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Governo confirma 2 casos atípicos de vaca louca e suspende exportações para a China

Ministério da Agricultura diz que não há risco para a saúde humana e animal

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São Paulo

O Ministério da Agricultura confirmou dois casos atípicos da doença conhecida como vaca louca em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e Belo Horizonte (MG). Com isso, as exportações de carne bovina para a China ficam suspensas temporariamente. O país asiático é o maior importador do produto brasileiro.

Os registros representam o quarto e o quinto caso de EBB (Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome técnico do mal) atípicos em mais de 23 anos de vigilância sanitária para a doença, de acordo com a Secretaria de Defesa Agropecuária da pasta, em nota divulgada neste sábado (4). O Brasil nunca registrou a ocorrência de EBB clássica.

Os casos de vaca louca atípica são menos perigosos para o rebanho porque são espontâneos e esporádicos, uma vez que partem do organismo de um animal e não acontecem devido à ingestão de alimentação contaminada, mas por degeneração celular. Esse tipo costuma acometer o gado em idade já avançada. Já a vaca louca clássica ocorre devido ao consumo de alimentos contaminados, como proteína animal, e afeta a o rebanho mais jovem.

O ministério afirma que todas as ações sanitárias de mitigação de risco "foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final", que é feito pelo laboratório de referência da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), em Alberta, no Canadá. "Portanto, não há risco para a saúde humana e animal", ressalta.

Os dois casos, um em cada frigorífico, foram detectados em vacas de idade já avançada, segundo o Ministério da Agricultura
Os dois casos, um em cada frigorífico, foram detectados em vacas de idade já avançada, segundo o Ministério da Agricultura - Eduardo Anizelli/Folhapress

Os dois casos, um em cada frigorífico, foram detectados em vacas de idade já avançada, de acordo com a pasta, e de descarte, que não eram mais úteis para a reprodução de bezerros ou leite.

As exportações para a China ficam suspensas para cumprir o protocolo sanitário firmado entre os dois países. A medida passa a valer a partir deste sábado (4) e dura até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações repassadas.

"O Mapa esclarece que a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país", disse o ministério em nota. Assim, o Brasil mantém a classificação como país de risco insignificante para a doença.

Na quinta (2), frigoríficos de todo o país precisaram suspender o abate de bois devido à suspeita da doença. A estimativa da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) era que a produção retornasse somente na próxima semana.

A China é o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo, junto a Hong Kong, por quase 60% do total exportado.

As vendas totais de carne bovina (in natura e processada) registraram recorde mensal em agosto deste ano, com alta de 56% na receita, segundo a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos). Foram vendidas 200 mil toneladas que geraram US$ 1,175 bilhão em receita.

Mesmo antes da confirmação, o mercado já quantificava a ameaça de suspensão. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indicou retração nos preços da arroba do boi gordo, que foi negociada a R$ 305 na sexta-feira (3), abaixo dos R$ 310 de terça-feira (31), como mostrou o Vaivém das Commodities.

O protocolo de suspensão para doenças é comum nas relações bilaterais e deve alterar, também, o preço do produto doméstico.

Os frigoríficos devem manter o abate e a produção, e quanto mais tempo a China impedir a entrada da carne brasileira, maior a oferta do no mercado interno, o que pode pressionar para baixo os preços ao consumidor final.

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