Descrição de chapéu Financial Times

Netflix perde quase 1 milhão de assinantes no segundo trimestre

Companhia pretende criar plano de assinatura com anúncios e reprimir compartilhamento de senhas para contornar crise

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Anna Nicolaou
Financial Times

A Netflix perdeu cerca de 1 milhão de assinantes no segundo trimestre, um número menor que os 2 milhões que havia previsto que cancelariam suas contas. O resultado foi ajudado, em parte, pelo lançamento de uma nova temporada da série de sucesso "Stranger Things".

Para o terceiro trimestre, a Netflix projetou que ganhará 1 milhão de assinantes, uma recuperação mais lenta do que o 1,8 milhão de assinaturas esperadas pelos analistas de Wall Street.

Os resultados vêm alguns meses após a companhia assustar os investidores. Em abril, a gigante de streaming revelou que seu crescimento de assinantes durante uma década havia terminado, levantando dúvidas sobre o valor das empresas de entretenimento que lutam para competir no streaming.

Cena da quarta temporada da série Stranger Things, uma das maiores produções da Netflix - Tina Rowden/Netflix

O abalo percorreu Hollywood e causou uma liquidação de ações de grandes grupos de mídia, como Disney e Warner Bros Discovery, que levou a uma abordagem mais austera da produção de televisão e cinema nos últimos meses.

As ações da Netflix subiram 6% nas negociações após o expediente, mas ainda em queda de quase 70% desde o início do ano. A empresa foi atingida pela intensificação da concorrência, um mercado americano mais saturado e sua decisão de aumentar os preços num momento em que os consumidores estão enfrentando uma inflação crescente.

A Ásia-Pacífico foi a única região onde a Netflix adicionou assinantes no trimestre que terminou em junho. Nessa área, a companhia conseguiu 1,1 milhão de assinantes, perdendo 1,3 milhão nos Estados Unidos e Canadá e 800 mil na Europa, Oriente Médio e África.

Em uma carta aos investidores na terça-feira (19), a Netflix reconheceu que reacelerar seu crescimento será "um grande desafio", mas defendeu sua posição de "líder em streaming".

A empresa encerrou o segundo trimestre com 220,7 milhões de assinantes em todo o mundo, ficando bem à frente de suas rivais. A Netflix se gabou de que também tem mais influência na cultura pop do que as concorrentes, apontando um maior "volume no Twitter" de "Stranger Things" do que da série de televisão "Obi-Wan Kenobi" da Disney ou do filme "Top Gun Maverick" da Paramount.

A Netflix traçou planos para impulsionar o crescimento, anunciando que lançará no próximo ano um novo plano de pagamento para usuários que compartilham a conta. A empresa prometeu reprimir o compartilhamento de senhas, avaliando que 100 milhões de famílias usam o serviço sem pagar.

Depois de anunciar casualmente uma reviravolta na publicidade durante sua teleconferência de resultados do primeiro trimestre, a companhia ofereceu alguns detalhes sobre a estratégia. Disse que planeja lançar inicialmente um serviço mais barato e sustentado por anúncios em "alguns mercados onde os gastos com publicidade são significativos", no início de 2023. A Netflix revelou esta semana que está em parceria com a Microsoft para criar esse serviço.

"Nossa esperança é criar um modelo de publicidade para TV melhor do que linear, que seja mais transparente e relevante para os consumidores", afirmou.

A Netflix não disse quanto planeja investir no novo serviço. O cofundador Reed Hastings já havia se posicionado contra a publicidade por medo de que isso prejudicasse a reputação da plataforma como um lugar para os espectadores "relaxarem" sem a cacofonia dos anúncios.

A Netflix teve US$ 1,4 bilhão (R$ 7,62 bilhões) de lucro líquido sobre US$ 8 bilhões em receitas durante o trimestre. Ela disse que um dólar mais forte resultou num impacto de US$ 339 milhões (R$ 1,84 bilhão) na receita. A empresa registrou lucro por ação de US$ 3,20 (R$ 17,41), acima das expectativas dos analistas de US$ 2,96.

A Netflix obtém quase 60% de sua receita fora dos Estados Unidos, o que a deixa com "alta exposição" a oscilações nas taxas de câmbio.

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