletricidade nos próximos 15 anos.


NOVA ROTA

A PepsiCo, dona de marcas como Doritos, Pepsi e Lay’s, anunciou uma nova estratégia global para consolidar seu posicionamento ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança).

Chamado de pep+ (PepsiCo Positive), o novo programa pretende nortear as ações sustentáveis de todas as 23 marcas do grupo, abrangendo iniciativas que vão desde a forma como a empresa compra seus ingredientes e vende seus produtos, até questões de diversidade e inclusão.

Entre as ações que a PepsiCo pretende estimular por meio desta plataforma estão a agricultura regenerativa, a redução de sódio nos produtos e o uso de materiais mais sustentáveis nas embalagens.


FUNDO VERDE

A SulAmérica lançou seu primeiro fundo de previdência com critérios ESG. Segundo a companhia, o novo produto considera critérios ambientais, sociais e de governança na escolha de ativos, e é resultado de uma parceria com a JGP, gestora de recursos brasileira.

O fundo será composto apenas por empresas com boas práticas ESG, seguindo score definido pela JGP. Para avaliar se elas cumprem os requisitos, a gestora criou um modelo de análise que pontua uma série de critérios nas empresas.

De acordo com a SulAmérica, companhias com avaliação baixa são desconsideradas, e se alguma empresa selecionada descumprir os critérios exigidos —se envolvendo em desastres ambientais ou questões de governança, por exemplo— ela é retirada da carteira e colocada em quarentena de dois anos.


MAQUININHA

Menos 30%. Esse é o percentual que a Getnet, empresa de meios de pagamentos do Santander, conseguiu cortar de suas emissões de gases de efeito estufa nos últimos cinco anos.

Além de diminuir sua pegada ambiental, a companhia tem investido na compensação de carbono. Só em 2020, foram 710 toneladas compensadas por meio da compra de créditos de carbono.

Segundo a Getnet, a empresa tem procurado aplicar conceitos sustentáveis em seus negócios, desde maquininhas de cartão feitas com materiais menos poluentes até iniciativas para usar apenas motos elétricas nas entregas —o que pode evitar a emissão de 30 toneladas de gases de efeito estufa por ano.


SEM PLÁSTICO

O McDonald’s anunciou que vai cortar o uso de plástico nos brinquedos infantis que acompanham o McLanche Feliz. Segundo a rede de fast-food, até 2025, os brindes serão preferencialmente feitos de plástico reciclado ou de origem vegetal, o que deve permitir uma redução de 90% no uso do material à base de combustível fóssil.

Anualmente, o McDonalds vende cerca de 1 bilhão de brinquedos infantis pelo mundo. Em países como Estados Unidos, França, Irlanda e no Reino Unido, a companhia já oferece opções mais sustentáveis, incluindo livros e cartas colecionáveis.

A expectativa é que brindes semelhantes cheguem aos mais de 100 países onde são vendidos o McLanche Feliz.

Com Reuters

Erramos: o texto foi alterado

Lorival Luz é presidente global da BRF, não diretor-executivo.

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