Reino Unido deixa Exército de prontidão para lidar com crise de abastecimento

Bombas de combustível secaram em diferentes regiões após britânicos lotarem postos de gasolina

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Londres | Reuters

O governo britânico anunciou nesta segunda-feira (27) que está deixando o Exército de prontidão como parte das medidas para lidar com uma crise de abastecimento que deixou secas bombas de gasolina após motoristas lotarem postos atrás de combustível.

Segundo o ministro de Negócios, Kwasi Kwarteng, um número de militares motoristas de caminhões-tanque ficará em alerta para, se necessário, reforçar a cadeia de abastecimento, uma medida temporária para ajudar a aliviar as pressões causadas por picos na demanda.

Britânicos formam fila para abastecer em posto de Londres
Britânicos formam fila para abastecer em posto de Londres - Han Yan/Xinhua

O movimento vem na esteira de uma escassez de motoristas de caminhão que, além de causar estragos nos últimos meses em restaurantes e redes varejistas, fez com que muitos estoques de combustível não chegassem aos postos.

Apesar das tentativas do governo de tranquilizar a população, os britânicos correram para abastecer seus carros após um aviso de falta de combustível no fim da última semana. As longas filas de veículos resultaram em bombas vazias em diversas cidades do Reino Unido.

A demanda por combustível fez com que de 50% a 90% das bombas secassem em algumas regiões da Grã-Bretanha, de acordo com a Associação de Varejistas de Gasolina (PRA, na sigla em inglês), que representa comerciantes independentes, responsáveis por 65% dos 8.380 postos britânicos.

“Ainda que a indústria espere que a demanda retorne ao seu nível normal nos próximos dias, é correto que tomemos esse passo sensível e preventivo”, explicou Kwarteng. De acordo com o governo, os motoristas militares vão receber treinamento especializado antes de serem destacados para ajudar a lidar com os problemas da cadeia de abastecimento.

O ministro de Transporte, Grant Shapps, disse que já se observa um alívio na demanda em postos de gasolina. “Mesmo que a rede atual de motoristas de caminhão-tanque seja capaz de entregar todo o combustível que precisamos, tomamos essa medida adicional de pedir ao Exército que ajude a fechar a lacuna, enquanto novos motoristas de veículos pesados entram em operação graças a todas as outras medidas que já tomamos.”

Entre essas as ações para mitigar a escassez de mão-de-obra estão planos para emitir 5.000 vistos temporários para motoristas de caminhão estrangeiros, dentro de um total de 10.500 para trabalhadores em setores-chave da economia britânica, uma guinada inesperada no tema migratório após o brexit.

A decisão de conceder os vistos vai de encontro à diretriz defendida pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cujo governo não deixa de insistir que o Reino Unido não deveria depender de mão-de-obra estrangeira.

Durante meses, o Executivo vem tentando evitar recorrer aos trabalhadores de fora, apesar das advertências de vários setores econômicos e de uma falta estimada em 100 mil caminhoneiros.

Para transportadoras, postos de combustíveis e varejistas, no entanto, não há soluções rápidas para essa escassez, tanto pela grande quantidade necessária de motoristas, como pelo treinamento e permissão adicional exigidos para dirigir caminhões-tanque.

O governo, por sua vez, disse que irá estender o prazo de permissões específicas para dirigir veículos pesados de mercadoria —que permite o transporte de combustível— que estão para expirar nos próximos três meses, permitindo que continuem a trabalhar sem ter que fazer cursos de atualização. Também estão entre os planos suspender leis de competitividade e atrair ex-motoristas de volta ao setor.

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