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Nova regulação do BC afeta fintechs
O BC informou nesta segunda (26) uma mudança regulatória que, na prática, aproxima as tarifas cobradas em transações com cartões pré-pagos (emitidos por fintechs) e de débito (emitidos por instituições tradicionais), o que acaba afetando a receita dos bancos digitais.
A medida entrará em vigor a partir de 1º de abril de 2023.
Entenda: a mudança será na tarifa de intercâmbio, que é o quanto a credenciadora (empresa de maquininha) cobra do estabelecimento comercial a cada transação para remunerar o emissor do cartão.
- Hoje, a taxa dos cartões pré-pagos, que vai para os bancos digitais, é de 1,1% a 1,5%, em média. Com a mudança, cairá para 0,7%.
- A tarifa do débito, que tinha um teto de 0,8%, mas uma cobrança cumulativa média de 0,5%, foi simplificada para o limite de 0,5%.
Por que importa: a grande diferença entre as taxas era criticada pelos bancões, representados pela Febraban, que reclamavam de assimetria regulatória a favor das fintechs.
- Nesta segunda, o Nubank informou ao mercado que, se as mudanças estivessem valendo desde julho de 2021, sua receita teria sido afetada negativamente em 2,9%.
- As ações das fintechs brasileiras na Bolsa de Nova York terminaram em baixa. Nubank recuou 4,45% e PagSeguro tombou 7,96% –a empresa pertence ao Grupo UOL, que tem participação minoritária e indireta do Grupo Folha, que publica a Folha.
O BC, que inicialmente havia sugerido um mesmo teto de 0,5%, diz que optou por um limite diferenciado "reconhecendo a importância [dos cartões pré-pagos] para a inclusão financeira da população de menor renda e para a digitalização da atividade de pagamentos"
- A Zatta, que representa as fintechs, diz que a nova norma levou em consideração "o importante papel dos cartões pré-pagos para a inclusão financeira".
- A Febraban diz que a resolução contribui para reduzir as diferenças das tarifas nas contas de pagamento pré-pagas e de depósito, ainda que não tenham sido totalmente erradicadas.
Os brasileiros 'self-made' mais ricos
A Forbes divulgou sua lista de bilionários que construíram suas fortunas por conta própria. Entre os magnatas self-made, estão dez brasileiros.
Entenda: o termo é usado para definir empresários que engordaram os cofres a partir do próprio trabalho, e não somente de condições externas, como heranças.
- O levantamento da Forbes capta o patrimônio de cada um e tem como principal parâmetro a participação acionária em empresas listadas em Bolsas. A data escolhida como referência para a contabilização foi o dia 31 de maio de 2022.
Top 5: veja quem são os brasileiros self-made mais ricos:
- Jorge Paulo Lemann: com R$ 72 bilhões, é um dos fundadores da 3G Capital, gestora de recursos especializada no setor de consumo. Ela tem participações na belgo-brasileira AB InBev (de marcas como Stella Artois e Budweiser) e na Restaurant Brands International (Burger King e Kraft Heinz).
- Eduardo Luiz Saverin: dono de uma fortuna de R$ 52,8 bilhões, é cofundador do Facebook (hoje Meta), ao lado de Mark Zuckerberg e de outros três colegas.
- Marcel Herrmann Telles: tem R$ 48 bilhões e é um dos sócios da 3G Capital. Também é um relevante acionista da ClearSale, de soluções antifraude e score de crédito.
- Carlos Alberto da Veiga Sicupira: com R$ 39,85 bilhões, fecha a trinca dos principais acionistas da 3G Capital.
- Luciano Hang: acumula R$ 24,5 bilhões sendo o único dono da rede de lojas de departamentos Havan, com cem lojas físicas espalhadas pelo país e mais de 15 mil funcionários.
Veja aqui os outros cinco bilionários que completam o top 10 dos brasileiros self-made mais ricos.
Dólar sobe mais no Brasil
Em um ambiente global azedo, de aversão ao risco, o real teve o pior desempenho em relação ao dólar entre as principais moedas nesta segunda. A divisa americana fechou em alta de 2,43%, cotado a R$ 5,37, mas bateu R$ 5,41 durante o dia.
O Ibovespa também teve um dia pior do que os principais índices lá de fora. A Bolsa brasileira caiu 2,33%, aos 109.114 pontos.
O que explica: os analistas atribuem boa parte da depreciação do real a uma valorização global do dólar, que renovou seu valor diante de moedas fortes para a máxima desde 2002.
- A proximidade das eleições por aqui, que por si só já é um fator de risco aos mercados, pode ter contribuído para o real ter caído mais que outras divisas.
O dia foi marcado pela desvalorização da libra esterlina, que começou a sessão na mínima histórica frente ao dólar, valendo US$ 1,035, e fechou em US$ 1,068, recuperando parte das perdas.
- A queda vem depois de um pacotão do novo governo britânico para o corte de impostos no país, que assusta os especialistas por incentivar a demanda de consumo em um momento que o banco central local tenta reduzi-la com alta de juros.
Em números: apesar do recuo nesta segunda, o real é a moeda que mais se valoriza diante do dólar no ano quando comparado com outras principais divisas.
- A alta é de 3,43% no período, muito por causa do BC ter se antecipado em relação aos pares no ciclo de alta de juros.
- A libra tem o pior desempenho e despenca 21% no acumulado de 2022.
As vagas que ninguém quer nos EUA
Em um mercado de trabalho americano ainda aquecido, dificultando o controle da inflação, alguns setores foram especialmente afetados pela "grande renúncia" nos EUA e seguem com dificuldades para atrair trabalhadores.
Entenda: o problema é no setor de serviços, principalmente nos empregos de atendimento presencial ao consumidor, que perceberam um movimento de demissão em massa entre 2021 e 2022 motivado pelos baixos salários. Até agora, os trabalhadores não voltaram.
- Fazem parte dessa lista as vagas de lavadores de pratos, motoristas de caminhão, vendedores, garçons, agentes de aeroportos, enfermeiros domiciliares etc.
O que explica: essas funções, que costumam pagar menos, ficam em desvantagem em momentos como o atual, quando há duas vagas abertas para cada pessoa procurando trabalho.
- As grandes redes até oferecem bônus para contratação, mas os especialistas apontam que os americanos não querem só mais dinheiro, mas também melhores condições de trabalho, além de estabilidade.
- No primeiro ano da pandemia, 68% dos mortos nos EUA eram trabalhadores braçais, do varejo e de serviços.
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