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Acusado de lucrar com negacionismo, Substack defende liberdade de expressão

Estimativa aponta ganho de 'milhões com conteúdo antivacinas'; plataforma diz que 'censura' reduziria ainda mais a confiança no jornalismo

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São Paulo

Reportagem do Washington Post, a partir de estimativas de uma organização inglesa, publicou que a plataforma jornalística Substack "fatura milhões com conteúdo contra vacinas". No título, "Teóricos de conspiração, banidos de redes sociais maiores, conectam-se com o público através de newsletters e podcasts".

A publicação foi seguida de outras e do eco, em mídia social, por personalidades da política americana como Chelsea Clinton, filha do ex-presidente Bill Clinton. "A fraude continua forte", escreveu ela. "Por que o Substack está ajudando os negacionistas a lucrar com mentiras (e lucrando ele também)?"

Logo da plataforma Substack - Olivier Douliery/AFP

A denúncia se concentra em Joseph Mercola, que foi banido do YouTube e do Facebook após denúncias semelhantes e que estaria levantando, segundo a organização Center for Countering Digital Hate, mais de US$ 1 milhão por ano com sua newsletter.

A plataforma respondeu com uma postagem assinada por seus três cofundadores, escrevendo, sem citar o jornal, que "a confiança na mídia tradicional está em seu nível mais baixo", assim como nas redes sociais, e "mais censura só vai tornar as coisas piores".

Diante da "pressão crescente para censurar o conteúdo publicado no Substack", escrevem que "a resposta continua a mesma: tomamos decisões com base em princípios e não em relações públicas, defendemos a liberdade de expressão [...] mesmo quando significa tolerar a presença de autores dos quais discordamos".

A mensagem foi reproduzida online e apoiada por alguns dos jornalistas de maior alcance na cobertura política do Substack, como Matt Taibbi e Glenn Greenwald. Ambos lembraram que não é a primeira ação da organização inglesa contra sites jornalísticos --à direita e à esquerda.

"Censores têm a fantasia de que, se se livrarem dos Mercolas, todos os que agora resistem irão correndo tomar vacina", escreve Taibbi. "É o oposto. Se eliminar os críticos, as pessoas terão certeza de que há algo errado com a vacina. O Substack, graças a Deus, ainda entende isso."

No final de 2021, o Substack anunciou ter passado de 1 milhão de assinantes, contra 250 mil no final de 2020. Há newsletters gratuitas, mas a maioria cobra entre US$ 5 e US$ 15 por mês. Os autores recebem perto de 90% do que é arrecadado, com cerca de 10% indo para a plataforma, e 3%, para uma empresa de pagamentos.

Além de jornalistas, escrevem no Substack personalidades como o médico Eric Topol, um defensor proeminente das vacinas nos Estados Unidos, o escritor Salman Rushdie e a cantora Patti Smith.

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