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O que muda no mercado de criptomoedas após a fusão da Ethereum

Blockchain foi atualizada para reduzir consumo de energia do sistema em até 99,95%

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Joshua Oliver
Londres | Financial Times

A Ethereum concluiu uma atualização há muito esperada em seu sistema, num movimento que deve reduzir seus custos de energia e preparar o terreno para um uso maior da tecnologia de criptografia nas finanças convencionais.

A atualização, conhecida na indústria como "Merge" (Fusão) e que muda a forma como novas transações são verificadas na blockchain Ethereum, foi concluída na quinta-feira (15), disse o cofundador Vitalik Buterin.

A Ethereum alimenta grandes áreas do mundo Web3, que inclui aplicativos como colecionáveis digitais e sistemas financeiros descentralizados.

Representação física da criptomoeda Ethereum exibida em Dortmund, Alemanha - Ina Fassbender - 26.jan.2020/AFP

O evento, prometido pelos desenvolvedores há muitos anos, foi aclamado pelos fãs como um dos momentos mais significativos na curta história das criptomoedas. Eles planejaram "festas de fusão" em cidades em todo o mundo e acompanharam festas pelas redes sociais.

"Este é o primeiro passo na grande jornada da Ethereum para ser um sistema muito maduro. Ainda faltam etapas", disse Buterin aos desenvolvedores.

A Fusão marcou um teste de alto risco para o setor de criptomoedas, depois que a queda dos preços dos tokens nesta primavera eliminou US$ 2 trilhões (R$ 10,3 trilhões) do valor dos ativos digitais e abalou a confiança no mercado.

Mudar a arquitetura que sustenta a criptomoeda ether, de US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão), o principal token da blockchain Ethereum, e mais dezenas de bilhões de ativos e aplicativos relacionados é cheio de riscos, de problemas técnicos a disputas entre os participantes da rede descentralizada, mesmo após a fusão ser concluída.

Seus apoiadores esperam que uma fusão bem sucedida aumente a confiança na Ethereum, lançada em 2015 pelo programador russo-canadense Buterin, e nos inúmeros tokens e projetos executados em sua blockchain, bem como abafe as críticas sobre seu consumo de energia.

No entanto, os desenvolvedores da Ethereum disseram que precisariam monitorar a rede nas próximas horas e dias para garantir que a atualização funcione sem problemas.

"É uma tarefa complicada", disse Edouard Hindi, diretor de investimentos do fundo de hedge cripto Tyr Capital. "Um detalhe esquecido (...) pode gerar muita volatilidade, e o mercado está em clima de pânico."

A Fusão representa apenas um passo em um plano esboçado pelos desenvolvedores da Ethereum para superar os limites da capacidade da rede, que são vistos como um grande obstáculo para alcançar a adoção generalizada de finanças descentralizadas.

"[A Merge] resolve um problema, mas não resolve muitos outros", disse Lars Seier Christensen, cofundador do Saxo Bank, que hoje administra um projeto de blockchain chamada Concordium.

A Ethereum, como o bitcoin, até agora dependia de participantes da rede resolverem problemas matemáticos complexos para validar novos blocos, processo chamado prova de trabalho. O consumo de energia da Ethereum era semelhante ao da Finlândia.

A Fusão refere-se ao momento em que a blockchain Ethereum se vincula a uma nova rede onde as transações são validadas por um grupo de indivíduos e corporações que apostaram seus próprios tokens como garantia da segurança da rede, sistema chamado prova de participação.

A Ethereum Foundation estima que substituir a prova de trabalho reduzirá o consumo de energia da blockchain em cerca de 99,95%. Também eliminará a necessidade de mineradores de Ethereum, empresas que ganham dinheiro validando novos blocos por meio de prova de trabalho.

A antecipação da Fusão ajudou a impulsionar o preço do ether, que subiu cerca de 75% em relação ao seu ponto mais baixo, em junho. O ether ganhou terreno contra o bitcoin, que se recuperou apenas 15% no mesmo período.

No entanto, o esforço de anos para concluir a atualização salientou a dificuldade de se fazer melhorias na blockchain Ethereum. As transações na rede ainda são prejudicadas pela baixa velocidade e os altos custos, o que, segundo os críticos, limita a capacidade de crescimento do sistema.

Hindi disse que a fusão foi "apenas um passo na direção certa. Há mais três ou quatro etapas. É um processo de dois ou três anos. É um grande plano que está sendo lançado, e teremos muitas surpresas no caminho, boas e ruins."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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