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Bolsa e dólar ficam estáveis com expectativa de normalidade no Brasil

Juros nos EUA pressionam câmbio, mas melhora no cenário interno acalma mercado

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São Paulo

Expectativas positivas diante de certa normalidade quanto à transição de governo no Brasil colaboraram nesta quinta-feira (3) para a estabilização do mercado, que chegou a abrir o dia no negativo, refletindo o cenário no exterior.

O dólar comercial à vista fechou com ligeira alta de 0,23%, cotado a R$ 5,1240, apesar da forte valorização da moeda americana no mundo após novo aumento da taxa de juros americana nesta quarta (2), quando foi feriado no Brasil.

O Ibovespa, índice parâmetro da Bolsa de Valores brasileira, sofreu uma pequena queda de 0,03%, recuando aos 116.896 pontos.

Investidores também negociaram atentos à situação das rodovias brasileiras depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu na véspera que os protestos golpistas de seus apoiadores não bloqueiem a circulação nas estradas.

Além disso, o mercado acompanhou os primeiros passos da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acertou nesta quinta a apresentação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para autorizar despesas acima do teto de gastos, incluindo a continuidade do benefício mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil.

Notas de cinquenta reais e de cem dólares
Notas de cinquenta reais e de cem dólares - Ernesto Benavides - 3.out.2022/AFP

No mercado americano de ações, os principais indicadores aprofundaram as quedas da véspera. O S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, fechou em baixa de 1,06%.

Na quarta-feira (2), o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou a sua taxa de juros pela sexta vez em 2022, sendo que este é o quarto aumento seguido de 0,75 ponto percentual. Agora, a taxa de juros dos Estados Unidos avança para um patamar entre 3,75% e 4% ao ano.

Jerome Powell, presidente do Fed, disse em entrevista à imprensa que "será apropriado reduzir o ritmo do aumento [dos juros]" em breve, mas destacou que o mercado de trabalho aquecido e, principalmente, a persistente alta da inflação obriga a autoridade a "manter a política restritiva [juros elevados] por algum tempo", comentou.

"O principal evento foi a sinalização do Fed sobre a taxa de juros dos Estados Unidos continuará subindo e a expectativa é que ultrapassa os níveis anteriormente previstos e que esses juros permanecerão altos até que a inflação comece a dar sinais de arrefecimento", comentou Rodrigo Jolig, diretor de investimentos da Alphatree Capital.

"O Fed está muito comprometido com a meta de inflação e isso gerou um sentimento bem negativo para ativos de risco no mundo."

Na quarta, investidores já tinham reagido mal às declarações de Powell e o mercado de ações dos Estados Unidos fechou o dia em forte queda.

O indicador parâmetro S&P 500 caiu 2,5%. No segmento focado em empresas de tecnologia e mais dependentes do crédito barato para crescer, representado pelo índice Nasdaq, o tombo foi de 3,36%. Houve ainda queda de 1,55% do Dow Jones.

O ritmo de aceleração dos juros é o mais rápido no país em mais de quatro décadas e, além disso, antes de junho deste ano, a última vez que a taxa tinha subido em 0,75 ponto foi em 1994.

Essa sequência de aumentos, considerada muito agressiva para o padrão americano, acontece devido à necessidade de frear a maior inflação no país em mais de 40 anos.

O índice de preços ao consumidor americano acumula alta de 8,2% em 12 meses até setembro, depois de ter subido 8,3% em agosto e ter atingido um pico de 9,1% em junho, que foi o maior avanço do custo de vida desde novembro de 1981. São patamares muito superiores à meta de 2% para a inflação anual do país para 2022.

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