Brasileiros voltam a viajar e voos nacionais chegam a 90% do nível pré-pandemia

Alta no preço dos combustíveis e judicialização do setor preocupam setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O mercado doméstico de voos no Brasil fechou o mês de novembro quase no mesmo nível do período pré-pandemia, informou nesta terça-feira (14) a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês).

Dany Oliveira, presidente da entidade no Brasil, diz que a demanda por voos ficou em 91% em relação ao nível de 2019. Na comparação com o mesmo período em 2020, novembro deste ano já teve movimentação 40% superior.

Desembarque no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia de início da exigência do passaporte da vacina - Zanone Fraissat/Folhapress

Para o mercado doméstico de voos, ou seja, os que ligam destinos dentro do país, a Iata espera que as perdas e os cortes de linhas ocorridos durante a crise sanitária sejam totalmente superados em 2022. Já entre as conexões internacionais, a recuperação só deve ocorrer a partir de 2023.

"O Brasil só ganha da Argentina na conectividade em relação aos outros países da América Latina. Restaurar a conectividade aérea depende da colaboração de governos e indústrias, a partir de práticas simples, eliminando incertezas para que os viajantes entendam as regras", disse Oliveira.

No cenário internacional, vem da variante ômicron do coronavírus a principal preocupação nas condições para a retomada da conectividade entre os países. A confusão de regras sanitárias, segundo o diretor da Iata, é um ponto de dúvida.

A associação chegou a desenvolver, no decorrer da pandemia, um aplicativo chamado Travell Pass, que busca unificar o acesso às informações, bem como as obrigações que permitam o acesso de passageiros aos diversos destinos.

"Governos estão criando novas restrições. Estamos vendo um impacto, mas não como foi no ano passado", disse o diretor da Iata.

Para os voos domésticos, as principais dificuldades para a sustentabilidade do setor são, segundo o executivo, o preço dos combustíveis de aviação, a desvalorização do real ante o dólar (quase 70% dos custos das companhias são em moeda americana) e a alta judicialização da atividade no Brasil. A Iata diz que o país é recordista mundial em ações judiciais contra companhias aéreas.

O combustível para aviação já está quase 100% mais caro, neste ano, do que em 2020. "Quanto maior, mais difícil é ter acessibilidade para tarifas mais competitivas."

Com a pandemia dando sinais de enfraquecimento, a Iata quer retomar uma agenda que havia sido definida em 2019, de buscar junto ao governo federal a revisão de marcos regulatórios, para chegar ao que a associação considera a desburocratização do setor.

A Iata diz que o Brasil tem imenso potencial para ganhar mercado na aviação. O país tem cerca de 100 milhões de passageiros, o equivalente a 0,5 viagens per capita. Em países como Canadá e Estados Unidos, essa proporção fica em 2,5 a 3 viagens per capita.

Um dos pontos centrais da agenda a Iata para 2022 é discutir a judicialização do setor. "A gente não pode achar normal o Brasil ser campeão mundial [de ações judiciais]. O que existia em 2019 é inaceitável. Temos que aproveitar a retomada para resolver isso", afirmou Oliveira.

Em 2019, as empresas nacionais sofreram 154 mil processos, uma alta de 141% em relação a 2018. No ano passado, o número absoluto de processos judiciais caiu, uma vez que os pousos e as decolagens também foram reduzidos, mas a proporção em relação ao total ainda foi alta, segundo Ricardo Bernardi, consultor jurídico da Iata.

Ele afirma que 90% dos processos ocorrem por problemas com bagagens e devido a atrasos e cancelamentos de voos. Enquanto no Brasil, a proporção foi, em 2019, de uma ação a cada 1,8 voos, nos Estados Unidos, essa relação fica em uma ação para cada 12.685 voos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.