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Governo que entra...
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou neste domingo (1º), logo após sua posse, as primeiras medidas na área econômica.
Uma MP (medida provisória) prorroga a desoneração de combustíveis no país, medida criada por Jair Bolsonaro (PL) que tinha como prazo 31 de dezembro de 2022.
- Sem a MP, o aumento poderia ser de R$ 0,69 por litro na gasolina e R$ 0,33 por litro no diesel. A validade será de 60 dias, disse Jean Paul Prates, escolhido para a chefia da Petrobras.
- Ele também falou que para o diesel e o gás de cozinha está sendo estudada uma continuidade maior da desoneração.
Outra medida ordena a retirada das estatais do programa de privatizações, o que atinge principalmente os Correios e a Petrobras, que estavam em processo para de privatização.
- Lula também manteve o pagamento de um piso de R$ 600 mensais para famílias vulneráveis. A medida anteriormente vigente previa esse valor até 31 de dezembro.
Discurso: na posse, o mandatário pregou a recomposição de verbas do Orçamento, disse que o governo vai retomar obras paradas e falou em uma nova legislação trabalhista. A fala também contou com críticas ao teto de gastos.
- O discurso foi recebido com ressalvas por analistas do mercado financeiro, que se preocupam com a expectativa de um governo muito interventor na economia.
Nomeações: a indicação do senador Jean Paul Prates (PT) para a presidência da Petrobras, anunciada na sexta (30), foi bem recebida por entidades do setor de petróleo e gás. Sua defesa de uma mudança na atual política de preços da companhia, porém, preocupa.
- Com longo histórico de atuação no setor, colaborou, por exemplo, com a lei que pôs fim ao monopólio da Petrobras, projeto que teve oposição do PT. Hoje, é crítico do processo de venda de ativos da estatal.
- Ainda na sexta, foram anunciados os nomes de Tarciana Medeiros para a presidência do Banco do Brasil e de Rita Serrano para o comando da Caixa.
...Governo que sai
No penúltimo dia do mandato, o governo Bolsonaro editou um decreto para cortar tributos pagos por grandes empresas, com impacto de R$ 5,8 bilhões nas receitas do primeiro ano da nova gestão de Lula.
Entenda: o decreto reduz à metade as alíquotas de Pis e Cofins sobre as receitas financeiras de empresas que adotam o regime não cumulativo para recolher as contribuições. Em geral, apenas grandes empresas optam por essa modalidade.
- Ainda que o governo Lula decida revogar o decreto, o cofre do governo deve sentir algum impacto. Isso porque um aumento nas alíquotas de Pis e Cofins só produz efeito 90 dias após a publicação do ato.
- O benefício já está previsto no Orçamento de 2023, mas a reversão de desonerações é uma das opções da nova equipe econômica para amenizar o déficit estimado em mais de R$ 200 bilhões.
Balanço: quatro anos após assumir o cargo sob a promessa de um choque liberal na economia, o ex-ministro Paulo Guedes encerrou sua gestão carregando um misto de objetivos atingidos e de planos frustrados que nunca saíram do papel.
- Seus críticos ressaltam as mudanças no teto de gastos para liberar mais despesas e as expectativas frustradas de reformas, mas os apoiadores realçam a melhora de indicadores, como crescimento do PIB e o superávit primário em 2022 —o primeiro em nove anos.
- Veja aqui um balanço da gestão do ministro que reuniu cinco pastas econômicas sob seu guarda-chuva.
O ano de 2022 nos investimentos
Em um ano marcado por juros altos e uma inflação ainda persistente aqui e lá fora, os fundos multimercado entregaram o melhor retorno de 2022 entre os principais investimentos disponíveis aos brasileiros.
Em números: o rendimento anual médio foi de 13,34%, segundo o IHFA, que é o índice de hedge funds da Anbima.
- Na sequência do ranking, feito pela plataforma TradeMap à Folha, vêm as empresas que compõem o índice de dividendos da Bolsa, com retorno de 12,7% no ano. Em terceiro, aparece o rendimento do CDI, com 12,28%.
- Na ponta de baixo, o bitcoin, que havia liderado o ranking nos dois anos anteriores, foi disparado o investimento com pior retorno em 2022, com queda de 66,8%.
- Acompanham o bitcoin no top 3 negativo os BDRs, recibos de ações negociadas no exterior, com -28%, e as small caps, ações brasileiras com potencial de crescimento, com -15,1%.
O que explica: os fundos multimercados são veículos que buscam proteger o investidor ao permitir que um gestor invista nos mais variados segmentos do mercado.
- No caso dos investimentos que deram mais prejuízo no ano, a culpa é dos juros altos aqui e nos EUA, que tiram a atratividade de ativos considerados mais arriscados.
Na Bolsa brasileira, as empresas do ramo de produção, exploração e distribuição de petróleo e gás, commodities que encareceram com a guerra, aparecem entre as que tiveram melhor desempenho.
- A que mais se valorizou, com alta de 269% no ano, foi a Dommo Energia, a antiga OGX de Eike Batista.
- Em um ano sem nenhum IPO e de alta de 4,7% do Ibovespa, os setores que mais sofreram foram os de educação, saúde e varejo. A ação que mais caiu foi Espaçolaser, com -83,5%.
Nos EUA, o mercado de ações teve o seu pior ano desde a crise do setor imobiliário americano de 2008, depois da euforia de 2021 e em reação ao rápido aperto de juros no país. Destaques para as baixas de Meta (-64%) e Tesla (-68%).
Opinião:
- Títulos atrelados à inflação e ações de empresas ligadas ao setor energético e que dependam pouco do governo parecem ser apostas seguras para 2023, escreve Marcos de Vasconcellos.
- Entenda, no blog de Grão em Grão, como alcançar a independência financeira.
Declínio de gigantes
Líderes do mercado global de publicidade, Meta (Facebook) e Alphabet (Google) já veem seu império ser ameaçado por outras big techs.
Em números: neste ano, as duas companhias devem concentrar 48,4% das publicidades digitais nos EUA, na quinta queda consecutiva do duopólio desde o pico de 2017, quando somava 54,7% do mercado.
- Em todo o mundo, a participação da Meta e da Alphabet caiu 1 ponto percentual, para 49,5% em 2022, em um mercado que movimenta cerca de US$ 300 bilhões ao ano.
O que explica: apesar da queda em 2022 e a prevista para 2023 ter relação com as anunciantes reduzindo gastos, as duas companhias são cada vez mais ameaçadas por novatas nesse segmento.
- O caso da Meta chama mais atenção, porque a companhia diz ter perdido mais de US$ 10 bilhões em receitas desde que a Apple atualizou suas políticas de privacidade, no ano passado. As novas regras dificultaram o rastreamento de usuários e a publicidade direcionada.
As principais ameaças: A Amazon e a Apple querem aproveitar seus extensos dados sobre perfil de consumo dos clientes para atrair os anunciantes.
- Apesar de ter participação ainda pequena nas publicidades digitais, o crescimento ano a ano impressiona. A varejista saiu de menos de US$ 1 bilhão em 2015 para cerca de US$ 38 bilhões este ano.
- A Apple viu suas receitas publicitárias cresceram de US$ 2,2 bilhões em 2018 para mais de US$ 7 bilhões este ano. Algumas estimativas sugerem que pode atingir US$ 30 bilhões até 2026.
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