Ministério Público japonês pede dois anos de prisão para ex-colaborador de Ghosn na Nissan

Promotores acusam Greg Kelly de ajudar ex-executivo a esconder fraude na montadora

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Tóquio | AFP

O Ministério Público japônes solicitou, nesta quarta-feira (29), dois anos de prisão para Greg Kelly, americano que era colaborador de Carlos Ghosn, julgado há quase um ano em Tóquio por supostas fraudes financeiras na montadora japonesa Nissan.

Detido em novembro de 2018 ao lado do então presidente-executivo da aliança automobilística Renault-Nissan-Mitsubishi Motors pouco depois de pousar em Tóquio, Kelly, um jurista de 65 anos, tinha apenas um papel secundário no caso.

Mas ele ficou na linha de frente da justiça japonesa desde a fuga cinematográfica no fim de 2019 para o Líbano do principal acusado, Carlos Ghosn, que se escondeu em uma caixa de equipamento de áudio para escapar dos controles aeroportuários no Japão.

De acordo com a lei japonesa, Kelly enfrenta a possibilidade de ser condenado a dez anos de prisão por ter, segundo os procuradores japoneses, ajudado Ghosn a esconder das autoridades que regulamentam a Bolsa japonesa quase 9 bilhões de ienes (R$ 444, 2 milhões) entre 2010 e 2018, remuneração que a Nissan previa pagar posteriormente ao executivo.

Kelly "estava por trás dos esforços para ocultar a renda de Ghosn", disseram os promotores do caso nesta quarta. "Apenas Kelly, em quem Ghosn tinha absoluta confiança, poderia desempenhar esse papel", acrescentaram.

Os argumentos dos promotores são "muito fracos", reagiu à AFP Yoichi Kitamura, advogado de Kelly, que continua "bastante confiante" quanto à absolvição de seu cliente.

"Disseram que Kelly era o braço direito de Ghosn, mas ele era leal à Nissan e não a Ghosn em particular", de acordo com Kitamura.

As alegações finais da defesa estão previstas para 27 de outubro. A sentença está prevista para março de 2022, ou seja, 18 meses após o início do julgamento.

Assim como Ghosn, Kelly sempre se declarou inocente desde o início do processo, mas admitiu que se examinava a nível interno como aumentar legalmente as remunerações de Ghosn.

Ele mora em Tóquio e está em liberdade sob fiança desde o fim de 2018, com a proibição de abandonar o território japonês durante o processo penal em curso.

Ghosn, por sua vez, não pode ser julgado à revelia no Japão, enquanto outros executivos da Nissan, antigos ou ativos, não foram processados, alguns deles devido à sua condição de delatores.

A Nissan, indiciada como pessoa jurídica, se declara culpada. Os promotores pediram apenas uma multa de 200 milhões de ienes (R$ 9,4 milhões) à companhia.

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