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Entenda por que os caças Gripen vieram de navio para o Brasil

Aviões que aportaram em Navegantes (SC) são parte de uma encomenda de 36 unidades pelo governo do Brasil

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Aeroin

Os dois primeiros caças suecos Gripen para emprego operacional na FAB (Força Aérea Brasileira) chegaram na noite desta sexta (1º) ao Brasil e despertaram curiosidade: muitas pessoas se perguntaram por que eles não vieram voando.

Os dois aviões que aportaram em Navegantes (SC) são parte de uma encomenda de 36 unidades pelo governo do Brasil. Entenda a escolha pelo meio de transporte abaixo.

Operação de descarga dos caças Gripen comprados pelo governo brasileiro - Anderson Coelho - 2.abr.2022/Folhapress

​Por que não veio voando?

O Gripen E/F é um caça novo, baseado no antigo Gripen A/B/C/D, mas com muitas modificações, e ainda não foi homologado por nenhuma autoridade aeronáutica. Com isso, fica mais difícil de países aceitarem o sobrevoo, ainda mais tratando-se de uma aeronave militar.

Outro empecilho seria a distância e a quantidade de países sobrevoados —oito espaços aéreos— num total de 10 mil quilômetros de distância.

Por sua vez, a distância máxima que o Gripen conseguiria voar sem ser reabastecido, na configuração de translado (sem armas) e com dois tanques auxiliares sob as asas, é de 4.000 km, sendo necessário ao menos duas paradas no trajeto.

O Gripen, como qualquer caça moderno, é abastecido com JP-8, o querosene de aviação militar disponível apenas em bases aéreas, não em aeroportos civis.

Por que não veio sendo reabastecido?

Reabastecer em voo para economizar escalas levanta novamente o problema de se requerer pelo menos mais um avião na operação, encarecendo custos e demandando mais autorizações. Além disso, a própria FAB ainda não está acostumada com o reabastecimento em voo do Gripen usando o KC-390.

E um porta-aviões?

Outra possibilidade seria alugar um porta-aviões para transportar os caças, dado que a Marinha do Brasil não tem porta-aviões, sim porta-helicóptero.

O Gripen tem uma versão naval planejada, mas nada de concreto sobre seu desenvolvimento foi divulgado, já que nenhum de seus operadores tem planos firmes para comprar um porta-aviões. Logo, a versão atual teria que ser colocada por guindates no deck.

Tal meio de transporte foi usado pelos EUA com caças F-5, entregues em massa para o Vietnã do Sul, mas com uma quantidade maior e necessidade mais urgente. Além disso, a burocracia e os custos seriam enormes.

Caças são guinchados do navio Marsgracht para o pátio - Anderson Coelho - 2.abr.2022/Folhapress

Por que Navegantes e não Rio, Natal ou Santos?

Apesar de essas três cidades serem bem maiores do que Navegantes, os seus portos não são tão próximos dos aeroportos.

O Portonave, onde o Gripen NG desembarcou, está a menos de 3 quilômetros do Aeroporto Internacional de Navegantes, com um traçado favorável pelas ruas da cidade.

Todos os outros aeroportos brasileiros de onde Gripen poderia partir estão distantes de portos. A FAB e a SAAB tem se precavido, e quanto menos o Gripen andar nas ruas, pegar trânsito e ficar exposto, melhor.

Sendo assim, a opção mais barata e viável foi passar com o avião pelas ruas de Navegantes, o que deve ocorrer novamente com a chegada dos próximos produzidos no exterior.

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