Descrição de chapéu Financial Times mercado de trabalho

Unilever amplia teste de semana de 4 dias de trabalho na Austrália

A medida segue um esquema piloto bem-sucedido da Nova Zelândia e pode ser ampliada para outros países

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Judith Evans
Londres | Financial Times

A Unilever vai estender seu teste de semana de trabalho de apenas quatro dias para 500 funcionários na Austrália, após um piloto bem-sucedido durante 18 meses na Nova Zelândia, tornando-se a maior empresa a oferecer um voto de confiança no cronograma mais curto.

Placid Jover, diretor de talentos da empresa britânica que fabrica o sabonete Dove e a maionese Hellmann's, disse que a decisão se deve aos resultados positivos do trabalho em quatro dias por semana, em vez de cinco, com pagamento total, para cerca de 80 funcionários na Nova Zelândia.

"Tivemos um forte desempenho nos negócios, alto envolvimento, as pessoas se sentem mais felizes e o tempo gasto em reuniões também diminuiu", disse Jover.

Dependendo dos resultados na Austrália, a Unilever considerará lançar a semana de quatro dias para mais de seus 148 mil funcionários em todo o mundo - Dado Ruvic/Reuters

"Quando examinamos o mundo do trabalho, pensamos que as empresas que dominarem a arte de oferecer flexibilidade se tornarão empregadores mais atraentes, com forças de trabalho mais engajadas."

Mais da metade dos 900 trabalhadores australianos da Unilever começarão a trabalhar só quatro dias por semana a partir de 14 de novembro. Eles não incluirão trabalhadores em turnos nas três fábricas da companhia no país. A equipe na Nova Zelândia, onde a Unilever não possui fábricas, continuará trabalhando quatro dias.

A extensão do teste da Unilever representa um reforço para a campanha global para cronogramas de quatro dias em vez de cinco, sob o argumento de que a semana mais curta faz a equipe se sentir mais feliz, saudável e produtiva.

"A Unilever [está] mostrando ao mundo que uma semana de quatro dias sem perda de pagamento é um cenário vantajoso para trabalhadores e empregadores", disse Joe Ryle, diretor da campanha 4 Day Week no Reino Unido. Ryle disse que a campanha notou um "enorme aumento de interesse" das empresas desde o início da pandemia de Covid-19.

Segundo a Unilever, o absenteísmo caiu em um terço durante seu teste na Nova Zelândia, que foi monitorado pela Escola de Administração UTS da Austrália. Os funcionários relataram reduções acentuadas no estresse e no conflito entre vida profissional e pessoal.

A Unilever pede aos funcionários que participam dos testes que continuem entregando "100% para a empresa", mas não espera que eles trabalhem mais horas. Os funcionários podem escolher qual dia ou horário de folga terão durante a semana.

Parte da economia de tempo veio da redução das reuniões. O tempo de reunião foi reduzido em média 3 horas a 3,5 horas por pessoa por semana durante o teste na Nova Zelândia, disse Jover. A equipe também enviou menos e-mails.

Jover disse que uma forte comunicação entre os gerentes de linha e a equipe provou ser vital para o sucesso do teste. "A mudança não acontece da noite para o dia. Exige tempo e adaptação", disse.

Dependendo dos resultados na Austrália, a Unilever vai considerar a adoção da semana de quatro dias para mais de seus 148 mil funcionários em todo o mundo.

O teste dos quatro dias prosseguirá em conjunto com a política global de trabalho híbrido da Unilever, para que os funcionários possam trabalhar dois de seus quatro dias em casa.

A campanha pela semana de quatro dias ganhou força, com testes em grande escala observados por pesquisadores nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. Mas enfrenta desafios, como o de permitir que os funcionários realmente se desliguem do trabalho em seu dia de folga.

Outra questão é a possibilidades de sistemas em dois níveis, no qual certas categorias de funcionários ainda têm de trabalhar cinco dias. Jover disse que a Unilever vai monitorar as relações entre as equipes de escritório em semanas mais curtas e as equipes de fábricas com horários inalterados.

Grupos como a Microsoft testaram a semana mais curta, mas o Wellcome Trust do Reino Unido em 2019 cancelou os planos de um piloto, dizendo que se mostrou "muito complexo operacionalmente". Dezenas de empresas menores do Reino Unido, em setores como tecnologia, advocacia e grupos sem fins lucrativos, adotaram a semana de quatro dias permanentemente.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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