Descrição de chapéu Eleições 2022

'Se fosse Bolsonaro, diria tudo que Lula fizer, faço mais, porque nós roubamos menos', afirma Guedes

Ministro também acusou PT de querer taxar Pix, algo que o partido não propôs

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São Paulo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ampliar as propostas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em áreas como salário mínimo e isenção do Imposto de Renda.

"Eu, se fosse o Bolsonaro, diria 'tudo que o Lula fizer, eu faço mais, porque nós roubamos menos. Nós não roubamos'. Não é isso? Quem rouba não consegue pagar muito. Se você paga um salário mínimo de R$ 1.200, eu pago R$ 1.400. Se você paga R$ 1.400, eu pago R$ 1.500", disse Guedes, durante entrevista coletiva na ACSP (Associação Comercial de São Paulo) nesta quinta (27).

"Só tenho uma certeza: quem não desvia recursos tem condição de pagar melhor", acrescentou.

Paulo Guedes, ministro da Economia, durante evento em Brasília em 6 de outubro - Ueslei Marcelino/Reuters

Antes da coletiva, Guedes deu uma palestra de cerca de uma hora, na qual disse várias vezes que o sistema de pagamentos Pix poderia ser usado para cobrar encargos de trabalhadores informais, e acusou o PT de planejar fazer isso caso vença as eleições.

"Os economistas do Lula dizem 'o pessoal precisa contribuir para a Previdência. Nós vamos cobrar deles uma contribuição para a Previdência'. Por que não vai perguntar para os economistas do Lula: é verdade que vocês vão tomar dinheiro da pessoa que ganha menos que o salário mínimo?", disse o ministro.

"Com o Pix é fácil. Alguém vai pagar, alguém vai receber. E aí você pode tributar no Pix os encargos trabalhistas", disse. "A cobrança poderia atingir 40 milhões de brasileiros. Eles fugiram para a informalidade, agora você vai perseguí-los através do Pix?", questionou.

O PT não fez propostas sobre taxar o Pix e já negou outras acusações de que planejaria mudanças no sistema que pudessem gerar custos extras. O partido defende que haja maior proteção social aos trabalhadores informais e microempreendedores, mas não falou sobre cobrar novas contribuições deles. Pessoas que trabalham como MEI (microempreendedores individuais) já contribuem com a Previdência.

No evento, Guedes criticou a imprensa por divulgar notícias que ele considera falsas e que prejudicam a campanha de reeleição de Bolsonaro.

Ele disse também que uma vitória "do outro candidato" trará um desastre na economia brasileira no próximo ano, porque as políticas adotadas hoje seriam descontinuadas. O ministro defendeu feitos de sua gestão, como a queda do desemprego neste ano. Para Guedes, só uma vitória de Bolsonaro garantirá um novo período de crescimento.

O ministro disse ainda que a proposta para o Orçamento de 2023 deve gerar um aumento real de 2% para o funcionalismo, porque a inflação deve ficar abaixo do que foi previsto na elaboração orçamentária.

"Vai ter aumento acima da inflação. Já está decidido. A inflação veio mais baixa, as previsões são de 5,5%, e como tínhamos reservado recursos para 7,5% [de aumento], então está garantido", disse o ministro.

O ministro voltou a prometer que o salário mínimo também terá aumento acima da inflação, mas disse que neste caso os recursos precisam vir de outras origens.

Guedes vem sendo criticado porque o Ministério da Economia esteve discutindo uma mudança que permitiria reajustar o salário mínimo sem considerar o índice de inflação passada. O caso, revelado pela Folha, tem gerado problemas para a campanha de Bolsonaro.

O ministro repetiu que o Brasil "está no caminho da prosperidade", que é respeitado no exterior e que está em situação melhor do que o resto do mundo. Disse ainda ter boas expectativas de que o Brasil conseguirá ver seu indicado, Ilan Goldjfajn, vencer a eleição para presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Mais cedo, na manhã desta quinta, Guedes havia dito que uma eventual vitória de Bolsonaro nas eleições deste ano garantiria que o pleito de 2026 seja pacificado, já que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente não concorreria e o atual presidente não poderia disputar um terceiro mandato.

"Se Bolsonaro ganhar esta eleição, o Lula se aposenta. O Bolsonaro não será reeleito, porque terá feito dois mandatos, então a próxima eleição já será uma eleição de centro, pacificada. Vai ser o Tarcísio, o Ratinho Junior, o Zema, e acabou a polarização no Brasil", afirmou.

Em outros eventos nesta semana, o ministro fez ataques a Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda que declarou apoio a Lula, e criticou as emendas de relator.

"Nós furamos o teto porque é um teto muito mal construído", afirmou. "É tão mal construído que o economista, não é nem economista, o ministro que estão falando que vai ser do Lula, o Meirelles, nem economista é", acrescentou, durante evento na Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), na quarta (26).

Também na quarta, ele havia criticado as emendas de relator por invadirem o espaço das políticas públicas no Orçamento, mas minimizou os riscos de corrupção envolvendo esses recursos, sob a justificativa de que eventuais desvios são menores do que em governos do PT.

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