Descrição de chapéu petrobras

Ministro da Infraestrutura diz não ver risco agora de greve de caminhoneiros

Tarcísio de Freitas diz que recebeu questionamentos, mas avalia que categoria entende impacto da guerra

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Brasília

Apesar de ameaças feitas nesta quinta-feira (10), o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) diz não vislumbrar risco de paralisação de caminhoneiros no país por causa do mega-aumento no preço do diesel.

Integrantes da categoria reagiram ao reajuste divulgado pela Petrobras na quinta.

O ministro da Infraestrutura disse à Folha acompanhar a situação e afirma que recebeu uma série de questionamentos da categoria ao longo da quinta.

Fila de carros num posto na Rua Alberto Folloni, no bairro Juvevê, em Curitiba. - Andrea Torrente/Folhapress

"Nas conversas, embora muito preocupados com o aumento, tenho percebido que eles [os caminhoneiros] estão entendendo o impacto da guerra. E estão percebendo também o esforço feito pelo Congresso em mudar a tributação e pelo governo, em termos de estudo para amenizar o aumento", afirma Freitas.

"Como está havendo essa compreensão, não vislumbro neste momento risco de paralisação", diz.

A Petrobras divulgou na quinta que haverá alta de 18,8% para a gasolina, 16,1% para o gás de cozinha e 24,9% para o diesel nas refinarias.

No caso do diesel, o valor subirá quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51.

À coluna Mônica Bergamo, um dos principais líderes da greve de caminhoneiros de 2018, Wanderlei Alves, o Dedeco, disse que o Brasil tem que parar em protesto contra o aumento.

"Os caminhoneiros autônomos e os empresários de transporte têm que se unir e parar o país. Ninguém vai aguentar. As transportadoras que têm 500, mil caminhões, com milhares de funcionários para pagar, vão quebrar", afirma Dedeco.

Como relatou o Painel, integrantes do governo ficaram inquietos com as mensagens e áudios que circularam no dia do mega-aumento da Petrobras.

As ameaças que circularam incluíram bloqueios na BR-163, a rodovia da soja, em Mato Grosso e Pará, e greve de "cegonheiros" no ABC paulista, o que afetaria a indústria automotiva. Outro líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, se disse arrependido de votar em Bolsonaro frente ao reajuste da Petrobras, como mostrou a Folha.

"Apoiei o Bolsonaro, fiz campanha para ele, e de graça. Recebi a comenda do mérito de Mauá, o maior mérito do transporte que existe no Brasil, pelos serviços prestados ao transporte. E, com toda sinceridade, não trabalho mais para ele, não voto nele. Tudo o que prometeu para nós, ele não cumpriu", disse Landim.

Chorão e outros dois representantes dos caminhoneiros ouvidos pela Folha, José Roberto Stringasci, da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil), e Carlos Alberto Dahmer, da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística), disseram não ter intenção de convocar paralisação da categoria.

Eles, dizem, porém, que vão se manifestar como membros da sociedade civil.

Nesta quinta, como uma medida para tentar evitar que a alta dos combustíveis seja repassada aos consumidores, o Congresso aprovou projeto de lei que altera a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis e zera as alíquotas de PIS/Cofins sobre diesel e gás até o fim de 2022, ano eleitoral.

Pelo texto do PLP 11, os estados deverão regulamentar a criação de uma alíquota única de ICMS sobre os combustíveis no âmbito do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Além disso, o texto prevê a mudança no modelo da alíquota, de um porcentual sobre o valor (ad valorem) para um valor fixo sobre o litro (ad rem).​

A alíquota única deverá ser aplicada sobre gasolina, diesel, etanol e gás de cozinha. Inicialmente, também valeria para querosene para aviação, mas os deputados excluíram a possibilidade. Embora unificadas entre os estados, as cobranças poderão ser diferenciadas por tipo de combustível, de acordo com o texto.

Enquanto isso não for implementado pelos governadores, o imposto sobre o diesel e o biodiesel deverá ser cobrado sobre uma base de cálculo definida, obtida pela média móvel dos últimos cinco anos.

A regra, tratada como uma transição, valeria até 31 de dezembro de 2022. Na prática, o texto força uma mudança imediata no imposto.

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