Produção de veículos fecha primeiro trimestre com 17% de queda

Houve recuo de 7,8% na comparação entre os meses de março

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A produção de veículos leves e pesados fechou o primeiro trimestre com queda de 17% em relação ao mesmo período de 2021.

Na comparação entre os meses de março, houve recuo de 7,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta (8) pela Anfavea (associação das montadoras).

Foram montadas 184,8 mil unidades no último mês, o que representa uma alta de 11,4% em relação a fevereiro.

Os resultados seguem abaixo do projetado pela Anfavea no início do ano –em janeiro, a entidade projetava uma alta de 9,4% na produção de veículos leves e pesados.

"Temos dificuldade sim, os números poderiam ser melhores, mas estão em linhas com a nossa previsão", diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. O executivo afirma que a projeção contempla um licenciamento menor no primeiro semestre, com a expectativa de que a situação será melhor a partir do segundo trimestre.

Na avaliação da associação, o resultado de março é considerado bom devido aos problemas com fornecimento de semicondutores que afetaram algumas montadoras no período.

Motoristas fazem fila para abastecer seus carros em posto de combustíveis, em Brasília - Ueslei Marcelino - 10.mar.2022/Reuters

"Além da questão dos semicondutores, tivemos impactos negativos da onda ômicron nos primeiros dois meses do ano, por seu alto índice de contágio, e um volume de chuvas e alagamentos acima da média, afetando o deslocamento dos clientes e o funcionamento de várias concessionárias", diz o presidente da Anfavea em nota enviada após a coletiva desta sexta.

Os licenciamentos de veículos novos caíram 23,2% na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2021. Com 402,8 mil unidades vendidas, o período de janeiro a março deste ano registra o pior resultado desde 2006, segundo dados da Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos).

Os estoques são suficientes para 25 dias de vendas, com 125,5 mil unidades paradas nas concessionárias e nos pátios das montadoras. Esse número vem crescendo em 2022 e já é o maior em 17 meses. A Anfavea, contudo, acredita que pode haver um represamento das vendas devido à expectativa de novas mudanças nas alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

A Anfavea espera que a redução sobre as alíquotas do tributo passe de 25% para 33%. "Mas há sempre movimentos políticos e a questão da Zona Franca [que pode perder competitividade], mas não podemos parar a redução dos custos no Brasil só por causa de Manaus", diz Moraes.

No segmento de usados, a queda é de 24,6% no acumulado deste ano. Entre janeiro e março, foram negociadas 2,29 milhões de unidades.

Moraes diz que ainda é muito cedo para fazer alguma revisão das previsões, o que deve ocorrer em alguns meses.

O presidente da entidade falou também sobre o estudo feito pela Ipsos Brasil, empresa global de pesquisa de mercado.

Segundo o levantamento, 43,1% das 1.549 pessoas entrevistadas no Brasil mencionaram o preço dos combustíveis como principal empecilho para compra de um carro, seja novo ou usado. Foi o ponto mais citado espontaneamente, seguido da alta carga tributária (37,6%) e da instabilidade econômica (36,8%).

"A pesquisa confirma o que já estávamos falando, e é natural que isso ocorra", diz Moraes. Para ele, além do efeito prático, a questão do combustível traz também um efeito psicológico que desmotiva o consumidor e se soma às altas taxas cobradas nos finaciamentos.

"Temos spreads muito altos aqui no Brasil e isso ocorre também por problemas estruturais, como a dificuldade na retomada de bens [de financiamentos que não foram pagos]."​

O trimestre terminou ainda com queda de 2,9% no número de funcionários contratados pelas montadoras em relação ao mesmo período de 2021. O resultado é reflexo das demissões acumuladas ao longo do último ano, resultado das demissões na Ford e de outros cortes pontuais.

Houve também contratações, principalmente no setor de maquinário e de caminhões, que mantiveram bom ritmo de produção devido, principalmente, à demanda do agronegócio.

Apesar dos números ruins neste início de ano, as montadoras seguem anunciando planos de expansão e novos investimentos, com contratações.

O mais recente foi feito pela Nissan. Ashwani Gupta, diretor de operações da montadora japonesa, confirmou nesta quarta (6) que serão investidos US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) na fábrica de Resende (RJ), que hoje produz o SUV compacto Kicks.

O valor será usado para a modernização do complexo industrial: a unidade será preparada para a renovação da linha de veículos para a América do Sul. Com o retorno do segundo turno, foram contratados 568 novos funcionários.​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.