Espaço aberto na PEC dos Precatórios é justo, mas números podem ser discutidos, diz relator

Fernando Bezerra defende, porém, valor de no mínimo R$ 80 bilhões

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Brasília

O líder do governo no Senado e relator da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou nesta quinta-feira (11) que vai buscar convencer os senadores de que o teto fiscal aberto pela proposta não é excessivo, mas que está aberto a "discutir" os números.

Bezerra foi designado oficialmente na quarta-feira (10) o relator da PEC dos Precatórios na CCJ do Senado, um dia após a sua aprovação na Câmara dos Deputados.

A proposta dá calote em dívidas judiciais da União e se tornou prioridade do Executivo para garantir o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 de dezembro até o final de 2022, ano em que Bolsonaro deve disputar a reeleição, além de abrir espaço para outros gastos federais. Pela proposta, cerca de R$ 90 bilhões devem ser liberados para despesas no próximo ano.

Brasília, 14 de julho de 2021. Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva da diretora técnica da Precisa Medicamentos, empresa que representa a Bharat Biotech no Brasil e que teria feito intermediação nas negociações para compra da vacina Covaxin.O depoimento da diretora-executiva à CPI da Pandemia foi adiado para hoje (14) após a depoente afirmar estar ?exausta? e sem condições psicológicas de falar à comissão na noite desta terça-feira (13). A depoente ainda está suportada por um habeas corpus que lhe dá o direito de silenciar sobre perguntas que possam incriminá-la.Em pronunciamento, à bancada, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).Foto: Pedro França/Agência Senado
Senado e relator da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE) - Pedro França - 1.ago.2021/Agência Senado

Apesar de ter avançado com relativa rapidez na Câmara dos Deputados, a proposta enfrenta grande resistência no Senado. Os senadores pressionaram para que a análise fosse mais detalhada, tramitando primeiramente na CCJ da Casa, antes de ir a plenário.

Um dos focos de resistência é justamente o espaço para gastos aberto com a PEC, que concederia uma grande capacidade de gastos do presidente Jair Bolsonaro em ano eleitoral.

Em entrevista à Globonews, Bezerra repetiu o que vem falando sobre o espaço de R$ 91,6 bilhões que pode ser aberto. Disse que é "justo, adequado e necessário". No entanto, afirmou que vai "debater" com os demais senadores a questão. No dia anterior, em entrevista à jornalistas, Bezerra já havia afirmado que não descartava nenhum "aprimoramento".

"Alguns senadores sugerem que o espaço fiscal ideal ficaria entre R$ 75 bilhões e R$ 80 bilhões. Nós vamos discutir. Isso porque desses R$80 bilhões, serão consumidos aproximadamente para poder pagar o novo Auxílio Brasil. Isso porque nenhuma família pobre no Brasil deixará de receber pelo menos R$ 400", afirmou durante entrevista à emissora.

O líder do governo vem afirmando que outros R$ 24 bilhões que serão destinados para benefícios previdenciários e benefícios de prestação continuada e outros R$ 6 bilhões serão destinados para correção de despesas obrigatórias e a correção dos mínimos constitucionais.

"Então R$ 80 bilhões já não se discute. É uma matemática […] o espaço necessário nunca será inferior a R$ 80 bilhões", afirmou.

Bezerra afirmou que os cerca de R$ 11 bilhões adicionais poderá ser usado para arcar com despesas de investimentos que teriam sido sacrificadas, como construção de casas, de estradas e obras hídricas

"O trabalho nosso ao longo das próximas semanas é mostrar que o espaço fiscal que está sendo aberto é justo, adequado e necessário. Evidente que estamos abertos a discutir esses números", afirmou.

"Ao governo interessa que a gente aprove a PEC com responsabilidade. Não existe nenhum interesse para que se aprove um espaço excessivo, ou espaço desnecessário", completou

Senadores chegaram a apresentar suas próprias Propostas de Emenda à Constituição. O senador José Aníbal (PSDB-SP) apresentou uma PEC na qual seria possível assegurar espaço fiscal de R$ 76 bilhões no orçamento. Bezerra afirmou que vai se reunir com Aníbal para discutir a questão, para "ouvir as propostas e que o governo tenha a oportunidade de explicar todo o texto que saiu da Câmara dos Deputados", afirmou.

A PEC dos Precatórios vai entrar na pauta da CCJ no dia 24 deste mês, segundo anunciou o presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A data compromete a previsão inicial do governo, que pretendia ver a proposta aprovada no Congresso até o dia 20. Os líderes agora trabalham com a "data-limite" de 2 de dezembro.

Nesse caso, a proposta iria a plenário durante o esforço concentrado para a realização de sabatinas de autoridades, nos dias 30 de novembro, 1 e 2 de dezembro. O governo considera que o esforço concentrado seria benéfico por proporcionar algo quórum para a aprovação da PEC.

Como a Folha mostrou, o governo já trabalha com uma MP que prevê o pagamento de R$ 400 para eventual atraso na votação do Senado.

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