Reino Unido aumenta impostos de empresas em reviravolta de Liz Truss

Primeira-ministra nomeou Jeremy Hunt como novo ministro das Finanças

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William James
Londres | Reuters

O imposto corporativo no Reino Unido subirá para 25%, disse a primeira-ministra, Liz Truss, depois de demitir o ministro das finanças Kwasi Kwarteng e voltar atrás em um programa de redução de impostos nesta sexta-feira (14).

Em 23 de setembro, Kwarteng havia dito que o imposto corporativo seria congelado em 19%, eliminando um aumento para 25% planejado por seu antecessor, e anunciou uma série de outros cortes de impostos não financiados que, desde então, têm abalado os mercados financeiros.

A primeira-ministra britânica, Liz Truss, durante coletiva de imprensa em Londres - Daniel Leal/Pool via Reuters

Truss, falando apenas horas depois de dispensar Kwarteng, disse que havia decidido manter o aumento, um movimento que aumentará as contas públicas em 18 bilhões de libras (US$ 20 bilhões).

"É claro que partes do nosso miniorçamento foram além e mais rápido do que os mercados esperavam", disse Truss em uma coletiva de imprensa. "Precisamos agir agora para tranquilizar os mercados em relação à nossa disciplina fiscal."

As despesas do governo britânico aumentarão com menos rapidez do que o previsto anteriormente como parte de um esforço para reduzir a dívida como proporção do PIB a médio prazo, disse a primeira-ministra.

"Vamos controlar o tamanho do Estado para garantir que o dinheiro dos contribuintes seja sempre bem gasto. Nosso setor público se tornará mais eficiente na prestação de serviços de classe mundial para o povo britânico e os gastos crescerão com menos rapidez do que o planejado anteriormente", disse Truss.

As empresas britânicas não haviam sido muito favoráveis ao congelamento dos impostos corporativos. Muitas dizem que a estabilidade política e econômica é mais importante para sua capacidade de tomar decisões e fazer negócios do que quanto pagam de impostos.

Desenhado com o objetivo de impulsionar o crescimento, o programa de corte de impostos de 45 bilhões de libras (US$ 50 bilhões) golpeou a libra, forçando o Banco da Inglaterra a intervir para estabilizar os mercados, e causou reações políticas.

Kitty Ussher, economista-chefe do Instituto de Diretores, disse que o congelamento do imposto corporativo não era algo que a organização havia solicitado.

"Não estava de forma alguma na lista", disse Ussher.

Ela afirmou que a recente convulsão política mais o aumento da inflação estavam pesando sobre os planos de investimento das empresas de médio porte, que compõem a maior parte dos membros do instituto.

A redução anunciada por Kwarteng da maior alíquota do imposto de renda, outra parte de seu plano, já havia sido revertida no início de outubro.

Novo ministro das Finanças

Para substituir Kwarteng, Truss nomeou Jeremy Hunt, um ex-secretário do exterior e da saúde que havia apoiado seu rival Rishi Sunak na corrida para se tornar líder do Partido Conservador. Ele é o quarto ministro das Finanças em quatro meses no Reino Unido, onde milhões de pessoas estão enfrentando uma crise do custo de vida.

"Isto marca a primeira vez em décadas, desde pelo menos os anos 1990, que os mercados financeiros forçaram o governo de uma grande economia desenvolvida com seu próprio banco central a capitular sobre as principais ambições fiscais", disseram analistas da Evercore.

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