Veja quem é Ben Bernanke, ex-chefe do Fed que venceu Nobel de Economia 2022

Economista era presidente do banco central dos EUA durante a crise financeira de 2008

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Virginie Montet Daniel Hoffmann
Washington | AFP

Ben Bernanke, ganhador do Prêmio Nobel de Economia na segunda-feira (10), ajudou a conduzir os Estados Unidos através da crise financeira de 2008 como chefe do Federal Reserve (Fed, o banco central).

Bernanke, 68, assumiu a presidência do Fed em fevereiro de 2006, pouco antes do colapso do mercado imobiliário americano que desencadeou uma crise global de enormes proporções.

Muitos analistas dizem que as medidas agressivas e pouco ortodoxas que ele adotou permitiram que o Fed fortalecesse o sistema financeiro e mantivesse o fluxo de crédito, evitando a repetição de uma calamidade como a Grande Depressão da década de 1930, época da qual Bernanke é estudioso.

Ben Bernanke, ex-presidente do Fed e ganhador do prêmio Nobel de Economia 2022 - Philippe Lopez - 2.jun.2015/AFP

No entanto, seus críticos argumentam que ele fez pouco para evitar a crise e pode ter ajudado a alimentar suas causas como governador do Fed de 2002 a 2005, então sob a presidência de Alan Greenspan; e depois à frente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente George W. Bush (2001-2009).

O júri do Nobel concedeu o prêmio a ele junto com os também economistas americanos Douglas Diamond e Philip Dybvig, por terem "melhorado significativamente nossa compreensão do papel dos bancos na economia, particularmente durante crises financeiras, e de como regulamentar os mercados financeiros".

Bernanke foi conhecido por sua análise da "pior crise econômica da história moderna": a Grande Depressão da década de 1930. Ele publicou um livro de ensaios sobre o assunto e foi coautor de outro sobre a crise financeira de 2008.

Ele é hoje membro do grupo de pensadores da Brookings Institution e consultor sênior das empresas de gestão de ativos Pimco e Citadel, nomeações que levantaram preocupações sobre a "porta giratória" entre Washington e Wall Street.

"Liderança criativa"

Em reconhecimento por suas ações durante a crise financeira global, ele foi nomeado "Pessoa do Ano" pela revista Time em 2009, que o chamou de "a figura mais importante orientando a economia mais importante do mundo".

"Sua liderança criativa ajudou a fazer de 2009 um período de recuperação fraca, em vez de uma depressão catastrófica", escreveu Michael Grunwald, redator da Time.

O sucessor do republicano Bush, o democrata Barack Obama, manteve Bernanke no comando do banco central, cargo que ocupou até 2014.

Bernanke sempre enfatizou a importância da transparência nas comunicações da entidade monetária, afastando-se das declarações bombásticas de Greenspan. E, ao contrário de seu antecessor, ele sempre falava com a imprensa.

Joseph Brusuelas, diretor da Moody's Analytics, disse uma vez que a resposta pouco ortodoxa do Fed à crise financeira global foi "sem precedentes", pois reduziu sua taxa de referência para zero e "inundou o sistema financeiro com liquidez".

As ações do Fed, acrescentou, "reconstruíram lentamente a confiança no sistema bancário".

Jeffrey Sachs, economista da Universidade Columbia, disse em setembro de 2008, por ocasião do colapso do Lehman Brothers, que "uma depressão parecia possível", mas que a ação dos bancos centrais "impediu que os mercados financeiros entrassem em colapso".

Lehman, "grande erro"

Outros criticam Bernanke por não prever a gravidade da situação: em 2007, quando surgiram os primeiros sinais da crise das hipotecas de alto risco, ele garantiu ao Congresso que as consequências seriam limitadas.

Outros o acusam de não ter agido com rapidez suficiente para baixar as taxas de juros assim que a magnitude da crise ficou clara, já que o Fed adotou uma postura de corte lento das taxas, antes da redução emergencial de janeiro de 2008.

Entre os críticos de Bernanke, o falecido economista Allan Meltzer, da Universidade Carnegie Mellon, disse que o colapso do Lehman representou um erro de proporções históricas.

"Permitir a quebra do Lehman sem aviso prévio é um dos grandes erros da história do Federal Reserve", escreveu ele em um ensaio no The Wall Street Journal.

Filho de um farmacêutico e uma professora, Bernanke nasceu em 13 de dezembro de 1953 em um lar judeu em Augusta, cidade fortemente cristã da Geórgia, embora tenha passado a infância em Dillon, cidade agrícola de 7.500 habitantes na Carolina do Sul.

Foi um estudante estelar, alcançando nota quase perfeita no vestibular. Estudou economia em Harvard, graduando-se com honras em 1975. Em seguida, obteve um doutorado em economia pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

Trabalhou em Princeton por 17 anos antes de ingressar no conselho do Federal Reserve em 2002.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves.

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