Bloqueios podem fazer faltar flores no dia de Finados

Fabricantes e produtores de flores estão aflitos com falta de produtos em uma das datas mais importantes do setor

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São Paulo

O bloqueio de estradas e rodovias no país, promovido desde a segunda-feira (31) por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas últimas eleições, vai provocar a falta de flores no dia de Finados, nesta quarta-feira (2).

O alerta partiu do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), que conta com 857 associados em 16 estados do país, incluindo as principais cooperativas e associações de produtores floriculturas de algumas regiões, e do Mercadão das Flores, o maior mercado permanente de flores da capital paulista.

Procuradas pela Folha, as instituições revelam preocupação dos produtores e varejistas de flores com o abastecimento dos produtos para este feriado de Finados. De acordo com o Mercadão, esta é a segunda data mais importante para o setor, só atrás do Dia das Mães. O Ibraflor, porém, afirma que é a quarta principal data –atrás de Dia das Mães, dos Namorados e Internacional da Mulher.

Homem carrega flores na Ceagesp, em São Paulo, na manhã seguinte ao primeiro dia de protestos e bloqueios golpistas pelo país - Rivaldo Gomes/Folhapress

"Existem regiões, como o Sul, que já estão afetadas", disse à Folha a secretária executiva do Ibraflor, Adriana Rosa. O instituto representa cerca de 5.000 floricultores em todo o país.

Já o diretor do Ibraflor, Roberto Opitz, disse que o impacto só não for maior porque parte do setor, já profissionalizado, antecipou as compras para não enfrentar preços mais altos, de última hora. "Vasos de crisântemos e kalanchoe, os mais consumidos nesta data, costumam durar entre quatro e seis semanas", afirmou.

No entanto, de acordo com Opitz, muitos varejistas estão em dúvida se compram mais flores, porque não sabem se os produtos vão chegar a tempo. "Há uma expectativa de maior movimentação neste Finados, pelo fato de o feriado cair no meio da semana e também por não haver restrições de visitas aos cemitérios, como houve nos últimos dois anos, por conta da pandemia."

O setor como um todo faturou cerca de R$ 11 bilhões em 2021, incluindo segmentos como floriculturas, decoração, paisagismo e autosserviço (supermercados), segundo o Ibraflor.

As manifestações antidemocráticas nas estradas também afligem varejistas da capital paulista, o maior mercado nacional.

"A maioria dos lojistas, que ocupam 320 espaços no Mercadão, estão prejudicados", diz Marcella Zanoti, responsável pela área de marketing do Mercadão das Flores. "Já começou a faltar flor e haverá um impacto financeiro que ainda não sabemos quantificar."

De acordo com Marcella, os lojistas fornecedores estão no interior de São Paulo e em outras regiões do país, e não conseguem chegar até a capital por conta das manifestações.

flores amarelas, vermelhas e azuis, em caixotes no chão
Mercadão das Flores, na zona oeste de São Paulo - Divulgação

"Somos o principal ponto de escoamento de flores de São Paulo, recebidas diariamente, e atendemos tanto os consumidores como as floriculturas", diz ela. "Amanhã é um dos dias mais importantes para o segmento e tivemos impacto direto no abastecimento de mercadorias."

O Mercadão das Flores na capital fica ao lado da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. Nesta terça (1º), a Ceagesp informou que havia grande expectativa com a Feira de Flores desta segunda (31) para terça-feira, devido ao Dia de Finados.

"Mas muitos caminhões não conseguiram chegar com os produtos por conta dos bloqueios nas rodovias", disse o chefe da seção de economia da Ceagesp, Thiago de Oliveira, em comunicado.

Devido às manifestações de golpistas nas estradas, promovidas por apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro, a Ceagesp informou que houve queda de 17% na quantidade de veículos que entram cotidianamente no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP).

Por conta disso, a entrada de caminhões no ETSP para carga e descarga ficará liberada por 24 horas . A medida é excepcional, uma vez que, normalmente, o horário limite é às 18 horas.

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