Descrição de chapéu Folhainvest Banco Central

Dólar cai a R$ 4,84 e tem menor valor desde o início da pandemia

Moeda americana recua 1,44% no final da manhã; Bolsa sobe

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São Paulo

No sexto dia seguido de desvalorização, o dólar encerrou esta quarta-feira (23) com a menor cotação desde o início da pandemia de Covid-19. A moeda americana cedeu 1,44%, a R$ 4,8430.

Em 13 de março de 2020, dois dias após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado a disseminação global do novo coronavírus, o dólar terminou o pregão cotado a R$ 4,8280.

A cotação da moeda dos Estados Unidos também acumula queda de mais de R$ 1 em relação ao pico, atingido em 13 de maio de 2020, quando fechou em R$ 5,90. Os R$ 4,84 desta quarta representam uma queda de 18% desde então.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, subiu 0,16% nesta quarta, a 117.457 pontos, renovando o maior nível de fechamento desde 6 de setembro.

Ações excessivamente desvalorizadas na Bolsa, a possibilidade de ganhos no setor de commodities devido a ameaças de escassez do petróleo provocadas pela guerra na Ucrânia, além de juros domésticos altos, criam uma combinação que favorece a entrada de dólares no país. O resultado é a queda da taxa de câmbio.

Cédulas de dólar - Dado Ruvic - 14.fev.2022/Reuters

Neste ano, o real apresenta a maior valorização frente à divisa americana, quando o comparado a outras 23 moedas de países emergentes.

O retorno à vista da divisa brasileira está em 15,2% no acumulado de 2022, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora, diz que fluxo de recursos de investidores estrangeiros para a Bolsa é um dos principais motivos para a queda do dólar. "O Brasil continua atrativo para eles", afirma.

Entre janeiro e a última terça-feira (22), o saldo da movimentação de valores realizada por investidores estrangeiros na Bolsa do Brasil estava em R$ 84 bilhões. A quantia representa 82% do saldo de R$ 102,3 bilhões de todo o ano de 2021, que registrou o recorde da série histórica.

Preço do barril do petróleo passa dos US$ 120

Os preços do petróleo saltaram novamente nesta quarta, acompanhando o crescimento das preocupações de investidores sobre a possibilidade de redução dos estoques e o consequente aumento dos preços globais de energia.

A ausência de avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia justifica os temores do mercado sobre a possibilidade de um conflito prolongado com consequências negativas para as cadeias de suprimento.

A Rússia, uma das principais exportadoras de petróleo e derivados, já teve a entrada da matéria-prima que produz banida dos Estados Unidos. Punições semelhantes podem ser aplicadas por países da União Europeia.

No início da noite, o barril do petróleo Brent, referência mundial, avançava 5,14%, a US$ 121,42 (R$ 591,29). Com isso, a cotação da commodity se aproximava do US$ 127,98 (R$ 629,68), o maior valor registrado desde 2008.

A alta do petróleo, porém, também está tornando a renda fixa brasileira mais atraente.

Ao comunicar a elevação da taxa básica de juros (Selic) para 11,75% ao ano, na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) também sinalizou a possibilidade de elevações ainda mais agressivas dos juros em um cenário de alta do barril do petróleo Brent.

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, afirma que esse movimento do Banco Central, de vincular a alta dos juros à elevação da cotação do petróleo, ampliou as expectativas do mercado sobre um cenário de juros ainda mais elevados.

Analistas apontam que, diante dessa colocação do Copom, a taxa Selic deverá fechar 2022 em torno dos 13%.

O Brasil possui hoje um dos diferenciais de juros mais vantajosos do mundo. Investidores fazem essa classificação ao comparar os juros reais oferecidos por cada país. Essa relação diz respeito à diferença entre a taxa de referência para o crédito e a expectativa de inflação, estimada em 6,59% para este ano, segundo consulta do Banco Central.

Marco Mecchi, gestor de macro e renda fixa da AZ Quest, afirma que são os juros reais o principal atrativo do Brasil para os dólares de estrangeiros.

"Não é só a taxa de juros nominal, que são esses cerca de 12,75% que o país irá buscar, mas principalmente por conta desse diferencial de juros reais, considerando uma inflação em torno de 7%", comentou. "Vamos ter juros reais em torno de 6% [ao ano], enquanto os Estados Unidos vão continuar com juros negativos, mesmo subindo a taxa deles", disse.

Os juros americanos começaram a subir neste mês. A elevação de 0,25 ponto percentual, colocando a taxa de referência em um intervalo entre 0,25% e 0,50% ao ano, ainda representa pouco perto da inflação anual que neste momento está na casa dos 7%.

No mercado de ações dos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 1,29%, 1,23% e 1,32%, nessa ordem.

O declínio na sessão vem após uma série recente de ganhos, quando o mercado se recuperou de baixas recordes atingidas durante a guerra na Ucrânia.

Entre as maiores perdas do dia, as ações da Adobe recuaram 9,3%, depois que a desenvolvedora do Photoshop previu nesta terça-feira receita e lucro desfavoráveis no segundo trimestre.

Com Reuters

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