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Dólar cai a R$ 5,20 após EUA indicarem aumento menor dos juros

Banco central americano avalia subir taxa em 0,5 ponto; últimas quatro altas foram de 0,75

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São Paulo

As taxas de câmbio e os juros futuros no Brasil caíram e a Bolsa de Valores registrou fortes ganhos nesta quarta-feira (30), com investidores considerando a possibilidade de desaceleração no aumento das taxas de juros nos Estados Unidos já em dezembro.

A chance de diminuição no ritmo do aperto monetário, que está em curso desde o início do ano no país para frear uma alta histórica da inflação, alivia temores de que a escassez de crédito provocará uma recessão mundial em 2023.

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizou nesta quarta que a autoridade monetária do país poderá aumentar a sua taxa de juros de referência em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de dois dias, que será concluída em 14 de dezembro.

"O momento de moderar o ritmo de aumento das taxas pode chegar logo na reunião de dezembro", disse Powell.

Se confirmada, essa elevação da taxa colocará fim a uma série sem precedentes de quatro aumentos de 0,75 ponto. Ao todo, foram seis altas neste ano. A taxa está hoje em patamar entre 3,75% e 4% ao ano.

A sinalização levou o dólar comercial à vista fechar o pregão em queda de 1,70%, a R$ 5,20, na venda. O índice Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, subiu 1,42%, aos 112.486 pontos.

Nota de cem dólares
Nota de cem dólares - Sam Mircovich/Reuters

No mercado de juros futuros, a taxa DI (depósitos interbancários) para 2024 cedeu a 13,91% ao ano, depois de ter fechado na véspera em 13,96%.

No mercado de ações de Nova York, os principais índices também subiram. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq saltaram 2,18%, 3,09% e 4,41%.

Quando há sinais de que os juros nos EUA podem subir menos, os títulos do Tesouro americano perdem atratividade. É nesse contexto que investidores decidem levar seus dólares para outros ativos, como os mercados de ações e as commodities, e até mesmo para a renda fixa de países que pagam juros mais altos. É o caso do Brasil. Isso aumenta a oferta da moeda estrangeira e, por isso, o dólar cai e ações sobem.

"O dia foi marcado pelo discurso de Powell", afirmou Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

"Apesar de o presidente do Fed também ter enfatizado que o patamar final dos juros básicos na maior economia do mundo pode ser mais alto do que inicialmente esperado, investidores engataram a marcha do otimismo", disse a economista.

Aumentar o custo do crédito, como o Fed vinha fazendo, é uma forma de tirar dinheiro de circulação para esfriar a demanda e, assim, combater a inflação. No entanto, a alta dos juros também gera impactos negativos sobre investimentos e mercado de trabalho.

Por isso, o forte aperto monetário promovido pelos EUA acendeu o alerta entre economistas e investidores para um cenário negativo na maior economia do mundo —o que impacta os mercados globalmente.

Em meados de novembro, porém, a divulgação de um índice de inflação abaixo do esperado criou expectativas de que o Fed pudesse diminuir o ritmo da alta dos juros, dando mais fôlego à economia —previsão reforçada pela fala de Powell nesta quarta.

Commodities são beneficiadas por sinalização chinesa de que pode flexibilizar política de Covid zero

A fala do presidente do Fed não foi o único fator externo a beneficiar os indicadores do mercado financeiro brasileiro.

Ações de exportadoras de matérias-primas impulsionam desde a terça ganhos na Bolsa de Valores, assim como empurram para baixo a cotação do dólar.

Os papéis mais negociados da Petrobras dispararam 5,04%, refletindo também a alta de 2,40% no barril do petróleo Brent, cotado em US$ 85,43 (R$ 452,22) no início da noite. A Vale, cujo volume negociado foi o maior do Ibovespa, avançou 1,50%.

"O dólar segue em queda também devido à melhora das empresas de commodities, em especial Petrobras e Vale, que puxam o índice por conta da alta do petróleo e da manutenção do preço do minério de ferro, somado ao pacote de estímulos na China", comentou Idean Alves, chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

O segmento foi beneficiado por sinalizações do governo chinês de que poderá flexibilizar sua política de Covid zero e pela possibilidade de manutenção de estímulos à economia no país.

Esse cenário favorece empresas brasileiras do ramo de materiais metálicos e de petróleo, entre outros, já que o país asiático é o maior consumidor mundial desses produtos.

Além de esperaram o afrouxamento das regras para controle da Covid, investidores também têm expectativas de que o presidente chinês Xi Jinping criará mais estímulos a setores importantes para a economia, como o imobiliário.

Protestos contra as restrições impostas por Pequim estão tomando as ruas em diversas cidades na China. As manifestações começaram no fim de semana, depois que um incêndio em Urumqi, capital da região de Xinjiang, matou dez pessoas. Segundo manifestantes, o corpo de bombeiros demorou para agir por conta das restrições.

Os mesmo motivos que trouxeram otimismo às exportações brasileiras geraram uma corrida por ações do mercado chinês.

Nesta quarta, o índice da Bolsa de Hong Kong subiu 2,16%, depois de ter disparado 5,54% na véspera.

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