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Open Delivery deve atrair grandes empresas e facilitar operação de restaurantes

Associação do setor apresenta padrão para comunicação com aplicativos

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São Paulo

O mercado de delivery de comida que avançou com força na pandemia, busca alternativas para se tornar mais aberto e competitivo com a criação de uma nova ferramenta: o Open Delivery.

Capitaneado pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e com patrocínio de grandes empresas, o projeto busca inspiração no Open Banking, a plataforma de compartilhamento de informações de clientes para o setor bancário.

Na mesma linha, os restaurantes desenvolveram um protocolo único para o setor usar na hora de cadastrar estabelecimentos e cardápios em aplicativos e para a troca de informações sobre pedidos.

O projeto, que já tem uma primeira versão aberta de seus padrões publicados online, será apresentado a restaurantes nesta segunda (13).

Foram investidos no desenvolvimento do Open Delivery R$ 3,3 milhões, sem considerar o tempo de 50 profissionais indicados por empresas apoiadoras para participar das reuniões semanais do projeto.

Grandes empresas, como Via e Alelo, dona da plataforma de delivery Pede Pronto, confirmaram à reportagem que vão adotar os protocolos desenvolvidos pelos restaurantes. Outras companhias apoiadoras, como Mercado Pago e Ambev, disseram que o projeto é positivo para o setor, sem confirmar se o resultado será incorporado em seus serviços.

Líder do setor, o iFood aceitou convite da Abrasel para participar do conselho de governança do Open Delivery. A companhia diz não ter definido se irá aderir à plataforma aberta. O Rappi afirmou que vê com bons olhos ações que fomentem competitividade no delivery e contribui com a iniciativa da Abrasel. A Uber não comenta.

Célio Salles, conselheiro da Abrasel, explica que o Open Delivery, apesar de ainda gerar dúvidas, não é um aplicativo nem uma plataforma. Por outro lado, pode servir como base para a criação de novos serviços tecnológicos e acelerar o surgimento de novas empresas ou a entrada de grandes marketplaces no setor do delivery.

Segundo Sales, cada aplicativo trabalha com formulários para cadastro de restaurantes muito diferentes. Se uma empresa quer se conectar com os aplicativos, tem que falar rappinês, ifoodês e uberês. Cada uma tem um nível de personalização do pedido, existem campos que alguns possuem e outros não", explica.

Com o Open Delivery, a Abrasel espera, de um lado, que surjam ferramentas tecnológicas acessíveis para facilitar a operação dos restaurantes e, de outro, que haja mais facilidade para a entrada de novos competidores no mercado.

A vida dos restaurantes fica mais fácil porque, com a padronização das informações, desenvolvedores de software criam com mais facilidade sistemas que permitem aos estabelecimentos gerenciar em uma única tela pedidos feitos por vários aplicativos, em vez de precisar gerenciar várias abas ao mesmo tempo.

Na outra ponta, para empresas que querem criar seus apps de delivery, a conexão com mais restaurantes passa a ser mais rápida. Além das informações necessárias já estarem em formato adequado para que os estabelecimentos sejam cadastrados, empresas de tecnologia que atendem ao setor com sistemas de gestão podem funcionar como porta de entrada para os restaurantes em vários aplicativos de uma só vez.

Empresas de tecnologia já começaram a lançar plataformas do tipo, mesmo antes da adoção do Open Delivery pelo mercado.

Em setembro, começa a funcionar o Quiq, empresa com ferramentas do tipo que tem como sócios a empresa de tecnologia 4all e redes de alimentação como Domino's Pizza, Bloomin' Brands (dona do Outback) , Giraffas, Rei do Mate e BFFC (Pizza Hut, KFC, Bob’s e Yoggi).

Gustavo Schifino, diretor de Plataformas Digitais da 4all, diz que a Quiq deve estar adequada ao Open Delivery rapidamente. Segundo o executivo, os novos padrões agilizam a inclusão de mais aplicativos de delivery em sua plataforma para gestão

Segundo Schifino, o Open Delivery melhora o atendimento ao consumidor. Isso porque ele viabiliza a criação de uma fila única para todos os pedidos que chegam por diferentes apps e acelera a atualização de informações como falta de determinado ingrediente.

O Delivery Center, startup que tem redes de shopping como brMalls e Multiplan como sócias, participou do desenvolvimento do Open Delivery e passou a oferecer a consolidação de pedidos e conexão com apps para pequenos restaurantes neste mês, a partir do lançamento do serviço Unity.

A expectativa do mercado é que, com os novos protocolos, o setor de aplicativos passe a contar com novos concorrentes, incluindo gigantes do varejo eletrônico e novas startups.

Vitor Magnani, presidente do Conselho de Economia Digital da FecomercioSP e da ABO2O, associação de startups, diz que o Open Delivery é a principal ação para aumentar a concorrência no delivery de comida. "Toda plataforma que quiser entrar nesse mercado deve aderir a ele", afirma.

Assim como acontece no Open Banking, o projeto dos restaurantes também terá novas fases. Atualmente está em desenvolvimento etapa para incluir entregadores e empresas de logística no projeto. Também deverá haver um banco de dados em que restaurantes poderão cadastrar suas informações para serem encontrados e integrados mais facilmente pelos aplicativos do setor interessados em incluí-los em sua base.

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