Petrobras eleva plano de investimentos de cinco anos para R$ 381 bilhões

Recursos serão focados na exploração e produção de petróleo, sem previsão de aportes em renováveis

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Rio de Janeiro

A Petrobras pretende investir US$ 68 bilhões (R$ 381 bilhões, pela cotação atual) entre 2022 e 2024. O plano de investimentos divulgado nesta quarta-feira (24) mantém o foco no pré-sal e, conforme antecipado pela Folha, não traz previsão de aportes em energias renováveis.

O valor anunciado pela empresa é 23,6% superior aos US$ 55 bilhões (R$ 308 bilhões) do último plano, para o período entre 2021 e 2025, que foi elaborado ainda sob forte impacto do início da pandemia do novo coronavírus. Agora, o planejamento é feito em meio a uma recuperação dos preços do petróleo.

Do valor total planejado, 84% serão gastos em exploração e produção de petróleo e gás natural. São US$ 57 bilhões (R$ 320 bilhões), dos quais 67% serão destinados a projetos no pré-sal, que a companhia defende produzir um petróleo com menor emissão de gases do efeito estufa.

Logo da Petrobras em sede no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 10.mai.2021/Reuters

"Esta alocação está aderente ao foco estratégico da companhia, concentrando cada vez mais os seus recursos em ativos em águas profundas e ultraprofundas, onde tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos, produzindo óleo de melhor qualidade e com menores emissões", disse a estatal.

A previsão é que esses investimentos levem a produção da empresa a 3,2 milhões de barris de óleo e gás por dia em 2026, alta de 18% em relação à meta de 2,7 milhões de barris estipulada para 2022. No terceiro trimestre de 2021, a Petrobras produziu 2,83 milhões de barris de petróleo e gás.

A curva de produção projetada no plano de investimentos considera a entrada de 15 novas plataformas de produção de petróleo e gás entre 2022 e 2026, informou a empresa em comunicado ao mercado.

O plano prevê entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões (R$ 84 bilhões a R$ 140 bilhões) em vendas de ativos pelos próximos cinco anos, com o objetivo de "melhorar a eficiência operacional, o retorno sobre o capital e a geração de caixa necessária para manter a dívida em patamar adequado".

"A gestão ativa [do portfólio] permite que a Petrobras foque nos ativos que têm potencial para elevar o retorno esperado do portfólio de forma sustentável", afirmou a companhia, sem indicar que negócios pretende vender no período.

A companhia diz que "segue fortalecendo suas iniciativas relacionadas aos aspectos ambiental, social e de governança (ESG), com o firme compromisso de acelerar a sua descarbonização e de atuar sempre de forma ética e transparente, com segurança em suas operações e respeito às pessoas e ao meio ambiente."

Assim, separou US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões) para iniciativas de descarbonização das atividades, como tecnologias de separação de CO² do petróleo e gás, sistemas de detecção de metano e projetos de redução de carbono nas refinarias, dentre outras.

"A maioria destas iniciativas são relacionadas à otimização da produção e/ou eficiência operacional, com importantes reflexos na redução das emissões", diz. A redução das emissões é uma das metas para a análise de desempenho dos executivos da companhia.

Entre metas de sustentabilidade, a Petrobras incluiu no plano a redução da intensidade de carbono e metano de suas atividades, reinjeção de CO² nos poços, redução das captações de água doce e crescimento zero na geração de resíduos.

A estatal vem recebendo críticas por não seguir concorrentes, principalmente europeias, em esforços pela diversificação de suas atividades, diante da pressão cada vez maior pela redução da produção e do consumo de combustíveis fósseis.

No documento entregue à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta quarta, a estatal confirma que não terá orçamento para essa diversificação, mas diz ter criado um modelo de governança para avaliar projetos de diversificação das operações no futuro.

O objetivo, diz, é analisar "possíveis novos negócios que possam reduzir a exposição e a dependência das fontes fósseis e, ao mesmo tempo, sejam rentáveis, garantindo a sustentabilidade da companhia no longo prazo".

Este ano, a resolução final da COP26 citou pela primeira vez a necessidade de redução de subsídios ineficientes a combustíveis fósseis, o que foi encarado como um duro recado aos setores de petróleo e carvão.

Antes do encontro em Glasgow, a Agência Internacional de Energia e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas já haviam emitido alertas sobre a necessidade de reduzir a produção de combustíveis fósseis.

"O modelo estratégico adotado mantém-se ancorado na premissa de produzir petróleo e gás compatível com cenários de descarbonização acelerada da sociedade, adotando o conceito da dupla resiliência: econômica, resiliente a cenários de baixos preços de petróleo, e ambiental, com baixo carbono", afirmou.

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