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Fundos hedge aumentam apostas contra mineradores de bitcoin

Quedas no preço do token e aumento do custo da energia levam administradoras a deixar atores importantes a descoberto

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Laurence Fletcher
Londres | Financial Times

Os fundos de hedge têm aumentado suas posições a descoberto contra ações de mineradores de criptomoedas, apostando que mais deles chegarão ao limite financeiro após o colapso da exchange FTX.

Com o preço do bitcoin caindo quase dois terços este ano e o custo da energia de que os mineradores precisam para seus computadores de consumo intensivo subindo acentuadamente, os fundos de hedge estão apostando que os modelos de negócios de algumas empresas ainda estão longe de viáveis.

Investidores baixistas apostam que a implosão do FTX de Sam Bankman-Fried aprofundará ainda mais o mal-estar de um canto do mercado de criptomoedas que se expandiu rapidamente no ano passado, muitas vezes com dinheiro emprestado, na esperança de lucrar com os altos preços de tokens como bitcoin.

Criptomoedas - Dado Ruvic/Reuters

Os mineradores, que usam uma rede de computadores poderosos para resolver cálculos criptográficos em troca de novos tokens, enfrentam a necessidade constante de atualizar sua tecnologia e também são altamente dependentes do preço das criptomoedas que vendem.

"Como a criptomoeda está sendo negociada muito abaixo de onde estava antes, e elas [os mineradores] têm muitas despesas, não está claro se conseguirão obter uma margem consistente", disse Chris Crawford, diretor de investimentos da Crawford Fund Management em Boston, que administra um fundo de hedge para a Eric Sturdza Investments e está vendendo a descoberto alguns mineradores de criptomoedas, ou seja, apostando que os preços cairão no futuro.

A participação a descoberto no grupo americano Marathon Digital, um dos maiores mineradores listados nos Estados Unidos, aumentou muito novamente no mês passado para mais de 36% das ações em circulação nas semanas após o colapso da FTX, segundo dados da Nasdaq.

No ano passado, a Marathon pagou a seu ex-executivo-chefe Merrick Okamoto quase US$ 220 milhões (R$ 1,16 bilhão) em ações. Isso foi motivado pela concessão de ações a ele com base na capitalização de mercado da empresa, que é fortemente influenciada pelo preço do bitcoin. E em outubro deste ano pagou a Okamoto US$ 24 milhões (R$ 126,7 milhões) para encerrar uma disputa sobre concessões de ações anteriores.

A empresa tem sido repetidamente deficitária. Este ano, ficou muito aquém de suas próprias metas de produção estabelecidas no ano passado, de minerar de 55 a 60 bitcoins por dia, e previsões de geração de lucros de mineração entre US$ 86,5 milhões e US$ 103,6 milhões (R$ 547 milhões) por mês.

Os investidores já haviam aumentado suas apostas na Marathon no ano passado e foram recompensados com a desvalorização de 86% das ações da empresa.

Os fundos também mais que dobraram suas apostas contra a Stronghold Digital Mining –cujas ações já caíram 96% este ano– para quase 10% das ações desde o início do ano.

A participação a descoberto na Greenidge Generation aumentou de menos de 1% para 4,7%, enquanto a Hut 8 Mining e a Riot Blockchain, a maior operadora listada nos EUA, também atraíram mais atenção dos vendedores a descoberto este ano.

Já duramente atingidos pelo mercado baixista de ativos de risco este ano, os preços das criptomoedas caíram ainda mais no mês passado após a dramática falência da FTX, que já foi avaliada em US$ 32 bilhões e cujo ex-executivo-chefe, Sam Bankman-Fried, foi preso nas Bahamas esta semana depois que promotores do governo dos EUA apresentaram acusações criminais.

"A lucratividade dos mineradores é uma discussão que surge toda vez que o bitcoin está em baixa –e então percebida como um problema para todas as criptomoedas", disse Anders Kvamme Jensen, cogerente do fundo AKJ Digital Assets.

"A mineração de bitcoin perde todo o objetivo por trás dos ativos digitais: afinal, o objetivo é desacoplar do mundo tradicional e de todos os seus players, e não retroceder acampando com rede elétrica", acrescentou.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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