Recados dos BCs na 'superquarta', falência da Itapemirim e o que importa no mercado

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Os comunicados da 'superquarta'

No dia conhecido como "superquarta" no mercado financeiro, o Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano, encerrando o seu mais longo ciclo de aperto monetário, e o Fed subiu os juros em 0,75 ponto, para um patamar entre 3% e 3,25% ao ano, o maior desde 2008.

No Brasil, a manutenção da taxa de juros veio em linha com a maioria das expectativas do mercado –uma minoria apostava em alta de 0,25 ponto.

  • O país segue na dianteira de maior taxa de juro real (que desconta a inflação) entre 40 economias, veja o ranking aqui.

O que explica a decisão: como há um atraso do efeito dos juros na economia, a decisão de hoje tem impacto sobre a inflação de parte do ano que vem e um pouco da de 2024.

  • Para 2023, as projeções do mercado vêm recuando. Já para 2024, elas subiram para 3,5%, acima da meta de 3%, com parte dos analistas esperando uma queda de juros já no começo do ano que vem.
  • O comunicado da reunião desta quarta veio duro, para tentar afastar essa visão: "[O BC] não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".

Nos EUA, o papo é outro. Lá, o ciclo de alta está longe de acabar, avaliação que é reforçada pela inflação surpreendente de agosto. O mercado de trabalho também segue aquecido, fator que dificulta o controle da inflação.

  • O que mais surpreendeu os analistas por lá e ajudou as Bolsas a recuarem no dia foi a projeção dos membros do Fed para a taxa de juros no final do ano. Ela foi de 4,4% na mediana, 0,25 ponto acima dos cálculos do mercado.

O que muda nos investimentos

Mesmo com a manutenção da Selic, a atratividade das aplicações em renda fixa segue alta, ainda mais ao considerar a queda recente das projeções de inflação.

  • Debêntures incentivadas e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), isentas de IR (Imposto de Renda), oferecem os melhores retornos, de acordo com o levantamento do buscador financeiro Yubb.
  • Saiba aqui quanto rendem R$ 1.000 na poupança, CDB e Tesouro com a Selic em 13,75%.

Itapemirim tem falência decretada

O Grupo Itapemirim teve a sua falência decretada nesta quarta pelo Tribunal de Justiça paulista.

Entenda: a decisão tira a empresa do processo de recuperação judicial (quando há tentativa de negociação com os credores) e a coloca em falência.

  • A determinação é de que o administrador judicial venda todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 dias. As dívidas tributárias somam cerca de R$ 2,8 bilhões.
  • O juiz ainda advertiu na decisão que os sócios e administradores poderão ter a prisão preventiva decretada caso seja verificado indício de crime previsto na lei da falência.

E agora? A decisão judicial autoriza o arrendamento emergencial por ao menos 12 meses de todas as linhas, guichês, marcas e parte dos imóveis operacionais da Itapemirim para a Suzano Turismo.

  • A Folha mostrou em julho que a proposta da transportadora foi considerada vantajosa pela administradora do processo de recuperação judicial.

Relembre a história da Itapemirim: fundada em julho de 1953 por um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, Camilo Cola, a empresa de transportes rodoviários foi vendida por R$ 1 em 2017 para Piva, que prometeu sanear suas dívidas.

  • Ele tem uma trajetória marcada por acusações de contratos não cumpridos e processos judiciais. Neste ano, teve o passaporte apreendido e foi afastado da gestão da Itapemirim.

Itapemirim e Sidnei Piva não responderam às tentativas de contato.


Quem é o indiano que superou Bezos

O magnata do carvão Gautam Adani, dono do maior conglomerado empresarial da Índia e aliado do governo local, desbancou Jeff Bezos do posto de segunda pessoa mais rica do mundo.

Segundo o ranking de bilionários da Bloomberg, ele está atrás apenas de Elon Musk.

Em números: Adani possui uma fortuna estimada em US$ 150 bilhões (cerca de R$ 775 bilhões), enquanto Bezos soma US$ 145 bi (R$ 749 bi), e Musk lidera com US$ 268 bi (R$ 1,385 trilhão).

O que explica: a variação da fortuna dos magnatas está fortemente ligada ao sobe e desce das ações das suas empresas.

  • Enquanto as de Adani se beneficiaram da energia encarecida pela guerra, os fundadores das big techs viram suas fortunas recuarem com o alta de juros no EUA, que penalizou os papéis de tecnologia.

Quem é Adani: com 60 anos, tem um conglomerado de empresas em diversos setores. Mineração de carvão, administração de portos e aeroportos, fabricação de cimento, distribuição de gás e produção de energia renovável são as principais áreas de atividade.

  • O crescimento recente da sua fortuna está muito ligado à figura do primeiro-ministro Narendra Modi, que assumiu o cargo em 2014.
  • Os dois vêm da mesma região do estado indiano de Gujarat, e Modi usava um dos jatinhos das empresas de Adani para fazer sua campanha, segundo o Times of India.
  • Em 2018, o governo indiano alterou uma regra permitindo que empresas sem experiência no segmento de administração de aeroportos pudessem participar de leilões de terminais.
  • O principal beneficiado foi Adani, que na época arrematou os seis aeroportos do leilão e se tornou um dos maiores operadores do setor da noite para o dia.

Seus objetivos para o futuro seguem ligados aos de Modi: transição energética. Apesar de sua fortuna ter sido construída com carvão, o magnata indiano prometeu investir US$ 70 bilhões (R$ 361 bilhões) em fontes renováveis.


Fila para figurinhas na Argentina

"No hay figus". É o que costuma aparecer em anúncios escritos à mão em muitas bancas de jornal da capital Argentina. Nos locais onde há figurinhas, a espera na fila chega a durar horas.

A falta do item insatisfaz tanto a população que o governo decidiu juntar o sindicato de quiosques e bancas do país com a Panini, fabricante oficial do álbum da Copa do Mundo, para achar uma solução para o problema.

A reclamação dos vendedores locais é que a fabricante tem priorizado a distribuição a redes de supermercados e a plataformas de compras online, como o Mercado Libre.

  • Também há relatos de que pessoas aproveitaram a alta procura para comprar grandes quantidades e depois revender no mercado paralelo, a um preço bem mais caro.

Em números: os preços oficiais sugeridos pela empresa são de 150 pesos o pacote com 5 figurinhas (US$ 1 ou R$ 5,35) e 750 pesos (US$ 5,18 ou R$ 26,75), o álbum. No Brasil, o pacote custa R$ 4.

A oposição questionou a definição de prioridade do governo, que deslocou assessores para resolver o problema das figurinhas enquanto o país enfrenta uma inflação anual de mais de 70%, com falta de produtos importados, aumento da pobreza e do desemprego.


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