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Gasolina nos EUA chega a R$ 6,60 o litro e inflação acelera

O choque na bomba ocorre enquanto os preços continuam subindo depois de atingir um pico de quatro décadas

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Colby Smith Derek Brower
Washington e Nova York | Financial Times

​O preço médio da gasolina nos Estados Unidos atingiu US$ 5 o galão (R$ 6,60 o litro) pela primeira vez na história no sábado (11), aumentando ainda mais a pressão sobre a maior inflação em quatro décadas, que se tornou politicamente cara para o governo Biden.

O novo marco de US$ 5, relatado pelo clube de automobilistas AAA, significa que os preços da gasolina nos EUA aumentaram mais de dois terços no último ano e mais que dobraram desde que Joe Biden assumiu a Presidência.

O aumento dos preços da energia alimentou uma parte substancial do contínuo aumento da inflação, que acelerou novamente em maio e agora está no ritmo anual mais rápido desde dezembro de 1981. O último índice de preços ao consumidor, divulgado na sexta-feira (10), mostrou que os preços subiram 1% só no último mês, ou 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

Homem abastece veículo em posto de combustível no bairro do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos
Homem abastece veículo em posto de combustível no bairro do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos - Michael Nagle - 9.mar.2022/Xinhua

O governo tentou repetidamente culpar o presidente russo, Vladimir Putin, apontando a invasão da Ucrânia pela Rússia como a principal razão do forte aumento de preços do petróleo, o que por sua vez elevou os custos do combustível.

O índice internacional de petróleo Brent subiu para mais de US$ 120 o barril desde que Moscou ordenou a entrada de tropas na Ucrânia —contra os mínimos de quase US$ 10 por barril durante a fase profunda da pandemia, há dois anos.

Nos últimos meses, a Casa Branca anunciou a liberação de volumes recordes de petróleo de um estoque de emergência federal para aliviar a crise de oferta, e também pediu à Arábia Saudita e outros países da Opep+ que aumentem significativamente a oferta.

A Casa Branca também culpou as companhias petrolíferas americanas por sua relutância em perfurar.
Falando em Los Angeles na sexta-feira, Biden mirou a ExxonMobil, a maior empresa de petróleo dos EUA, dizendo que "ganhou mais dinheiro do que Deus este ano".

Executivos de companhias petrolíferas americanas dizem que a exigência dos investidores de Wall Street de que gastem o lucro dos altos preços do petróleo em dividendos, e não em nova produção, conteve as despesas com novos suprimentos.

Biden e outras autoridades, incluindo a secretária do Tesouro, Janet Yellen, disseram repetidamente que combater a alta inflação é a "prioridade número um" do governo, mensagem que eles entenderam quando os índices de aprovação do presidente atingiram recordes de baixa.

Parlamentares republicanos aproveitaram a oportunidade para interrogar Yellen esta semana em depoimentos ao Congresso, forçando-a a defender o governo Biden das acusações de que ele alimentou as pressões de preços por meio de seus gastos.

Biden também encorajou o Federal Reserve a fazer o que for preciso para combater a inflação, enfatizando sua independência à medida que aumenta rapidamente as taxas de juros. Desde março, o banco central dos EUA elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, e na próxima semana deverá implementar mais um aumento de 0,5 ponto, após aplicar o primeiro desde 2000 em maio.

Uma série desses aumentos é esperada até o segundo semestre de 2022, já que o Fed pretende mudar "rapidamente" sua política monetária para um cenário "neutro", que não estimule mais a demanda.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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