Descrição de chapéu Financial Times União Europeia aeroportos

Ministro francês pede restrições a voos de jato particular

Clément Beaune entra no debate acalorado sobre medidas necessárias para economizar energia e limitar o aquecimento global

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Victor Mallet
Paris | Financial Times

O ministro dos Transportes da França, Clément Beaune, pediu a restrição de voos de jatos particulares por causa de sua enorme contribuição para as mudanças climáticas. Ele se somou a um debate cada vez mais acalorado na França sobre as medidas necessárias para economizar energia e limitar o aquecimento global.

"Sem recorrer à demagogia ou lançar ataques aleatórios, há alguns comportamentos que não são mais aceitáveis", disse Beaune, que é próximo do presidente Emmanuel Macron, ao jornal Le Parisien no fim de semana. "Acho que devemos agir para regular os voos de jatos particulares."

Embora possa haver viagens de negócios urgentes, voos de jatos particulares não podem ser feitos "apenas para o conforto dos indivíduos", diante dos esforços exigidos das pessoas comuns por Macron, disse Beaune.

Jato executivo de origem francesa Gulfstream G200 - Divulgação

Alguns políticos verdes e de esquerda, que formam o maior bloco de oposição na Assembleia Nacional francesa desde as eleições de junho, pediram a proibição total do uso de jatos particulares por empresários e ricos e dizem que querem propor um projeto de lei nos próximos meses.

"I Fly Bernard" [Eu voo Bernard], uma das várias contas abertas recentemente no Twitter, conquistou mais de 60 mil seguidores em sua campanha para rastrear voos, nomear e envergonhar os usuários de jatos particulares. O nome da conta é uma referência ao fundador do grupo LVMH, Bernard Arnault, a pessoa mais rica da Europa.

"É hora de banir os jatos particulares", disse Julien Bayou, secretário nacional dos Verdes, na semana passada. "É a medida que penalizaria o menor número de pessoas pelo maior e mais imediato impacto a favor do clima", afirmou ele ao jornal Libération.

A conscientização pública sobre as mudanças climáticas e o aumento dos custos dos combustíveis instigado pela invasão da Ucrânia pela Rússia aumentou na França durante um verão de seca extrema, incêndios florestais e altos preços da gasolina e do diesel.

Macron e seus ministros pediram aos cidadãos que economizem energia e estão preparando uma legislação para acelerar o investimento em energias renováveis. Eles não querem ser vistos pedindo à população comum que faça sacrifícios enquanto permitem que os ricos vivam suas vidas sem ser incomodados.

"A ideia não é impor uma proibição ou infringir as liberdades", disse uma autoridade do governo. "Mas há um problema real aqui se vamos pedir às pessoas comuns que diminuam o aquecimento e apaguem as luzes no inverno, e então alguém faz um voo de Paris a Nice por prazer."

Beaune quer levantar a questão numa reunião de ministros de Transporte da União Europeia em outubro e disse que seria mais eficaz ter um sistema de tributação de carbono em toda a UE ou regulamentação do uso de jatos particulares do que uma solução meramente francesa.

Um modelo pode ser a cláusula da lei francesa sobre mudança climática e resiliência que deveria limitar os voos comerciais domésticos quando a distância pode ser percorrida por trem em menos de duas horas e meia. No entanto, essa parte da lei foi diluída pelo Senado para permitir voos curtos em que a maioria dos passageiros estava em conexão de outros voos, e ainda não foi implementada.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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