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PIB da China cresce 3% em 2022, um dos piores resultados em quase 50 anos

Excluindo 2020, primeiro ano da Covid, crescimento foi o mais baixo desde 1976

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Kevin Yao Joe Cash Ellen Zhang
Pequim | Reuters

A economia da China cresceu 3% em 2022, um de seus piores níveis em quase meio século, mostram dados divulgados nesta terça (17). O resultado, consequência das rigorosas restrições contra a Covid, aumenta a pressão sobre as autoridades para adotar mais estímulos este ano.

O percentual ficou abaixo do alvo de Pequim para o período, de 5,5% —que já era um dos menores em décadas. Excluindo o crescimento de 2,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, quando o país sofreu o baque inicial da pandemia, o resultado de 2022 foi o mais fraco observado desde 1976 —o último ano da Revolução Cultural de uma década que arruinou a economia.

Com o afrouxamento abrupto das restrições sanitárias e a reabertura do país neste ano, espera-se que a economia se recupere, mas os dados indicam o desafio à frente do presidente Xi Jinping.

Os principais temores de economistas residem em novas ondas de Covid, a crise do setor imobiliário, que derrubou preços de imóveis, uma queda nas exportações e o primeiro declínio populacional em 60 anos.

Na comparação trimestral, o PIB da China ficou estagnado no quarto trimestre em comparação com o terceiro, e cresceu 2,9% em relação a igual período do ano passado —acima da expectativa de analistas, de alta de 1,6%. As vendas no varejo também superaram as projeções, mas os analistas observaram que o impulso econômico geral da China segue fraco.

Prédios em construção em Pequim, na China - Tingshu Wang - 11.jan.2023/Reuters

A produção industrial cresceu 1,3% em dezembro em relação ao ano anterior, diminuindo de um aumento de 2,2% em novembro, enquanto as vendas no varejo caíram 1,8% no mês passado, após queda de 5,9% em novembro.

Se por um lado o afrouxamento das restrições contra a Covid deve impulsionar a economia, por outro também já levou a um forte aumento nos casos da doença, o que, segundo economistas, pode dificultar o crescimento a curto prazo.

Além disso, a crise do setor imobiliário e a demanda global fraca significam que a recuperação do crescimento dependerá muito dos consumidores.

"A economia chinesa está em um ponto de inflexão, com rupturas causadas pela política de Covid zero e sua abrupta reversão provavelmente dando lugar para a retomada de um crescimento ao menos moderado, pelos padrões chineses", diz Eswar Prasad, especialista em finanças chinesas da Universidade Cornell (EUA).

Para ele, a volta do crescimento depois desse período de dificuldades vai depender de quanto e qual tipo de estímulo o governo vai adotar.

"O ano de 2023 para a China será atribulado. Não apenas o país terá que enfrentar a ameaça de novas ondas de Covid-19, mas o agravamento da crise do mercado imobiliário residencial do país e a fraca demanda global por suas exportações serão freios significativos", diz Harry Murphy Cruise, economista da Moody's Analytics, em nota.

"Os dados de atividade em dezembro surpreenderam, mas continuam fracos, particularmente em segmentos do lado da demanda, como os gastos de varejo", disse Louise Loo, economista sênior da Oxford Economics, em nota.

"Os dados até agora sustentam nossa visão de que o impulso de reabertura da China será um pouco anêmico no início, com os gastos dos consumidores sendo um dos mais atrasados nos estágios iniciais", disse Loo.

Pesquisa da Reuters prevê que o crescimento irá se recuperar para 4,9% em 2023, contando com uma reação de autoridades chinesas aos principais entraves ao crescimento —a política de "Covid zero" e a retração do setor imobiliário. A maioria dos economistas espera que o crescimento retome a partir do segundo trimestre.

Uma forte recuperação na China poderia aliviar a esperada recessão global, mas também poderia causar mais dores de cabeça inflacionárias em todo o mundo justamente quando as autoridades estão começando a ter controle sobre os aumentos de preços.

"Em termos gerais, resultados positivos foram alcançados na coordenação efetiva da prevenção e controle da Covid-19 e no desenvolvimento econômico e social em 2022", afirmou Kang Yi, chefe do departamento de estatísticas nacionais chinês. No entanto, ele acrescentou que as bases da recuperação econômica não são sólidas, destacando um pano de fundo global "complicado" e pressões domésticas.

Além de abandonar as restrições contra a Covid, autoridades chinesas recentemente revelaram um plano de estímulos para empreiteiras, com o objetivo de apoiar um setor que vem sofrendo uma onda de calotes nos últimos 18 meses. Investimentos em imóveis caíram 10% em 2022.

Com Financial Times

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