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Mirek Dusek

Tempo de conter a maré de fragmentação

Fórum Econômico Mundial de 2023, que começa nesta segunda (16), busca formar parcerias para enfrentar os desafios do mundo

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Mirek Dusek

Diretor-geral do Fórum Econômico Mundial

Em um mundo marcado por desafios complexos, existe uma preocupante tendência com a fragmentação. Nos últimos anos, os níveis de colaboração global têm diminuído, e a pandemia da Covid-19 e a crise da Ucrânia aceleraram isso. De acordo com o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial 2023, 4 em cada 5 especialistas de uma rede internacional disseram esperar uma volatilidade persistente nos próximos dois anos.

Como podemos, então, conter essa fragmentação? Temos que começar a trabalhar –agora. Durante a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2023, mais de 2.500 líderes de governos, empresas e sociedade civil se reunirão para compartilhar ideias, delinear planos e formar parcerias para enfrentar os desafios do mundo. Neste ano, há uma clara necessidade de uma visão dupla. Primeiro, de responder às crises imediatas que atingem todos os cantos do globo. Ao mesmo tempo, de estabelecer as bases para criar um mundo mais sustentável e resiliente até o final da década.

Devemos encontrar soluções para enfrentar a sobreposição de crises globais de recursos em energia e alimentos, além de um panorama econômico fraco. Há uma necessidade urgente de encontrar maneiras de restabelecer o crescimento, o comércio e o investimento.

Turbinas de geração de energia eólica em Inchy-en-Artois, França - Pascal Rossignol - 1.nov.2021/Reuters

À medida que as crises convergem, o mesmo deve acontecer com as soluções. Devemos manter a dinâmica na transição energética, criar sistemas alimentares sustentáveis que respondam às necessidades crescentes de nossa população e garantir que os mais vulneráveis sejam protegidos. Para isso, os formuladores de políticas devem buscar a reforma necessária para fortalecer a resiliência econômica e a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que abordam as fraquezas sistêmicas evidenciadas pelas crises atuais.

Identificar inovações promissoras e escalonar as tecnologias emergentes é fundamental para esses esforços. Nos últimos anos, o avanço tecnológico foi a esperança de enfrentar os desafios do nosso mundo, mas sua adoção não acompanha o ritmo da demanda.

Do mesmo modo, a liderança sistêmica tem sido um conceito mais fácil de ser dito do que feito. Conectar os pontos entre indústrias e geografias é um desafio muitas vezes enfrentado sob intenso estresse. Mas esta complexidade requer uma ação imediata. Devemos adotar uma abordagem inclusiva para desenvolver soluções e criar espaços para que os líderes compartilhem as melhores práticas e aprendam uns com os outros através de um debate construtivo.

Uma forma é fazer uma mudança para criar empregos que apoiem uma economia socialmente inclusiva, como cuidadores e trabalhadores da área da saúde, assim como trabalhadores para economias mais verdes, como engenheiros ambientais. Ao mesmo tempo, deve haver um esforço global para requalificação das pessoas para aproveitar as novas oportunidades e atender à evolução da demanda do mercado.

Complementando esses esforços, devemos criar e fortalecer as parcerias público-privadas. Os governos buscam cada vez mais nas empresas conhecimentos e iniciativas que possam levar a grandes ideias e, assim, colocá-las em ação de forma rápida e inclusiva. Por exemplo, a First Movers Coalition, lançada em parceria com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em 2021, une empresas que trabalham em sete indústrias –alumínio, aviação, química, concreto, transporte marítimo, aço e caminhões– e trabalha para avançar e assegurar tecnologias de baixo carbono até 2030.

Responder a questões globais não é um jogo de tudo ou nada. Ao nos reunirmos, podemos navegar no ano complicado que se avizinha enquanto investimos em nosso futuro.

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