Grupo Cosan anuncia compra de participação na Vale

Empresa pertence ao empresário Rubens Ometto, maior doador a campanhas eleitorais

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Rio de Janeiro

A Cosan, empresa controlada pelo empresário Rubens Ometto, anunciou nesta sexta-feira (7) a compra de 4,9% do capital da Vale, segunda maior empresa brasileira. A companhia informou ainda que pretende ampliar sua participação na mineradora para até 6,5%.

O anúncio surpreendeu o mercado e derrubou as ações da Cosan, que fecharam o pregão em queda de 8,72%. Entre investidores, gerou preocupações sobre o elevado custo e sobre risco de guinada estratégica de uma empresa com perfil operacional e acostumada a controlar subsidiárias.

"Esse movimento é mais um passo na jornada de diversificação de portfólio da companhia, investindo em ativos irreplicáveis nos setores em que o Brasil tem clara vantagem competitiva", afirmou a Cosan, em comunicado ao mercado.

fachada de edifício com uma placa verde e indicação do nome Vale
Placa de mina de cobre da Vale perto de Sudbury, no Canadá - Julie Gordon/Reuters

A empresa não detalhou o valor da operação, mas considerando o valor de fechamento do pregão desta quinta-feira (6), a compra de 4,9% da Vale movimentaria algo em torno de R$ 17 bilhões. Para chegar aos 6,5%, seriam necessários R$ 23 bilhões.

A Cosan informou tomará R$ 8 bilhões de bancos, que serão pagos com dividendos de outras empresas do grupo, a distribuidora de combustíveis Raízen e a empresa de gás natural Compass. Para elevar ainda mais a fatia, a Cosan conta com vendas de ativos.

A Vale é hoje uma corporação sem controlador. Seus maiores acionistas são o fundo de pensão Previ, com 8,61%, a Capital World Investors (6,69%), a BlackRock (6,33%) e a Mitsui (5,99%). Com a aquisição anunciada nesta sexta, a Cosan torna-se o quinto maior acionista da empresa.

O estatuto da mineradora tem uma cláusula conhecida como "poison pill", que dificulta a aquisição do controle por um único acionista, ao determinar a realização de uma oferta pública para compra de todas as ações por sócios que cheguem a ter 25% do capital.

Assim, a Cosan não poderia ser controladora da empresa. Em conferência com analistas, a direção da empresa confirmou que o controle não está entre seus objetivos.

"Vamos entrar para somar e garantir que a companhia e os executivos terão os recursos necessários, o alinhamento necessário em relação a alavancar todas as possibilidades que o portfólio da Vale permite", disse o presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães.

Ele disse que, num primeiro momento, a Cosan quer garantir que terá algum tipo de ascendência sobre a gestão da mineradora, para depois definir pelo aumento da participação. Os elevados dividendos da Vale também estão na mira do novo sócio.

Após duas tragédias com rompimentos de barragens em Minas Gerais, a mineradora se recuperou com a alta do preço do minério de ferro e registrou em 2021 o maior lucro da história das companhias brasileiras, de R$ 121 bilhões.

Outro ponto que ajudou a definir o negócio foi a exposição da Vale a receitas em outra moeda, já que a mineradora tem grande parte de sua receita de exportações de minério de ferro.

O grupo de Rubens Ometto nasceu no agronegócio, com a produção de cana-de-açúcar, e hoje tem operações em petróleo e gás, transportes, energias renováveis e créditos de carbono.

A Compass, que controla a distribuidora de gás canalizado Comgás, teve grande crescimento no último ano com a compra da distribuidora gaúcha Sulgás e da Gaspetro, subsidiária da Petrobras com participação em 19 outras distribuidoras pelo país.

Essa operação gerou grande questionamento no mercado pelo poder de negociação que dará à subsidiária da Cosan: caso fique com todas as participações, ela controlaria dois terços das compras de gás natural do país. Algumas delas, porém, serão vendidas.

O controlador da companhia, Rubens Ometto, destacou-se nos últimos anos como o maior doador de campanhas eleitorais no Brasil. Foi assim em 2018, quando colocou R$ 7,5 milhões, e é assim em 2022, já com R$ 5,7 milhões investidos em candidatos.

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