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Presidente da Netflix renuncia ao cargo

Gigante de streaming nomeia nova liderança e busca redefinir rumos após 'ano difícil' em 2022

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Anna Nicolaou
Nova York | Financial Times

O presidente-executivo da Netflix, Reed Hastings, anunciou nesta quinta-feira (19) que está renunciando ao cargo, como parte de uma reformulação no topo de um dos estúdios mais poderosos de Hollywood. Hastings estava na na companhia, que ele ajudou a fundar, há 25 anos,

O CEO, que lançou a Netflix em 1997 como um serviço de DVD por correio, escreveu em um blog que tem delegado cada vez mais a administração da empresa nos últimos anos. Agora é "o momento certo para completar a minha sucessão", afirmou.

Reed Hastings, presidente-executivo da Netflix, em conferência em Beverly Hills, California, nos EUA - David Swanson - 18.out.2021/Reuters

"Nosso conselho discute o planejamento de sucessão há muitos anos (até os fundadores precisam evoluir!)", escreveu Hastings. "Estou muito orgulhoso de nossos primeiros 25 anos e muito animado com nosso próximo quarto de século."

Para substituir Hastings, o diretor de operações Greg Peters foi promovido a copresidente-executivo e atuará com Ted Sarandos, responsável pela programação durante o período de investimento maciço da Netflix, e promovido em 2020 a copresidente ao lado de Hastings.

A mudança ocorre depois de a Netflix perder mais de um terço de seu valor de mercado, em 2022, ao revelar que sua fase de crescimento contínuo durante uma década havia chegado ao fim. Sarandos e Peters serão encarregados de recuperar o ímpeto e liderar a Netflix em uma era mais austera para a indústria de entretenimento.

Hastings permanecerá como conselheiro da companhia, seguindo os exemplos de Jeff Bezos, da Amazon, e Bill Gates, da Microsoft. O bilionário fundador disse que planeja "passar mais tempo em filantropia", mas "continuar muito focado no bom desempenho das ações da Netflix".

A mudança na Netflix ocorre quando a empresa informou ter adicionado 7,7 milhões de assinantes no quarto trimestre, bem acima das expectativas, graças à programação popular, como o "spin-off" da "Família Addams", "Wandinha", e a série documental "Harry & Meghan". A Netflix previu que ganhará 4,5 milhões de assinantes no trimestre.

A Netflix surpreendeu os investidores em abril passado, quando revelou que tinha perdido assinantes, desencadeando uma reavaliação punitiva pelo mercado de ações de toda a indústria de mídia dos EUA. Após a "correção Netflix", Wall Street tornou-se mais cética em relação ao mercado de streaming de vídeo, concentrando-se cada vez mais na lucratividade e forçando os grandes grupos de entretenimento a serem mais conscientes dos custos.

A Netflix encerrou 2022 com 231 milhões de assinantes pagos, adicionando apenas 8 milhões no ano, seu pior crescimento anual em uma década. Em carta aos investidores, a empresa disse que "2022 foi um ano difícil, com um começo acidentado, mas um final mais brilhante".

A receita no trimestre subiu para US$ 7,9 bilhões, alta de 2% em relação ao ano anterior. O lucro líquido caiu para US$ 55 milhões no trimestre, ante US$ 607 milhões no mesmo período do ano anterior.

As ações da Netflix se recuperaram um pouco das quedas do ano passado, ganhando 9% este ano. Mas sua avaliação de mercado de US$ 141 bilhões ainda é cerca da metade do pico atingido durante a pandemia.

À medida que o crescimento de assinantes desacelera, a Netflix deu dois passos significativos para fortalecer seus negócios: lançou uma versão mais barata de seu serviço de streaming, com anúncios, e tenta limitar o compartilhamento de senhas, prática que havia ignorado em grande parte quando o crescimento estava em alta.

A Netflix agiu rapidamente para criar um nível de publicidade em parceria com a Microsoft, lançando a plataforma em novembro por US$ 7 por mês. A empresa disse na quinta-feira (18) que está "satisfeita com os primeiros resultados".

Com essas duas novas fontes potenciais de receita, a Netflix parou de dar orientação aos investidores sobre o número de novos assinantes –uma mudança simbólica para uma empresa cujo preço das ações subiu durante anos com base no crescimento de assinantes.

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