UE pede a Volkswagen pagamento de indenizações a todos os prejudicados pelo 'dieselgate'

Em resposta, a empresa alemã se limita a comentar que sua posição legal não mudou

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Bruxelas | AFP

A Comissão Europeia pediu nesta terça-feira (28) à montadora alemã Volkswagen que pague sem adiamentos indenizações aos consumidores prejudicados em toda a Europa pelo escândalo conhecido como "dieselgate", que explodiu em 2015.

"Até agora, nem todos os consumidores foram indenizados", afirmou em um comunicado o comissário europeu de Assuntos Internos, Didier Reynders, antes de acrescentar que o grupo alemão "não está disposto a trabalhar com organizações de consumidores para encontrar soluções adequadas".

Estas compensações, completou o comissário, devem beneficiar "não apenas os consumidores que residem na Alemanha, todos os consumidores devem ser indenizados".

Em resposta, a empresa alemã se limitou a comentar que sua "posição legal não mudou".

Sede da Volkswagen em Wolfsburg, norte da Alemanha - Ronny Hartmann - 26.mar.2021/AFP

O escândalo que explodiu há seis anos revelou que a empresa utilizou um software programado especialmente para alterar os resultados sobre emissões poluentes de seus motores a diesel entre 2009 e 2015.

"A Comissão e as autoridades dos consumidores da UE consideram que as práticas comerciais da Volkswagen violam a lei de proteção do consumidor da UE no que diz respeito à comercialização de automóveis a diesel equipados com sistemas ilegais", afirmou a Comissão Europeia em sua nota oficial.

"Também afirmam que a comercialização de tais carros a diesel foi um claro exemplo de uma prática enganosa proibida na UE", destaca a Comissão Europeia.

A instituição recordou que até o momento a Volkswagen aceitou apenas compensar os consumidores que residiam na Alemanha no momento da aquisição de um dos automóveis em questão.

Em declarações à AFP, Reynders acusou a Volkswagen de atuar com má-fé por excluir das compensações os consumidores europeus que não moram na Alemanha.

"Acredito que nos corresponde fazer com que os consumidores europeus saibam que a empresa optou por deixar o tempo passar em uma tentativa de evitar o pagamento de indenizações, mesmo com o acúmulo de decisões judiciais", disse.

Até o momento, a empresa pagou quase € 750 milhões (R$ 4,692 bilhões) a 235.000 proprietários de veículos na Alemanha, mas evita com mecanismos legais fazer o mesmo a respeito de milhares de processos individuais e coletivos no restante da Europa.

A Organização Europeia de Consumidores (BEUC) comemorou a decisão das autoridades competentes de pedir que a empresa pague as indenizações.

"Seis anos após a explosão do escândalo 'dieselgate', as autoridades nacionais da concorrência finalmente pediram à empresa para pagar as indenizações", declarou Monique Goyens, diretora da organização.

Um julgamento contra quatro ex-executivos da Volkswagen acusados pelo escândalo começou na semana passada na Alemanha, sem a presença do ex-presidente-executivo da empresa, o epílogo penal de um caso que abalou a imagem da montadora alemã.

Todos são acusados de fraude em grupo organizado e fraude fiscal com agravante relacionada ao escândalo.

Na semana passada, a justiça decidiu adiar —sem prazo definido— o processo contra Martin Winterkorn, presidente-executivo da empresa entre 2007 e 2015, de 74 anos, que acaba de passar por uma cirurgia.

Há um ano começou outro processo —que segue em curso— contra Rupert Stadler, ex-presidente da Audi e filial do grupo Volkswagen.

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