Instituto de investidores pede arbitragem de R$ 500 milhões contra Americanas

Entidade alega que valor das ações estava sobrevalorizado por estratégia contábil da companhia

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Rio de Janeiro

O Instituto Iberoamericano da Empresa ingressou nesta quinta-feira (19) com pedido de arbitragem contra a Americanas e o fundo 3G Capital na B3. A entidade, que reúne investidores do mercado de capitais, estima inicialmente o valor da indenização em R$ 500 milhões.

O instituto se junta a outras entidades que já iniciaram ou planejam reunir esforços para buscar indenizações pela perda com investimentos feitos na companhia, que pediu recuperação judicial nesta quinta à Justiça.

Em seu requerimento de arbitragem, o Instituto Iberoamericano alega que as ações da Americanas estavam sobreavaliadas artificialmente, já que investidores não conheciam a estratégia contábil que levou a empresa à crise atual.

Loja Americanas da rua Direita no centro de São Paulo - Bruno Santos/ Folhapress

Outro pedido é para que haja a condenação da companhia e de seus acionistas de referência "pelos prejuízos advindos das 'inconsistências contábeis' que perduraram por anos na companhia e induziram investidores a erro e a engano na tomada de decisão de investimento".

"Se os números não condizem com a realidade, todo o processo decisório está contaminado", argumenta. "Assim, a aquisição do papel a determinado preço, em qualquer época do passado, foi realizada com sobrevalorização falsa e artificial."

A arbitragem é definida pelo estatuto da companhia como procedimento padrão para resolução de conflitos. Nesse processo, as partes elegem especialistas para negociar uma solução consensual para o problema.

O grupo 3G Capital, maior acionista da companhia, foi incluído no processo sob o argumento de que a estratégia contábil que levou à crise "não poderia ter sido operada, por tantos anos, sem o conhecimento e a conivência dos principais acionistas".

Em representação à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Instituto Iberoamericano da Empresa pede também a destituição e o bloqueio dos bens dos diretores que venderam ações da companhia em 2022.

"É razoável estimar que os Membros da Diretoria das Americanas S.A tinham consciência do que a Companhia viria a denominar como 'inconsistências contábeis'. Neste contexto, de posse destas informações absolutamente privilegiadas, decidiram transacionar suas posições com evidente vantagem."

A CVM tem sete processos abertos para investigar a crise da Americanas, nos quais avalia o cumprimento de regras para a divulgação de fatos relevantes e informações financeiras e possível manipulação do mercado.

A empresa é alvo ainda de uma ação civil pública movida pelo Instituto Brasileiro da Cidadania. E pode ser alvo de ação coletiva nos Estados Unidos, nos moldes da que rendeu à Petrobras multa de US$ 2,95 bilhões (R$ 10 bilhões ao câmbio da época) por perdas após a operação Lava Jato.

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