Guerra dos chips, vencedores do Nobel de Economia e o que importa no mercado

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Guerra dos chips

A decisão dos EUA de proibir a exportação de tecnologia para uma série de empresas chinesas fabricantes de chips, tomada na última sexta (7), seguiu balançando os mercados nesta segunda (10).

As ações das principais companhias do setor despencaram na Bolsa de Hong Kong e tiveram uma perda de valor de mercado total de US$ 8,6 bilhões (R$ 45 bilhões), segundo o Financial Times.

Entenda: a decisão anunciada pelos EUA tenta fechar o cerco para a produção de chips pela China. O governo norte-americano divulgou que 31 empresas do país asiático foram incluídas em uma lista comercial de companhias "não verificadas".

Na prática, a medida deve levar à proibição da exportação para as empresas da lista de chips semicondutores e de equipamentos para a sua fabricação. Entre as companhias, está a fabricante de chips de memória YMTC, uma das líderes do setor no gigante asiático.

Como lembra a colunista da Folha Tatiana Prazeres, os semicondutores são, de longe, o principal item de importação da China. Grande parte deles vem de Taiwan, território que está no centro das atenções geopolíticas.



Por que importa: a importância dos chips semicondutores para a indústria global ficou evidente durante o auge da pandemia, quando o excesso de demanda por produtos eletrônicos e o caos logístico atrapalharam a produção de consoles de videogames, computadores e principalmente de carros.

A desordem da pandemia e a dependência do mercado pelos semicondutores que vêm da taiwanesa TSMC (concentra 95% da produção global) motivaram as grandes potências (EUA, China e União Europeia) a subsidiarem ainda mais a produção caseira desses componentes.

  • É por isso que os EUA querem limitar a fabricação chinesa, numa decisão que acabou afetando as próprias empresas americanas do setor e inclusive a TSMC, escreve o colunista Nelson de Sá.

Os vencedores do Nobel

O presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA) durante a crise financeira de 2008, Ben Bernanke, ganhou ao lado dos também americanos Douglas Diamond e Philip Dybvig o prêmio Nobel de Economia de 2022 por suas pesquisas sobre o setor bancário e as crises financeiras.

"Os laureados criaram uma base para nosso entendimento moderno sobre por que os bancos são necessários, por que eles são vulneráveis e o que fazer sobre isso", disse John Hassler, integrante do comitê que organiza o prêmio, em anúncio nesta segunda.

Entenda: eles são estudiosos da teoria das corridas bancárias. Ela defende que os bancos e o sistema financeiro como um todo só estão seguros se as instituições financeiras estiverem bem reguladas – um exemplo são as garantias sobre o dinheiro depositado.

Em momentos de crise sistêmica, garantias financeiras podem evitar que os correntistas dos bancos corram para sacar suas reservas. Essa situação poderia gerar um efeito dominó, que começaria com a falência dos bancos e terminaria em crises econômicas profundas.



Crises de 1929 x 2008: a derrocada dos bancos foi apontada por Bernanke como uma das principais razões para a depressão americana dos anos 1930.

  • Em resposta à crise de 2008, muitos governos usaram dinheiro público para evitar a falência de grandes bancos, o que gerou críticas de parte da sociedade.
  • Diamond, um dos vencedores, disse que se a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, tivesse sido evitada, a crise da época teria sido menor. Na época, porém, Bernanke disse que não havia forma legal de salvar o Lehman.

Os vencedores:

  • Diamond é pesquisador de crises financeiras e liquidez e professor da Universidade de Chicago desde 1979.
  • Philip Dybvig, 67, é professor de bancos e finanças na Universidade Washington, em St. Louis.

Nobel que não é Nobel: o prêmio de ciências econômicas é o único que não fez parte do testamento de Alfred Nobel (1833-1896). Saiba aqui quem foi o engenheiro e químico sueco e veja aqui os vencedores das outras categorias.


Cosan tem mais um dia negativo

No segundo pregão desde que a Cosan anunciou seus planos para se tornar uma das maiores acionistas da Vale, a holding de Rubens Ometto perdeu quase R$ 5 bilhões em valor de mercado.

O valor considera a queda das ações na sexta (-8,72%) e nesta segunda (-7,51%).

Entenda: analistas do mercado questionam a estratégia da Cosan, que em outras ocasiões assumiu a operação de empresas que adquiriu –diferentemente da sua participação na Vale, em que será uma entre grandes acionistas de uma companhia fora de sua área de atuação.

A holding tem participações nos setores de petróleo e gás (Raízen e Comgás), transportes (Rumo), energias renováveis (Raízen) e créditos de carbono e considera a aquisição da Vale como parte do seu objetivo de diversificar os negócios.

Em números: a Cosan já adquiriu 1,5% do capital da Vale e por meio de derivativos vai comprar mais 3,4%. A ideia é chegar a uma fatia de 6,9% na mineradora, num processo que, a preços atuais, valeria cerca de R$ 22 bilhões.

  • Para se ter uma ideia do tamanho da operação, o valor de mercado da Cosan nesta segunda era de algo ao redor de R$ 28 bilhões.

O que dizem os analistas:

  • "O movimento é muito complexo para os benefícios que podem causar", escreveram os especialistas da Ativa Research.
  • "A transação é muito grande e deve pressionar as ações do grupo em função do risco de emissão de novas ações, além de impactar negativamente no risco de crédito da empresa", disseram os analistas da Guide Investimentos.

O que diz a Cosan:

  • "Vamos entrar para somar e garantir que a companhia e os executivos terão os recursos necessários, o alinhamento necessário em relação a alavancar todas as possibilidades que o portfólio da Vale permite", afirmou o presidente da empresa, Luis Henrique Guimarães, em teleconferência na sexta.

Defasagem dos combustíveis nos dois dígitos

A defasagem entre os preços internos dos combustíveis e as cotações internacionais atingiu dois dígitos nesta segunda, em meio à pressão do governo para a Petrobras não reajustar os preços durante o período eleitoral.

Em números: na abertura do mercado, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,36 por litro, ou 10%, abaixo da paridade de importação (entenda o conceito aqui).

  • No caso do diesel, a diferença era de R$ 0,75 por litro, ou 13%. Os números são da Abicom (associação de importadores).
  • Na noite desta segunda, o barril do tipo Brent, referência para a Petrobras, caía 0,6%, a US$ 95,62 (R$ 496).

A Refinaria de Mataripe, única que não é controlada pela Petrobras, decidiu repassar, no sábado (8), a alta das cotações. O preço da gasolina foi elevado em 9,7% e o do diesel S-10, em 11,3%. A refinaria é controlada pelo fundo árabe Mubadala.

O que explica a alta do petróleo: as cotações vinham em queda nos últimos meses refletindo o temor de uma desaceleração global como reflexo da alta de juros.


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