Polícia Federal faz ação contra Sheik dos Bitcoins, ex-sócio de Malafaia

Barras de ouro, carros de luxo e relógios foram apreendidos em casas do Sheik e de outros investigados

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Brasília

A Polícia Federal no Paraná cumpriu 20 mandados de busca e apreensão contra um grupo empresarial envolvido em golpes com criptomoedas no Brasil e no exterior na manhã desta quarta (6).

Barras de ouro, relógios de marca, carros de luxo e dinheiro em espécie foram apreendidos em casas ligadas ao empresário Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, que é dono da Rental Coins e de outras cem empresas, que movimentaram cerca de R$ 4 bilhões desde 2018.

A PF chegou a pedir sua prisão, mas a solicitação foi negada pela Justiça Federal do Paraná.

A Folha ainda não havia conseguido contato com a defesa do empresário até a publicação deste texto. Em julho, a Rental Coins afirmou que atuava na Justiça e de forma extrajudicial na tentativa de fechar acordo com clientes que se sentiram lesados após a reestruturação econômica da companhia.

Ouro encontrado com grupo de Francis Silva, conhecido como Sheik dos Bitcoin
Ouro encontrado com grupo de Francis Silva, conhecido como Sheik dos Bitcoins - Divulgação PF

Ele é suspeito de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa. Sasha Meneghel, filha da apresentadora de televisão Xuxa, e seu marido João Figueiredo estão entre as vítimas do empresário.

No caso da filha de Xuxa, a modelo teria conhecido Francis em um culto numa igreja evangélica e os aportes na empresa alvo da PF teriam alcançado mais de R$ 1 milhão. Sasha e o marido cobram os valores em um processo judicial sigiloso.

Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik dos Bitcoins, no Paraná - Arquivo Pessoal

O Sheik dos Bitcoins chegou a ser sócio do pastor Silas Malafaia em uma loja digital com foco no segmento evangélico. A sociedade, no entanto, foi desfeita.

Segundo a PF, o grupo do empresário iludia pessoas que acreditavam em vultosos rendimentos provenientes do aluguel de criptomoedas.

A investigação teve início em março deste ano após o Brasil receber um pedido de cooperação internacional da HSI (Homeland Security Investigations), agência americana responsável pela apuração de crimes transnacionais.

De acordo com a PF, a agência americana informou que Francis Silva era investigado nos EUA "por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos".

"No Brasil, constatou-se que o investigado logrou êxito em iludir milhares de vítimas que acreditavam nos serviços por ele prometidos através de suas empresas, os quais consistiam no aluguel de criptoativos com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido", diz a PF.

Segundo a PF, além do aluguel de criptomoedas, o grupo criava criptoativos próprios que eram comercializados com a promessa de retornos mensais muito acima da média do mercado tradicional.

Esse ativos, diz a PF, não possuíam lastro e liquidez no mercado e a comercialização tinha como único objetivo manter as fraudes cometidas pelo grupo.

A investigação mostrou que os valores desviados dos clientes eram usados pelo empresário e seu grupo na compra de imóveis de luxo, carros, embarcações, roupas de grife, joias e viagens.

A operação da PF foi batizada de Poyais e as buscas são realizadas nas cidades de Curitiba (PR), São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ).

Em nota, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo, defensores de Sasha Meneghel e João Figueiredo, afirmam que o que aconteceu foi má-fé e que o casal foi vítima.

"Quem tiver interessado em atrair vítimas em golpes a partir de pseudo investimentos em criptoativos saberão que a lei é rigorosa."

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