Imposto de importação do etanol vai a zero, inflação do papel e o que importa no mercado

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Governo tenta frear alta da comida e dos combustíveis

Para tentar conter a inflação, o governo zerou o imposto de importação do etanol, café, margarina, queijo, macarrão, açúcar e óleo de soja.

O que explica: enquanto para o combustível a medida tem como objetivo aliviar a alta do preço também da gasolina (que tem etanol em sua composição), para os alimentos ela atinge produtos que subiram muito nos últimos 12 meses.

A ideia do governo é que a iniciativa aumente a oferta desses itens no país, contribuindo para reduzir a pressão sobre os preços.

O que mais caiu: o governo também ampliou a redução do Imposto de Importação de bens de informática e de capital (máquinas e equipamentos) para 20%.

Em números: essas medidas vão custar cerca de R$ 1 bilhão aos cofres da União. Elas se somam a outras medidas de cortes tributários feitos por governo e Congresso neste ano que já somam R$ 55,2 bilhões.

Mais sobre inflação

O mercado subiu pela décima vez seguida a projeção de alta do IPCA para o fim deste ano, e agora vê o índice em 6,59%, mostra a pesquisa Focus, do BC. Para 2023, a estimativa também subiu, para 3,75%.

No primeiro levantamento após a alta de juros da semana passada, os analistas elevaram sua projeção para a Selic, com a taxa em 13% ao ano no fim de 2022 e 9,0% em 2023.


Brasileiro é forçado a evitar o carro

Para evitar tirar o carro da garagem e gastar com combustível, o brasileiro já faz mudanças na sua rotina, evita viagens longas a lazer e opta pelo transporte público, bicicleta ou até skate.

Em números: apesar do último mega-aumento da Petrobras ter chamado mais a atenção, o preço da gasolina já vinha de uma forte alta no ano passado, quando disparou 47,49% para o consumidor e puxou a alta do IPCA no período.

Com a inflação da gasolina, o advogado Marcos Barbosa reduziu viagens e tenta deixar o carro mais tempo na garagem
Com a inflação da gasolina, o advogado Marcos Barbosa reduziu viagens e tenta deixar o carro mais tempo na garagem - Karime Xavier/Folhapress

Efeito cascata? Além do impacto para os motoristas, os economistas alertam que o mega-aumento também deve chegar ao frete e encarecer praticamente tudo que é movimentado pelas estradas do país.

Há também uma pressão para o aumento das passagens do transporte coletivo, o que seria uma pressão adicional à inflação.

Mais sobre alta dos combustíveis:

Após um pedido dos EUA para que o Brasil ampliasse sua produção a fim de elevar a oferta de petróleo no mundo, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) afirmou que o país não consegue colocar a medida em prática imediatamente.


Dólar abaixo de R$ 5

A cotação do dólar caiu 1,45% nesta segunda-feira, para R$4,94. A moeda americana fechou abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde o final de junho do ano passado.

O que explica: a queda da divisa neste ano está relacionada à enxurrada de recursos gringos na Bolsa brasileira. Os investidores estão atentos a dois setores com forte participação no índice Ibovespa:

  • Commodities: estão em alta desde a invasão russa à Ucrânia. Nesta segunda, o barril do petróleo Brent subiu 7,95%, a US$ 116,51 (R$ 578,58). A possibilidade de sanções da União Europeia ao petróleo russo e o ataque a instalações sauditas pressionaram as cotações.
  • Bancos: as instituições costumam registrar maior margem em seus lucros em momentos de escalada dos juros no Brasil. O aperto monetário também mantém a renda fixa brasileira atraente para os estrangeiros.

Em números: os gringos entraram com R$ 73,5 bilhões no mercado acionário brasileiro neste ano, segundo os dados da B3. Esse valor representa 72% do saldo de recursos estrangeiros na Bolsa registrado em todo o ano de 2021.

O dia nas Bolsas: empresas ligadas às commodities e aos bancos registraram as maiores altas do dia. Petrobras e a Vale, os papéis mais negociados, subiram 3,76% e 2,83%, respectivamente.

Nos EUA, os índices inverteram de direção e fecharam no negativo após Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizar que pode ser necessária uma alta de 0,5 ponto percentual nos juros em uma ou mais reuniões para enfrentar a inflação. As estimativas do mercado eram de avanço de 0,25 p.p. a cada encontro até o final do ano.


Alta do papel ameaça livros e HQs

O preço do papel disparou no início deste ano e o resultado já chegou aos consumidores, com livros e revistas mais caros e uma menor variedade de publicações.

O que explica: a pandemia, além de encarecer o frete e os insumos, também gerou uma demanda forte por celulose e por outros tipos de papel, como os destinados a entregas –um reflexo do boom do ecommerce no período.

Como a celulose é uma commodity e boa parte da matéria-prima é importada, a cotação do dólar também pressiona os custos das editoras brasileiras.

Em números: na produção nacional destinada a linhas editoriais, a inflação chegou a 65% somente nos últimos dois meses, e os altos custos devem fazer o mercado gráfico e editorial encolher ainda mais.

Não é só no papel: a inflação das matérias-primas também atinge outros setores. Sondagem do FGV Ibre feita em janeiro mostrou que 47% das companhias consultadas apontaram a alta no preço dos insumos como o principal problema enfrentado por elas.


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